ESTA SEMANA NO
"SOL"
O combustível proibido
O aumento dos glóbulos vermelhos no sangue para valores próximos do
limite permitido (taxa de hematócrito de 50%) é a meta de qualquer
ciclista que recorre ao doping.
Os glóbulos vermelhos são responsáveis
pelo transporte de oxigénio e, quanto maior for o seu número, mais
‘combustível’ chega aos músculos para trabalharem de forma eficaz e
durante mais tempo.
Esta é a razão pela qual o consumo de EPO e o
recurso às transfusões sanguíneas se tornaram tão tentadores no
ciclismo, um desporto que pode obrigar a esforços sobre-humanos: uma
etapa de seis horas na Volta a França implica um desgaste de energia
equivalente a oito jogos de futebol.
Os ciclistas podem gastar
sete mil calorias ou mais antes de cortar a meta. Nas provas de três
semanas, como o Tour, é como se corressem duas maratonas e meia por dia.
A taxa de hematócrito de uma pessoa normal ronda os 40% e tanto a
EPO (uma hormona que existe no corpo humano) como as transfusões fazem
disparar os glóbulos vermelhos, como explicou ao SOL o médico Robalo
Nunes, especialista em imunohemoterapia.
No primeiro caso, já há
testes para detectar o consumo, mas no segundo é «impossível» a não ser
através de um histórico que permita verificar oscilações anormais do
hematócrito. É essa forma de batota que o passaporte biológico,
introduzido no ciclismo em 2008, veio ajudar a combater.
Mas na
época áurea de Lance Armstrong não existia nada. «A transfusão não deixa
rasto», sublinha Robalo Nunes, que diz ser possível o ciclista ter
recorrido ao método sempre antes do Tour para escapar aos controlos.
«Tem lógica». Ao injectar o sangue extraído um tempo antes ao que ficou
no corpo a produzir mais glóbulos vermelhos para compensar, a gasolina
dos músculos ganha novas qualidades.
* Há modalidades desportivas onde já não se sabe se há desporto, ou será em todas???
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