HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"
Fábrica autorizada pelo tribunal
a armazenar ácido
Uma fábrica de Braga foi notificada pela CCDRN para se "desfazer" de 30
mil litros de ácido pirolenhoso, por alegadamente ser perigoso, mas o
tribunal absolveu a empresa, concluindo que o produto até é bom para a
agricultura.
Em causa a Fábrica de Carvões Vid'Alegre, que,
segundo o seu advogado, Neco da Mota, até já conta com um incentivo de
8.800 euros do IAPMEI para um processo de certificação que lhe
possibilitará começar a comercializar o ácido pirolenhoso.
Um
produto que a fábrica obtém "a custo zero", já que resulta do
aproveitamento do gás resultante da produção de carvão, que dessa forma
fica retido, em vez de ser enviado para a atmosfera.
"É
um produto tão perigoso, tão perigoso, que é usado na agricultura,
nomeadamente na produção de alface, sendo aplicado não na raiz mas
diretamente na folha", ironizou Neco da Mota.
Disse
que o ácido pirolenhoso tem uma capacidade aceleradora do
desenvolvimento de certas plantas, apontando o caso da alface, cuja
produção aumenta entre 30 a 35% com a utilização daquele produto.
Acrescentou
que o ácido pirolenhoso pode ser utilizado igualmente na indústria
alimentar, nomeadamente na "cura" de presuntos e chouriços.
Segundo
garantiu, se a fábrica tivesse sido obrigada a desfazer-se dos 30 mil
litros teria um prejuízo "nunca inferior" a 80 mil euros.
"O
que é verdadeiramente inaceitável é que se mande destruir um produto
sem mais, sem análises laboratoriais, sem tentar perceber do que se
trata", criticou.
Uma ação de
fiscalização àquela fábrica efetuada em outubro de 2010 pelo Núcleo de
Proteção do Ambiente de Braga da GNR detetou a existência naquela
unidade de 28 bidões de mil litros cada, cheios com ácido pirolenhoso.
A
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN)
aplicou-lhe uma admoestação, que Neco da Mota prefere classificar como
uma "censura solene", mas com a pena acessória de encaminhar o produto
para uma empresa devidamente certificada, para destruição, por alegados
perigos para a saúde e para o ambiente.
A
empresa recorreu para o Tribunal de Braga, que acabou por a absolver,
tendo em conta o testemunho, classificado como "crucial", de Joana
Carvalho, coordenadora do Departamento de Investigação e Desenvolvimento
Tecnológico do Centro de Valorização de Resíduos da Universidade do
Minho.
Joana
Carvalho garantiu que não há nocividade para a saúde humana e para o
meio ambiente e reforçou que aquele ácido é utilizado em países como
Brasil, Austrália e o Japão, nomeadamente na agricultura.
* Haja uma entidade acreditada que esclareça este imbróglio apesar de a justiça já ter decidido.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário