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HOJE NO
"PÚBLICO"
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O lugar das mulheres chinesas é ao fogão, por isso não têm cargos políticos
A China proclama a igualdade entre homems e mulheres e Mao Tsetung disse
que elas são "metade do céu". Mas é um machismo insidioso que domina a
política chinesa, um desiquilíbrio que continua com a nova equipa
dirigente, que é nomeada na quinta-feira, no dia de encerramento do 18.º
Congresso do Partido Comunista Chinês.
Vinte e três por cento dos mais de 2200 delegados
reunidos em Pequim são mulheres. Mas a grande maioria delas tem um papel
neutro, limitando-se a ratificar as decisões já tomadas nos círculos
restritos e que são essencialemnte masculinos.
Quanto
mais se sobe na hierarquia política chinesa, mais a presença das
mulheres se torna rara. No Comité Central do partido apenas 6% dos
membros são mulheres; no Bureau político, um órgão de 25
elementos, há apenas uma mulher; o Comité Permanente (o mais poderoso na
hierarquia) nunca integrou uma mulher.
Só
Jiang Qing, que era a mulher de Mao, que foi presa, julgada e condenada
à morte depois do marido morrer, em 1976, pertenceu à direcção suprema
do PCC durante a Revolução Cultural (1966/76); o organismo era então
diferente do que é hoje.
Neste 18.º
Congresso está em curso uma renovação de lugares — enrte 60 e 70% dos
líderes mudam. Mas a maior parte dos analistas ouvidos pela AFP diz não
esperar a promoção da única mulher no Politburo, Liu Yandong, que poderá
mesmo perder o posto. Antes dela, outra mulher, Wu Yi, foi
vice-primeira-ministra e a revista Forbes considerou-a uma das
mulheres mais poderosas do mundo pois foi ela quem negociou a entrada da
China na Organização Mundial do Comércio. Era a ministra da Saúde no
momento da eclosão do surto de SARS (pneumonia atípica).
Os
historiadores explicam que a fraca presença feminina nos cargos de
decisão chineses se deve à mentalidade. A cultura política está
solidamente ancorada no universo masculino e na tradição das noitadas de
homens em clubes. "Eles reinam na política chinesa onde existe uma
atmosfera de clube, são todos velhos amigos", diz Leta Hong Fincher,
investigadora na Universidade de Tsinghua, em Pequim, e especialista em
questões de paridade.
A agência Nova
China publicou este ano um trabalho sobre o tema em que dizia que as
mulheres são confrontadas com uma "sub-cultura" política, que é
burocrática e tem rituais — o consumo de álcool, por exemplo, ao qual
elas não aderem —, tendo por isso dificuldade em integrar-se.
Uma
sondagem/inquérito realizada pela Federação das Mulheres (um organismo
do Estado) em 2010 revelou que 62% dos homens e 55% das mulheres
chineses consideram que o melhor papel para a mulher é em frente ao
fogão.
Como em outros países, as
chinesas deparam-se com discriminação no trabalho, sendo pagas abaixo
das tabelas usadas para os homens. Ns cidades ganham 67% do salário
masculino para um trabalho igual, no campo a diferença é ainda maior e
ganham apenas 55%, segundo o mesmo inquérito.
"Não
podemos pedir aos homens qualificados para se demitirem para entrarem
mulheres para os lugares", disse Han Xiaoyun, delegada no Congresso do
Povo (Assembleia Nacional Popular, o órgão legislativo que reúne uma vez
por ano, em Março; este ano confirmará os nomes dos novos dirigentes).
Em 1997 o Governo estabeleceu que a Assembleia Popular deveria ter no
mínimo 22% de mulheres. Actualmente tem 21%.
* Mas quem pensa que a "democrática ditadura" chinesa, a quem o governo português faz a vénia, poderia ter comportamento respeitoso para com as mulheres chinesas.
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