HOJE NO
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Calçado.
A indústria que floresce com a crise
O mercado externo continua a ser principal aposta do sector. Só França, Alemanha, Espanha e Reino Unido absorvem 80% das exportações
A indústria do calçado está em contraciclo e é a que mais contribuiu
para a balança comercial portuguesa, segundo os dados da Associação
Portuguesa da Indústria do Calçado (APICCAPS), disponibilizados ao i.
O sector apresenta um saldo superior a mil milhões de euros entre o que
exporta e o que importa, ou seja, o mais elevado da economia nacional.
É por isso que esta indústria consegue ultrapassar com mais facilidade a
crise. Só em 2011 – o segundo melhor ano da história do sector, depois
de 2001 – cresceu 16%. Este ano, de Janeiro a Outubro, já cresceu mais
2%. Isto significa que nos últimos dois anos cresceu 18%, um valor que,
segundo a APICCAPS, “não poderia ser melhor na conjuntura actual, e que
perspectiva ainda o muito que esta indústria pode desenvolver”.
O calçado é aliás um dos cinco tipos de produto em que Portugal
apresenta saldos positivos com alguma expressão. Também é nesta
indústria que o país apresenta a mais elevada taxa de cobertura das
importações pelas exportações, rondando os 250%.
EXPORTAÇÕES
O mercado externo é uma das prioridades do sector e o peso das
exportações tem uma grande importância no conjunto total das mesmas, que
não tem equivalência em mais nenhum outro país. Mesmo entre os
considerados gigantes da indústria mundial, como a China e a Itália, em
que o calçado pesa cerca do triplo do que este produto representa nas
exportações mundiais, em Portugal o número sobe para seis.
Em 2011, os últimos dados que são disponibilizados, Portugal exportou
1507 milhões de euros, o equivalente a 76 milhões de sapatos. No mesmo
ano exportou 95% da produção para 132 países nos cinco continentes.
França, Alemanha, Espanha e Reino Unido são os principais mercados de
destino e absorvem 80% das exportações nacionais, tanto em valor como em
quantidade. E ao longo dos últimos dez anos a importância de cada um
destes países tem-se mantido inalterada, com excepção da Alemanha, uma
vez que em 2010 as exportações para este país ficaram pela primeira vez
abaixo dos 10 milhões de pares. Em compensação, subiram nos outros
quatro países.
Concorrência chinesa
Mas
a posição privilegiada de Portugal nesta indústria nem sempre foi fácil
de manter. A entrada em força da China veio ameaçar não só a produção
portuguesa como a europeia. Este país sozinho exporta actualmente quase
três de quatro pares de sapatos exportados mundialmente, representando
73,1% da quota mundial, o equivalente a 10 170 milhões de pares.
Mesmo assim, Portugal está no top 10 dos exportadores de calçado, em
todas as categorias, com excepção dos sapatos de plástico/borracha e
têxtil.
Em valor, as exportações nacionais cresceram 21%, com a França, a Alemanha, a Espanha e a a Holanda como principais mercados.
EMPREGO
A
indústria do calçado, dentro da indústria transformadora, é um dos mais
importantes empregadores nacionais. Em 2011 existiam 1350 empresas, que
empregavam 32 700 trabalhadores e produziam 61 milhões de pares de
sapatos. Felgueiras e S. João da Madeira são os principais pólos do
sector, mas é em Oliveira de Azeméis que existem mais empresas.
Também em relação à União Europeia, Portugal é o país que apresenta
maior peso na contribuição para o crescimento de postos de trabalho
graças a esta indústria. No entanto, nos últimos anos, o sector sofreu
uma queda de número de empresas porque muitas delas não conseguiram
fazer frente ao novo quadro concorrencial.
Por sua vez, as grandes empresas, com capital estrangeiro, preferiram
deslocar-se para outros pontos do mundo, já que não quiseram redefinir
estratégias nem aumentar os custos, que em tempos tinham sido tão
apelativos.
* Os empresários do sector foram os que em devido tempo apostaram na inovação e formação técnica dos operários pelo que não é surpresa o sucesso desta indústria.
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