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Madeira gastou cinco milhões em
projecto de hospital que não construiu
Hospital ia custar cerca de 125 milhões, quase tanto quanto o governo regional já gastou numa marina que não funciona desde a inauguração em 2004.
O Governo Regional da Madeira gastou mais de cinco milhões de euros,
incluindo o IVA, em projecto do novo hospital, cuja construção decidiu
suspender há um ano, depois de ter expropriado terrenos e deslocado
famílias residentes no local escolhido, em Santa Rita, no Funchal.
O Tribunal de Contas (TC), no relatório da
auditoria orientada para a execução física e financeira dos contratos de
prestação de serviços divulgado esta sexta-feira, concluiu que os
contratos iniciais e adicionais para a elaboração do projecto de
construção do Hospital Central da Madeira (HCM) determinaram para a
respectiva assessoria técnica, até 22 de Fevereiro de 2011, a assunção
de encargos no montante de 4885 milhões de euros, não incluindo o IVA.
Mas, como frisa o tribunal, a utilidade ficou comprometida com a
deliberação de suspender a concretização da nova unidade hospitalar,
tomada pelo conselho do governo regional em 17 de Fevereiro de 2011.
Na
apreciação do processo, os auditores do TC detectaram uma deficiente
articulação entre as secretarias regionais do Equipamento Social (SRES) e
dos Assuntos Sociais (SRAS) e o Serviço de Saúde da Região (Sesaram),
na medida em que, decorrido mais de um ano sobre a adjudicação da
execução do projecto do HCM, aquelas entidades acordaram em
introduzir-lhe alterações substanciais, as quais só foram contratadas já
depois de decidida a suspensão da construção do projecto.
A
auditoria revela também que houve pagamentos acima dos valores
acordados.
A Consulgal, SA, durante a execução do contrato inicial,
facturou e recebeu mais 41 mil euros do que a programação financeira
previsional estabelecia para a fase de estudo prévio. O pagamento dos
honorários relativos ao projecto-base foi autorizado, sem que aquela
empresa tivesse entregue todos os relatórios e os mesmos tivessem sido
aprovados pela SRES, como exigia o contrato. Também a Aripa, Lda
facturou a totalidade dos honorários previstos no contrato inicial para a
fase de projecto-base (um milhão de euros), cujo pagamento foi
autorizado em desacordo com a execução física, sem que tivessem sido
entregues os anteprojectos de todas as especialidades.
O TC
considera que estes factos são aptos a originar responsabilidade
financeira sancionatória. E recomenda ao governo madeirense “maior rigor
no planeamento das prestações de serviços, de modo a evitar a
introdução de alterações substanciais às peças dos procedimentos em fase
de execução contratual, assegurando-se da existência de uma verdadeira
colaboração entre os vários serviços intervenientes na fase
pré-contratual”.
Marina inoperacional
A
decisão de desistir de um novo hospital foi tomada na mesma altura em
que o executivo de Alberto João Jardim decidiu avançar com a construção
de um cais de cruzeiros no aterro dos inertes recolhidos no temporal de
2010, no litoral do Funchal.
Além de desistir da construção do novo
hospital, incluído no programa do governo desde 2000, aprovou a
aquisição dos terrenos contíguos ao prédio onde se encontra o Hospital
da Cruz de Carvalho para o seu alargamento, e decidiu desafectar os
terrenos expropriados em São Martinho do ónus da utilidade pública,
devolvendo aos anteriores proprietários interessados, mediante
restituição do capital pago, os terrenos adquiridos. Para a mudança de
local o governo de Jardim alega as “graves dificuldades do actual
contexto da economia nacional” e ainda “o insucesso das diligências
feitas junto do Governo da República para incluí-lo como projecto de
interesse comum, de âmbito nacional”.
O projecto do novo hospital,
que Jardim previa inaugurar antes das eleições de 2008, incluía cerca
de 600 camas e implicou a expropriação de 170 mil metros quadrados de
terreno e de 120 moradias. Tinha um custo de 125 milhões de euros, quase
tanto quanto o governo regional já gastou na marina do Lugar de Baixo,
que continua inoperacional e encerrada, desde a sua inauguração em 2004,
por questões de segurança.
* Mas Alberto João é um homem sério...
.
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