ESTA SEMANA NO
"SOL"
Empresa portuguesa mostrou
posse de Obama em 360º
O jornal norte-americano Washington Post fez uma fotografia panorâmica com um milhão de pixeis sobre a tomada de posse do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, usando uma solução tecnológica desenvolvida pela empresa portuguesa Digisfera.
Em declarações à Lusa,
Manuel Cabral, um dos sócios fundadores e engenheiro de redes, com 29
anos, que regressou da Holanda para trabalhar no projecto, explicou que
os espectadores com a solução tecnológica da empresa podem colocar
“tags” nas fotografias e partilharem nas redes sociais a sua presença
nos eventos.
Criada há dois anos, a Digisfera é o exemplo de uma
empresa tecnológica portuguesa de raiz familiar, em que o pai, António
Cabral, fotógrafo de profissão, se especializou em fotografia 360º, que
possibilita ter uma experiência interactiva multimédia ao permitir
visitar um espaço em realidade virtual, bem como em fotografia
panorâmica e de alta definição, que se instalou no Tagus Parque, em
Oeiras, próximo de Lisboa.
“O Washington Post contactou-nos para
utilizar o nosso sistema e fez uma fotografia de alta definição (em giga
pixel)", o qual permitiu ver a tomada de posse de Obama e as pessoas
que estiveram a assistir, disse à Lusa Manuel Cabral.
Ao utilizar
o sistema de aplicações da Digisfera, o diário norte-americano
permitiu, assim, que as pessoas pudessem ir ao seu sitio na Internet e
que conseguissem também referenciar na fotografia onde tinham estado.
"Elas passaram a poder partilhar com os amigos o evento onde estiveram", sublinhou.
Após
a especialização de António Cabral, o passo seguinte para que a empresa
de fotografia panorâmica fosse criada teve a ver com a necessidade de
"ser preciso alguém com conhecimentos na área da informática",
acrescentou, por sua vez, o sócio-gerente.
“O regresso do meu
filho que estava a trabalhar na Holanda, na Agência Espacial Europeia
(sigla em inglês ESA), foi a mola propulsora”, regozijou-se, destacando
que na altura queria fazer coisas que “ninguém tinha feito pelo menos em
Portugal e criar uma empresa inovadora, a que se juntou Patrícia Amaro,
designer vinda de Madrid.
O primeiro ano do processo de internacionalização “foi bom”, realçaram à Lusa os dois sócios fundadores.
No
segundo ano, em 2012, a exportação já representava 35% da facturação
global e a previsão para este ano aponta para que se situe entre os 45% a
50%, avançaram, tendo o jovem Manuel Cabral lembrado que “os clientes
[no mercado externo] são empresas e agências de marketing internacionais
que trabalham no domínio da fotografia panorâmica".
“Além dos
mercados mais desenvolvidos para onde temos vindo a trabalhar, há muitos
países em que esta área ainda não começou a desenvolver-se, caso da
Ásia, África e da América do Sul”, frisou.
Questionado pela Lusa
sobre se o negócio está a ser afectado pela actual crise, respondeu:
“Quando começámos, a crise já se tinha iniciado. Por isso, eu não sei o
que é ter uma empresa fora da crise”.
“O futuro passa também por
aí [Ásia, África e América do Sul)], uma vez que à medida que existirem
mais pessoas a trabalhar nesta área o mercado potencial vai igualmente
aumentar”, salientou o jovem gestor.
O primeiro projecto
internacional de grande visibilidade foi o Spot3008, utilizado em
Inglaterra na campanha publicitária na Internet do Peugeot 3008
Crosover, que consistiu num jogo desenvolvido sobre uma fotografia giga
pixel de Londres, na qual vinte automóveis Peugeot 3008 foram colocados
em pós-produção, em diversos locais da cidade.
“O prémio para quem vencesse o jogo era uma viagem ao espaço”, gracejou Manuel Cabral.
A
empresa também desenvolveu, recentemente, um projecto idêntico para um
jogo de râguebi entre a Itália e os All Blacks da Nova Zelândia, que foi
patrocinado pela Adidas e outro para um jogo entre o Barcelona e o Real
Madrid, destinado a um sítio na Internet de um jornal espanhol.
Ainda
no futebol, o Chelsea, numa tournée que fez aos Estados Unidos, também
utilizou o sistema da Digisfera nos jogos efectuados naquele país.
A
empresa tem estado igualmente em festivais de música, caso do Canadá, e
tem em vista voltar proximamente a este país com um novo negócio na
área da fotografia panorâmica o qual o sócio-gerente, António Cabral,
não quis, por enquanto, revelar à Lusa.
No mercado português, a Digisfera iniciou a sua actividade há dois anos em parceria com o Turismo de Lisboa.
“Temos
conseguido alguns clientes de peso a nível nacional e estamos com um
projecto muito grande em mãos para a rota do românico no norte", disse.
Além
disso, continuamos "a trabalhar no projecto do roteiro do fado, lançado
em Novembro passado, o qual vai ter continuidade", não só aumentado as
visitas virtuais, mas juntando eventos relacionados com esta música
popular, concluiu Manuel Cabral.
* INTELIGÊNCIA PORTUGUESA
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