ESTA SEMANA NO
"SOL"
Portugal criticado por abuso de força policial e violência contra mulheres
O Departamento de Estado norte-americano divulgou hoje um relatório
sobre direitos humanos que aponta a Portugal a existência de abuso de
força policial, prisões preventivas demasiado longas, violência contra
mulheres e crianças e más condições nos estabelecimentos prisionais.
O
relatório anual sobre direitos humanos, referente a 2012 e divulgado
hoje em Washington pelo secretário de Estado norte-americano John Kerry,
volta a apontar a Portugal praticamente os mesmos problemas do ano
anterior.
"Os principais problemas de direitos humanos [em
Portugal] incluem uso de força excessivo e abuso sobre detidos e
prisioneiros pela polícia e guardas prisionais, más condições e
insalubridade nas prisões", assim como o encarceramento de jovens
juntamente com adultos, de detidos preventivos com "criminosos
condenados", refere o relatório.
O documento analisa a situação
dos direitos humanos em quase 50 países, de todas as regiões do mundo,
especificando vários dados estatísticos referentes, por exemplo, à ação
das autoridades policiais, segurança, julgamentos, violência doméstica,
liberdade religiosa e de expressão, corrupção e direitos civis e
laborais.
Apesar do relatório se reportar a 2012, no caso de
Portugal alguns dados estatísticos remetem para 2011 e 2010, estando
desactualizados em certos pontos.
Citando dados da Direcção-Geral
dos Serviços Prisionais, o relatório indica que em 2012 as prisões
tinham 13.504 reclusos, o número mais alto dos últimos oito anos, com o
sistema prisional a funcionar a 112 por cento da capacidade. Apesar
de terem sido denunciados casos de abuso de força das autoridades
policiais, em particular nos cenários de manifestações civis ao longo de
2012, o relatório norte-americano reporta-se a dados de 2010, com a
Inspecção-Geral da Administração Interna a receber 649 queixas contra a
PSP e a GNR.
O documento alerta ainda para o sistema de prisões
preventivas, que continua a ter casos de demasiado longas detenções - a
média é de oito meses.
"A violência contra mulheres, incluindo
violência doméstica, continua a ser um problema", sublinham os Estados
Unidos, recorrendo a dados de 2011 da Associação Portuguesa de Apoio à
Vítima (APAV), que dão conta de 15.724 crimes reportados.
No entanto, dados da APAV de 2012 indicam um aumento para 16.970 crimes denunciados.
Ao
longo do documento é várias vezes citada a situação da comunidade
romena em Portugal, nomeadamente sobre casos de adultos que recorrem a
crianças para mendigar nas ruas e sobre a "discriminação social" que
ainda persiste.
Portugal também é criticado por "ainda não ter
aplicado efectivamente as leis" relativas ao trabalho forçado,
denunciando a existência de casos de mulheres, crianças e homens
ilegalmente recrutados, em particular prostituição infantil.
* Assim vai o país dos brandos costumes.
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