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China censura notícia do NYT
sobre fortuna do primeiro-ministro
Jornal norte-americano censurado por ter revelado a fortuna escondida do
primeiro-ministro. Vídeo de Ai Weiwei no Youtube, a desafiar o regime,
também foi bloqueado.
O primeiro-ministro chinês Wen Jiabao será um dos homens mais ricos do mundo. Fazendo fé no que conta o jornal The New York Times
(NYT), a fortuna deste líder chinês ascende a 2700 milhões de dólares
(2078 milhões de euros). O site daquele periódico norte-americano foi
bloqueado na China horas depois de publicar a notícia. O mesmo tinha
acontecido, aliás, à agência Bloomberg, em Junho, depois de um artigo
semelhante sobre a fortuna do provável novo líder do partido comunista,
Li Xinping, cujo congresso se realiza dentro de dias.
Segundo o
NYT, a mãe de Jiabao era professora no Norte do país. O pai cuidava de
porcos. A família era “extremamente pobre”, descreveu o próprio
governante, num discurso em 2011, recorda o jornal. As raízes pobres são
passado. A mãe de Jiabao, agora com 90 anos, tinha em seu poder um
investimento que valia, há cinco anos, 120 milhões de dólares. É o que
dizem documentos empresariais e oficiais citados pelo NYT.
Blogues também não escapam
Não
se sabe como é que a família chegou a tal fortuna. O que se sabe é que
na China não gostaram destas revelações. As autoridades não perderam
tempo, após a publicação desse trabalho, e bloquearam a edição online em
inglês e em chinês do NYT. O site ficou inacessível no território
continental chinês, de acordo com informação enviada pelo director da delegação do jornal em Hong Kong, Keith Bradsher.
O
braço da censura quis estender-se aos blogues, designadamente ao grande
fórum de blogues Sina Weibo, uma das plataformas virtuais mais
populares entre chineses, acrescenta Bradsher. Referências a Jiabao ou
ao NYT naquela plataforma estavam a ser censuradas, descreve. E as
pesquisas em motores de busca com o nome do jornal também foram
bloqueadas.
Num extenso artigo intitulado “Billions in Hidden Riches for Family of Chinese Leader”
(“Milhares de milhões em riqueza escondida da família de líder
chinês”), o NYT conta que a família começou a amealhar fortuna após a
ascensão de Jiabao à elite chinesa. O autor do artigo David Barboza –
responsável pela delegação do jornal em Xangai – refere dois momentos: o
ano de 1998, quando Wen Jiabao chegou a vice-presidente do executivo e,
cinco anos depois, quando assumiu o cargo de primeiro-ministro.
Família pobre, família rica
A
investigação do jornal, mostra que a partir daí outros familiares
deste político começaram também a enriquecer, incluindo um filho e uma
filha, um irmão mais novo e um cunhado. Ao todo, este grupo, ao qual se
junta ainda a mulher de Jiabao, controla investimentos que valem 2700
milhões de dólares (2078 milhões de euros).
Esta investigação é
divulgada dias antes do início do congresso do Partido Comunista Chinês,
que se reúne a partir de 8 de Novembro e que deverá definir o novo
líder do partido – Xi Jinping é o nome na calha.
E lança novas
dúvidas sobre a credibilidade dos políticos, isto depois de o próprio Xi
Jinping ter sido objecto de um trabalho jornalístico que punha a nu a
fortuna que Jinping começou a amealhar depois de começar a sua ascensão
dentro do partido.
Esse trabalho da agência Bloomberg,
publicado a 29 de Junho no site desta agência especializada em
informação económica, também foi censurado na altura. Aliás, de acordo
com a revista alemã Der Spiegel, o site da Bloomberg continua bloqueado na China desde então.
Neste
mesmo dia, soube-se também que Bo Xilai, figura proeminente do partido
entretanto caído em desgraça devido a um escândalo de corrupção, foi
expulso da Assembleia Nacional Popular, o parlamento em Pequim.
Ai Weiwei censurado no Youtube
O
acesso aos jornais não é a única coisa condicionada. Também o Youtube
foi censurado, nas últimas horas pelas autoridades chinesas. A culpa? O
artista dissidente Ai Weiwei e o vídeo em que transforma o êxito “Gangnam Style” numa provocação ao regime de Pequim.Ai
Weiwei, de 55 anos, é uma presença recorrente nas notícias devido à
oposição às autoridades chinesas – a sua detenção, no ano passado,
motivou protestos um pouco por todo o mundo. Após a sua libertação, o
artista e activista continuou a ser vigiado e está impedido de sair do
país.
Há duas semanas, em declarações ao PÚBLICO,
considerou "intolerável" a atribuição do Nobel da Literatura ao seu
compatriota Mo Yan, que é visto pelos dissidentes como um autor alinhado
com o regime.
* Consta que Dias Loureiro e Duarte Lima, também vindos do nada, nem bomba de gasolina tinham, aprenderam com Jiabao as técnicas necessárias para montarem a lavandaria chamada BPN.
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