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"JORNAL DE NOTÍCIAS"
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Bastonário dos advogados acusa deputados de traírem eleitores
O Bastonário da Ordem dos Advogados afirmou, esta terça-feira, perante
dezenas de estudantes da Escola Secundária de Penafiel, que os deputados
da maioria parlamentar "estão a trair o mandato de quem os elegeu, para
cumprir as ordens de quem os escolheu como deputados".
Convidado pelos estudantes de Ciências Sociais e Humanas, Marinho Pinto
deu uma aula sobre "A Justiça e o Estado e o Estado da Justiça" e
abordou questões da actualidade, nomeadamente, a "refundação do Estado"
que considera ser "uma tentativa de fraude à lei".
"O Estado está plasmado na Constituição, refundar o Estado é alterar a
Constituição. Então alterem a Constituição, mas segundo as regras da
própria ordem constitucional, porque senão é um golpe de estado. Criem
as maiorias e os consensos políticos necessários, ou, então, façam uma
revolução ou um golpe de estado", desafiou.
Sobre o actual sistema político, o Bastonário disse que os deputados da
maioria parlamentar têm um duplo vínculo: um ao directório partidário -
que os incluiu na lista de candidatos - e um vínculo aos eleitores, a
quem apresentaram um programa, a quem fizeram promessas e que os
elegeram.
"Infelizmente estão a trair o mandato de quem os elegeu para
cumprir as ordens de quem os escolheu como deputados. Isto é uma negação
qualificada das funções de um parlamento numa República; é uma negação
qualificada de um parlamento num Estado de direito democrático", frisou,
sublinhando "a forma como algumas irreverências foram domesticadas na
própria maioria", e a forma como "a maioria, acriticamente, está a votar
medidas contra as quais se proclamava contra, durante o período
eleitoral".
Aos jornalistas, Marinho Pinto disse estar contra a possibilidade
de privados poderem ter acesso a dados pessoais de cidadãos. "Os
cidadãos são os proprietários dos seus dados pessoais. Se esses cidadãos
consentirem que os seus próprios dados fiquem na posse de privados, com
todos os perigos que isso significa, designadamente o tráfico de dados,
que é hoje uma realidade nas sociedades modernas, esses cidadãos
poderão fazê-lo".
Já o Estado "não tem direito de, tendo
recolhido esses dados para fins públicos - e tendo recolhido numa base
legal completamente diferente - entregá-los a privados". "Sei que é
apetecível, mas há um limite para privatizar as funções do Estado e a
questão de dados de vida pessoal da vida dos cidadãos é um desses
limites", concluiu.
* Os deputados da maioria ou da oposição traem o vínculo que estabeleceram com quem os elegeu, daremos o benefício da dúvida e diremos que nem todos, meia dúzia e achamos um exagero, portam-se bem.
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