28/12/2012

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HOJE NO
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Calçado. 
A indústria que floresce com a crise 

 O mercado externo continua a ser principal aposta do sector. Só França, Alemanha, Espanha e Reino Unido absorvem 80% das exportações 

A indústria do calçado está em contraciclo e é a que mais contribuiu para a balança comercial portuguesa, segundo os dados da Associação Portuguesa da Indústria do Calçado (APICCAPS), disponibilizados ao i. O sector apresenta um saldo superior a mil milhões de euros entre o que exporta e o que importa, ou seja, o mais elevado da economia nacional.
 É por isso que esta indústria consegue ultrapassar com mais facilidade a crise. Só em 2011 – o segundo melhor ano da história do sector, depois de 2001 – cresceu 16%. Este ano, de Janeiro a Outubro, já cresceu mais 2%. Isto significa que nos últimos dois anos cresceu 18%, um valor que, segundo a APICCAPS, “não poderia ser melhor na conjuntura actual, e que perspectiva ainda o muito que esta indústria pode desenvolver”.

O calçado é aliás um dos cinco tipos de produto em que Portugal apresenta saldos positivos com alguma expressão. Também é nesta indústria que o país apresenta a mais elevada taxa de cobertura das importações pelas exportações, rondando os 250%.

EXPORTAÇÕES  
O mercado externo é uma das prioridades do sector e o peso das exportações tem uma grande importância no conjunto total das mesmas, que não tem equivalência em mais nenhum outro país. Mesmo entre os considerados gigantes da indústria mundial, como a China e a Itália, em que o calçado pesa cerca do triplo do que este produto representa nas exportações mundiais, em Portugal o número sobe para seis.

Em 2011, os últimos dados que são disponibilizados, Portugal exportou 1507 milhões de euros, o equivalente a 76 milhões de sapatos. No mesmo ano exportou 95% da produção para 132 países nos cinco continentes.
França, Alemanha, Espanha e Reino Unido são os principais mercados de destino e absorvem 80% das exportações nacionais, tanto em valor como em quantidade. E ao longo dos últimos dez anos a importância de cada um destes países tem-se mantido inalterada, com excepção da Alemanha, uma vez que em 2010 as exportações para este país ficaram pela primeira vez abaixo dos 10 milhões de pares. Em compensação, subiram nos outros quatro países.

Concorrência chinesa 
 Mas a posição privilegiada de Portugal nesta indústria nem sempre foi fácil de manter. A entrada em força da China veio ameaçar não só a produção portuguesa como a europeia. Este país sozinho exporta actualmente quase três de quatro pares de sapatos exportados mundialmente, representando 73,1% da quota mundial, o equivalente a 10 170 milhões de pares.
Mesmo assim, Portugal está no top 10 dos exportadores de calçado, em todas as categorias, com excepção dos sapatos de plástico/borracha e têxtil.
Em valor, as exportações nacionais cresceram 21%, com a França, a Alemanha, a Espanha e a a Holanda como principais mercados.

EMPREGO 
A indústria do calçado, dentro da indústria transformadora, é um dos mais importantes empregadores nacionais. Em 2011 existiam 1350 empresas, que empregavam 32 700 trabalhadores e produziam 61 milhões de pares de sapatos. Felgueiras e S. João da Madeira são os principais pólos do sector, mas é em Oliveira de Azeméis que existem mais empresas.
 Também em relação à União Europeia, Portugal é o país que apresenta maior peso na contribuição para o crescimento de postos de trabalho graças a esta indústria. No entanto, nos últimos anos, o sector sofreu uma queda de número de empresas porque muitas delas não conseguiram fazer frente ao novo quadro concorrencial.
Por sua vez, as grandes empresas, com capital estrangeiro, preferiram deslocar-se para outros pontos do mundo, já que não quiseram redefinir estratégias nem aumentar os custos, que em tempos tinham sido tão apelativos.

* Os empresários do sector foram os que em devido tempo apostaram na inovação e formação técnica dos operários pelo que não é surpresa o sucesso desta indústria.

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