.
.
HOJE NO
"PÚBLICO"
"PÚBLICO"
Directores dizem que é preciso evitar que
. as crianças desfaleçam nas escolas
A direcção da Associação Nacional de Dirigentes Escolares quer que a Secretaria de Estado da Solidariedade e Segurança Social actue a montante dos problemas em vez de os atenuar.
O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE),
Manuel Pereira, afirmou nesta sexta-feira que, se “o Governo não adoptar
com urgência políticas de prevenção, o Instituto da Solidariedade e da
Segurança Social (ISSS) não terá mãos a medir para apoiar o número
crianças e de famílias com fome”. “Mais do que ajudar, é importante
evitar que a situação das famílias chegue ao ponto de as crianças
desfalecerem nas escolas”, disse.
Manuel Pereira reagiu assim à notícia de que a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) conseguira garantias do secretário de Estado da Segurança Social de
que, desde que notificado pelos directores das escolas, o ISSS
garantirá o acompanhamento não só das crianças com fome como também das
famílias. “Fico satisfeito, naturalmente, tudo o que se faça nesse
sentido é positivo, mas não é suficiente”, insistiu.
Pedro Araújo,
também dirigente da ANDE e director da Escola Secundária de Felgueiras,
contou que nas últimas duas segundas-feiras teve de levar o mesmo aluno
ao hospital, onde os médicos disseram tratar-se de um caso de
desnutrição. “Na escola, os alunos não passam fome, mas em casa, ao
fim-de-semana, muitos deles, bem como os irmãos e os pais, não têm o que
comer”, disse Pedro Araújo.
Os dois dirigentes da ANDE frisaram
que, para além de darem apoio directo aos alunos nos quais detectam
dificuldades, as direcções ou os serviços das escolas contactam
instituições que apoiam as respectivas famílias. Nos casos mais graves,
alertam já o ISSS e as Comissões de Protecção de Crianças e Jovens,
confirmou também Filinto Lima, da Associação de Directores de
Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).
Manuel Pereira e Pedro
Araújo frisaram que os casos têm vindo a aumentar à medida que as
pessoas deixam de ter direito ao subsídio de desemprego e disseram estar
especialmente preocupados com o resultado do agravamento das medidas de
austeridade, no início de 2013. “É uma situação muito dolorosa – é
preciso agir a montante”, afirmou.
No comunicado em que nesta
sexta-feira apelou aos directores das escolas e às associações de pais
para que sinalizem os casos de fome junto do ISSS, também a direcção da
Confap lembrou que desde 2010 vem reclamando “a revisão dos apoios
sociais às famílias portuguesas, de modo a permitir-lhes um nível de
vida condigno”.
No dia 8 deste mês, no Parlamento, o secretário de
Estado da Educação, Casanova de Almeida, afirmou que naquela data
estavam a ser apoiadas, no âmbito do projecto “Pequeno-Almoço na
Escola”, 5547 crianças – 51% dos 10385 alunos de 243 agrupamentos de
escolas, que foram identificados pelas respectivas direcções como
estando a precisar daquele apoio.
Não foi possível obter uma
actualização dos números junto do gabinete de imprensa do Ministério da
Educação, que nesta sexta-feira se limitou a informar que “o Programa
Escolar de Reforço Alimentar está a decorrer”.
E ADULTOS... |
Segundo os
dirigentes da ANDAEP e da ANDE, não estará a chegar a todos os lados em
que é necessário. Para além de usar as verbas próprias para apoiar as
crianças com dificuldades, os próprios professores oferecem
“discretamente” cabazes de alimentação às famílias e roupa. “Também
promovemos acções de solidariedade nas escolas para recolha de fundos e
de bens que depois encaminhamos para onde é necessário”, disse Filinto
Lima.
* Será que o governo não tem vergonha de existirem crianças a desfalecerem nas escolas enquanto finge pena e comiseração.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário