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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
Testemunha do Freeport
ameaçada e despedida
Antiga funcionária de Manuel Pedro revelou que, depois de ter sido ouvida na primeira audiência, foi despedida da Junta da Freguesia de Marvila (PS)
Uma antiga funcionária de Manuel Pedro revelou esta quinta-feira em tribunal, que depois de ter sido ouvida na primeira audiência foi despedida da Junta de Freguesia de Marvila (PS).
Mónica Mendes disse no Tribunal do Barreiro que se apresentou ao serviço no dia 13 de Março, mas que o presidente lhe disse que tinha de ir para casa.
A testemunha, que nessa sessão disse ter ouvido uma conversa de Manuel Pedro, onde este referiu ter pago "500 mil contos a Sócrates”, contou ainda que já durante o inquérito ao licenciamento do outlet de Alcochete, foi também vítima de um assalto no sótão da sua casa e que lhe cortaram o tubo da gasolina do carro.
Testemunha diz que Manuel Pedro e Charles Smith só souberam do chumbo pelos advogados
À décima audiência do julgamento Freeport no tribunal do Barreiro, a versão mudou: João Cabral, que trabalhou na Smith&Pedro, revelou na manhã desta quinta-feira, 29 de Março, que foi o advogado José Francisco Gandarez que informou os arguidos de que o projecto para a construção do outlet em Alcochete iria ser chumbado.
O engenheiro civil contradisse, assim, as versões apresentadas na semana passada pelos advogados José Francisco Gandarez, Albertino Antunes e Alexandre Oliveira. Apesar de ter confirmado uma reunião com os três advogados em Dezembro de 2001 (disse ter sido dia 5, quando os outros falaram a 4), disse que foram estes a solicitar o encontro à pressa e que a informação sobre o chumbo partiu de Gandarez. "Não sei como ele soube disto, mas disse que havia a possibilidade de ele ser aprovado se o Freeport pagasse dois milhões de escudos". Segundo Cabral, Charles Smith e Manuel Pedro ficaram "atónitos": "Não tinham nada a ver com isso" e "tudo isto cheirava muito mal", declarou ainda.
Num documento enviado mais tarde para o escritório de ambos esse valor seria alterado: à Freeport deveria ser exigido um milhão e 250 mil escudos para que o projecto não fosse chumbado. Segundo Cabral, a posição de Charles Smith e Manuel Pedro foi de que eles não poderiam apresentar tal proposta ao Freeport.
João Cabral explicou ainda que os arguidos terão ficado surpreendidos uma vez que,e a perspectiva que tinham na altura,a é que o projecto seria aprovado de forma condicionada. Questionado pela advogada de defesa sobre se Gandarez tinha justificado as razões para o chumbo, Cabral explicou que havia problemas com algumas valências previstas no projecto e que "tinha uma equipa que podia resolver o assunto."
Paula Lourenço perguntou ainda ao engenheiro civil, que trabalha com a Freeport, se alguma vez se tinha apercebido que o Freeport considerava estar a pagar verbas indevidas à Smith&Pedro. "De forma nenhuma", respondeu.
A testemunha, que vai continuar a ser ouvida ao início desta tarde, referiu que depois de serem notificados do chumbo (acredita que foi a 9 de Dezembro), os arguidos "tentaram por todos os meios" perceber o que se podia fazer. Entre as diligências, segundo a testemunha, terá estado um pedido a José Inocêncio, presidente da câmara de Alcochete, para que se promovesse uma reunião junto do ministério do Ambiente. João Cabral também admitiu que Charles Smith se terá encontrado no Algarve com Júlio Monteiro, tio de José Sócrates que exercia a pasta de ministro do Ambiente. Mas deixou claro que a reunião foi marcada pelo presidente da câmara de Alcochete.
* Os partidocratas têm muito poder...
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