HOJE NO
"PÚBLICO"
Dádivas de sangue caíram 12% em 2012
Reservas nunca estiveram em risco, mas Instituto Português do Sangue e da Transplantação prefere ser prudente.
Os vários alertas que foram dados ao longo do ano tiveram algum
efeito, mas não evitaram que 2012 terminasse com uma quebra de 12% nas
dádivas de sangue, indicam dados do Instituto Português do Sangue e da
Transplantação.
O presidente deste instituto, Hélder Trindade, citado pela TSF, indicou
que, em 2012, “houve uma quebra de 12%, quebra que foi referenciada ao
longo do ano e que acabou no fim do ano por se atenuar com maior número
de dádivas”. O responsável acredita que as mudanças nas isenções das
taxas moderadoras para os dadores benévolos tenham influenciado a
descida, mas diz que há outras explicações.
“Não duvido que as taxas moderadoras tenham influenciado os dadores no
sentido da desistência, mas seguramente que houve outros factores que
levaram a que houvesse menos dádivas durante o ano de 2012, e que vão
desde o transporte a situações sociais”, precisou Hélder Trindade.
O número é dado a conhecer no mesmo dia em que a Assembleia da
República discute uma petição e um projecto de resolução que pretendem
precisamente repor a isenção total das taxas moderadoras para dadores.
O projecto de resolução, do Bloco de Esquerda, lembra que são vários os
Estados-membros a dar incentivos aos dadores para promover a dádiva
voluntária e não remunerada de sangue. E dá como exemplo a
disponibilização de pequenas ofertas, a dispensa de trabalho, os
reembolsos ou vales de alimentação.
O partido defende que, em Portugal, os incentivos “nunca foram muitos” e
que a situação piorou na actual legislatura com o fim de uma das
medidas de incentivo existentes, que era a dispensa de pagamento de
taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde (SNS), acrescenta. O BE
sublinha que “esta medida originou um profundo e compreensível
descontentamento” por parte dos dadores, que “se sentiram depreciados e
maltratados”.
O Bloco de Esquerda considera também que os custos de isentar os
dadores de sangue são “irrelevantes” e “irrisórios” para as contas
públicas, perante a “preciosa e impagável dádiva” que constitui dar
sangue. E insiste que se trata de uma medida elementar de justiça,
respeito e reconhecimento. Por isso, o Bloco de Esquerda propõe que a
Assembleia da República recomende ao Governo a isenção de taxas
moderadoras para os dadores benévolos de sangue.
Já a petição do Movimento de Associações de Dadores de Sangue (grupo de
associações de dadores que se constituiu para o efeito), que pretende
também ver reposta a isenção, diz que esta representa “um incentivo para
que cada vez mais dadores de sangue entrem no circuito” e, ao mesmo
tempo, se proporcione “uma saúde boa a quem fornece esse sangue”.
Em nenhum momento as reservas de sangue do país estiveram em risco
(abaixo das 8000 unidades, que chegam para cerca de oito dias), mas, ao
longo do ano, tanto o Instituto Português do Sangue e da Transplantação,
como especialistas e o próprio Ministério da Saúde fizeram alguns
apelos públicos para que não chegássemos a ficar próximos dos mínimos,
perante algumas quebras, na casa dos 16%. No Verão, por exemplo, foram
feitas algumas campanhas que tiveram resultados bastante positivos, com a
angariação de quase 8500 novos dadores.
* A redução tem alguma lógica, com a vampiragem do governo as pessoas já têm pouco para dar.
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