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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Merkel cede em toda a linha
a Espanha e Itália
Fundo de resgate vai poupar as contas países quando comprar dívida e quando recapitalizar os bancos directamente. Tudo o que Roma e Madrid pediam.
Os líderes da zona euro aceitaram hoje de madrugada ceder à pressão de Itália e Espanha para tomar medidas de curto prazo para travar o aumento dos juros que estava a tornar incomportável o financiamento das suas dívidas. O fundo de resgate vai poupar as contas públicas dos Estados na recapitalização directa dos bancos e na compra de dívida no mercado.
"A negociação foi dura e tensa, mas valeu a pena ", afirmou Mário Monti, o primeiro ministro italiano, ao início da manhã.
Num significativa cedência da chanceler Angela Merkel, a zona euro vai permitir que o fundo de socorro europeu recapitalize directamente os bancos, assim que o Banco Central Europeu assuma a supervisão das autoridades, dispensando nessa altura o papel de intermediário do Estado. Isto não virá no imediato mas sim como um passo da criação da união bancária nos próximos meses.
É sinal para os mercados e uma concessão chave para Espanha que tem vindo a sofrer de desconfiança dos investidores depois de assumir o risco da operação de resgate aos bancos, num total de até 100 mil milhões de euros.
A outra grande vitória é para Monti que ao início da noite de ontem bloqueou, ao lado do espanhol Mariano Rajoy, a adopção do Pacto de Crescimento até que as medidas de curto prazo não fossem discutidas.
O debate sobre as medidas de curto prazo estava apenas previsto para o almoço de hoje.
Numa resposta aos anseios de Roma, o fundo de resgate vai poder comprar dívida no mercado (primário ou secundário) sem que nova austeridade seja exigida, apenas a continuação das politicas em curso e o cumprimento de metas pré-estabelecidas.
Herman Van Rompuy, no final do encontro, já perto das cinco da manhã locais, afirmou que "abrimos a possibilidade para os países que cumprirem as suas metas orçamentais usarem os instrumentos de estabilidade financeira para acalmarem os mercados e ganharem alguma estabilidade nos títulos de dívida".
Numa outra concessão chave para Espanha, a dívida europeia emitida pelo novo fundo de resgate, que entra em vigor em Julho, não terá estatuto de dívida sénior, algo que está previsto no Tratado que cria este novo fundo e que vinha assustando os investidores no mercado. Dívida sénior tem privilégios, tais como a prioridade no reembolso ou a protecção em caso de reestruturação.
Como boa parte do resgate aos bancos espanhóis será financiado por esta via, sempre que o estado espanhol fosse ao mercado iria emitir dívida, essa seria visto como dívida de segunda categoria, elevando-se os juros pedindo pela subscrição.
* Quem tem tomates mostra-os em altura própria, por cá são mais pastéis de nata.
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