Erro a manter
Vários estudaram áreas monetárias ótimas e o atual grupo de países que adotou o euro como moeda por nenhum seria assim qualificado: há demasiadas disparidades entre os países da união monetária europeia.
O euro foi desde o início um projeto político e não um passo necessário na integração económica da UE. Como todos os projetos políticos não alicerçados na realidade, com o tempo criou em vários países distorções com grandes custos. Até se tornar o atual erro ‘too big to fail'. Isto não evitou que Portugal tivesse evidentes ganhos com a adesão ao euro. Tempos de estabilidade cambial com os nossos maiores compradores, diminuição dos juros da dívida pública (também uma armadilha irresistível para os governos), descida das taxas de juro para empresas e famílias (outra armadilha), etc..
Se devemos continuar nesta união monetária é discutível.
Saindo, aproveitaríamos a inevitável desvalorização da nova moeda, tornando as exportações mais competitivas nos seus mercados (alguns em crise) e, assim, cresceríamos. O ajustamento pedido pelo empréstimo da ‘troika' seria provavelmente feito através da inflação. O ponto de destino é o mesmo (ou pior) mas a inflação é socialmente mais pacífica do que aumentos de impostos declarados, talvez por desconhecimento dos seus efeitos. E a paz social é um valor em si mesmo. Contudo os custos de uma saída unilateral de Portugal do euro não seriam menos que calamitosos.
Com a desvalorização da nova moeda haveria um empobrecimento abrupto (queda dos salários reais, do valor dos investimentos e por aí adiante) e o crescimento partiria daí, não da situação atual. As taxas de juros cobradas ao estado, às famílias e às empresas subiriam. As dívidas em euros de súbito cresceriam. O preço dos bens dispararia devido ao aumento do preço dos bens importados, onde se incluem matérias primas (um exemplo: o petróleo). Para nem referir as consequências nos bancos portugueses, cuja dimensão ninguém, honestamente, pode prever. Manter o euro é um caminho difícil; sair do euro é um caminho de desastre. Por prudência prefiro evitar desastres.
Empresária
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
19/04/13
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