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As 10 ideias essenciais que
Angela Merkel deixou em Portugal
A visita de Angela Merkel a Portugal durou pouco mais de cinco horas, mas deixou um lastro sobre o pensamento da chanceler alemã. Eis um resumo de 10 ideias essenciais
1.Acumulação de dívidas afetou quase todos os países da União
Europeia. Angela Merkel referiu-se ao aumento das necessidades de
financiamento após a crise financeira de 2008. Os custos (juros)
aumentaram e as necessidades aumentaram, nomeadamente para ajudar os
bancos.
2.Banco de Fomento vai ter ajuda da Alemanha. A
implementação de um Banco de Fomento, ideia defendida por António José
Seguro, líder do PS, e pelo Conselho Económico e Social, é uma boa forma
de ajudar a indústria a crescer e tornar-se competitiva. A ideia não é
bem vista pelos banqueiros, mas parece ter acolhimento no Governo.
3.Banco Europeu de Investimentos e fundos estruturais
podem ajudar ao crescimento da economia, nomeadamente financiando a
indústria. A forma de canalizar este investimento poderá vir a ser o tal
Banco de Fomento. A Comissão Europeia propôs recentemente um conjunto
de ações para dinamizar a indústria, que inclui a afetação entre 10 e 15
mil milhões de euros do Banco Europeu de Investimento (BEI) e de fundos
estruturais em empréstimos adicionais às PME.
4.A União Bancária é essencial.
Merkel defendeu a necessidade de um regulador europeu para o setor
financeiro, embora tenha sido ela uma das responsáveis pelo seu
adiamento para 2014. Os Estados com dificuldade em se financiarem nos
mercados internacionais passaram a ser financiados pelos bancos
domésticos (que compravam obrigações do Tesouro), os quais, por sua vez,
sofreram as consequências da desvalorização das dívidas públicas dos
próprios países, necessitando, por isso, de ser recapitalizados pelo
Estado, penalizando, por sua vez, a dívida soberana.
5.A confiabilidade dos futuros financiamentos
é fulcral. Os investidores perguntam-se se os Estados podem cumprir os
seus compromissos. Merkel referiu-se à psicologia dos mercados. A
probabilidade de incumprimento da dívida (risco de default) subiu para
41,26%, e o custo dos credit default swaps (cds, seguros contra o risco
de incumprimento) ultrapassou, de novo, a barreira dos 600 pontos base,
segundo dados da CMA DataVision. Portugal mantém-se no 6.º lugar do
"clube" dos 10 países com mais alto risco de incumprimento.
6.Alemanha quer apoiar Portugal na formação profissional.
Merkel confirmou que o Governo vai apostar e reforçar o ensino
técnico-profissional e, segundo o jornal “Expresso” gostaria de ter
dentro de um a dois anos mais 50% de jovens nesta área de ensino. Um dos
objetivos deste projeto de ensino dual de formação profissional,
inspirado no sistema alemão, é reduzir o desemprego jovem, aspeto
igualmente referido pela chanceler alemã.
7.Os processos de ajustamento têm de ser rápidos.
Cinco anos é só para países asiáticos. A velocidade do ajustamento
(três anos) português é um dos problemas mais referidos pelos críticos
da austeridade que se progressivamente tem sido agravada devido aos maus
resultados do lado da receita fiscal. Merkel disse que já se referiu a
planos de ajustamento de cinco anos, mas que estaria a falar de países
asiáticos e não europeus.
8.Só com reformas estruturais é que os Estados podem garantir a sustentabilidade.
“A reforma aos 67 anos também não agrada aos alemães, mas são medidas
necessárias”, referiu Merkel. A chanceler elogiou as reformas no mercado
de trabalho português, numa referência implícita à diminuição do valor
das indemnizações por despedimento e no tempo e valor máximos do
subsídio de desemprego, entre outras medidas.
9.Cerca de 60% das exportações alemãs são para a União Europeia.
A Alemanha só tem a ganhar se tudo correr nos processos de ajustamento.
Para a Alemanha, a Comissão Europeia estima um crescimento de 0,8% para
2012 e 2013, abaixo dos 3% verificados em 2011. A desaceleração foi
atribuída, em parte, ao enfraquecimento da atividade econômica em
importantes países parceiros de Berlim e às incertezas relacionadas com a
crise da zona euro.
10.As manifestações de protesto são naturais.
Não há três alemães com a mesma opinião sobre as políticas de
austeridade. Fugiu um pouco à questão sobre o seu papel na implementação
das políticas de austeridade na Europa. Reconheceu que provocam
agitação social, quer em Portugal e Grécia quer na Alemanha, e que a
divergência de opiniões surge de forma natural quando as medidas são
difíceis.
* Uma fantochada a visita relâmpago de Merkel, ela está-se nas tintas para saber que há mais de dez mil crianças com fome nas escolas portuguesas, não está minimamente preocupada em saber que existem 8 mil casais sem qualquer salário ou que o desemprego real já tenha ultrapassado os 18%.
Esta visita tem um objectivo, o de dizer aos eleitores alemães que nos veio dar um puxão de orelhas por sermos perdulários, a verdade é que sempre fomos perdulários, está na história.
Veio cá para nos mandar à Merdel.
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