09/03/2012


HOJE NO
"i"

Álvaro Santos Pereira pode ser 
o próximo embaixador na OCDE

O cargo está vago quase há um ano, desde que Ferro Rodrigues saiu de Paris para integrar as listas do PS, mas vai ser preenchido “em breve”
A demissão de Álvaro Santos Pereira foi estancada na segunda-feira pelo primeiro-ministro, mas a saída do governo do ministro da Economia do cargo é irreversível a prazo.
Segundo soube o i, o próximo destino político de Álvaro Santos Pereira poderá ser o cargo de embaixador da OCDE, vago há quase um ano, quando o socialista Eduardo Ferro Rodrigues abandonou Paris para regressar à política activa e integrar as listas do PS para a Assembleia da República.
Contactado pelo i, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou que o preenchimento do lugar de embaixador na OCDE “está para breve”.

Álvaro Santos Pereira manteve-se no cargo depois de uma reunião de emergência com Pedro Passos Coelho na segunda-feira, mas ficou estabelecido entre os dois que a saída só se consumaria numa altura mais oportuna para o governo.
O cargo de embaixador na OCDE – que este governo nunca preencheu, depois da recusa de Pedro Santana Lopes em aceitar o posto – tornou-se subitamente uma saída airosa para um ministro na linha de fogo e que aos poucos tem vindo a ser despojado de vários dos seus poderes. Apesar dos protestos de Santos Pereira e de outros ministros, o primeiro-ministro acabou mesmo no Conselho de Ministros de quarta-feira por entregar a Vítor Gaspar o poder de decisão máximo sobre os fundos europeus do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), ficando Álvaro Santos Pereira com a modesta tarefa da “coordenação”.

Ontem à noite, na sua intervenção habitual na TVI, o ex-líder do PSD Luís Marques Mendes manifestou-se muito crítico da gestão do caso QREN/Santos Pereira. Segundo Mendes, Passos Coelho “criou uma espécie de conselho de ministros restrito para decidir sobre os fundos comunitários, conselho de ministros esse presidido pelo ministro das Finanças”.

Para Marques Mendes, “na prática o que isto significa é que houve uma mudança de liderança. O ministro da Economia coordena mas quem realmente passa a mandar é o ministro das Finanças”. Tomar esta decisão ao fim de oito meses significa, segundo o ex-líder do PSD, que Vítor Gaspar “está preocupado com a execução orçamental” e que “por outro lado, não está nada satisfeito com a forma como o Ministério da Economia tem gerido os fundos”.

Toda esta situação foi negativa: “Mostrou que havia mal estar dentro do governo e fragilizou o ministro da Economia e isso é mau. Já tínhamos um ministério ingerível. Já tínhamos um ministro sem perfil para o lugar, sem experiência e sem peso político”. “Maior fragilização de um ministro é impossível”, diz Marques Mendes que acha que o país e o governo não ganham nada em ter um ministro assim. “Perdemos todos. Temos um ministério de braços caídos, ter um ministro da Economia fragilizado e sem força política assusta-me. Porque isto significa não haver política económica. Não o digo com prazer. Digo-o com preocupação”. Mendes defendeu que devia estar em curso “uma espécie de Plano Marshall para a economia e as empresas”, mas “ninguém acredita que o ministro das Finanças vai fazer com os fundos estruturais o Plano Marshall que a nossa economia precisa”. É mais provável que os vá usar “para resolver problemas orçamentais”...


* Ainda na terça-feira passada o sr. ministro Relvas, noticiava o "CORREIO DA MANHÃ", ser contra o "cenário de intrigas" (ver caixa) e já hoje se noticía o despacho do ministro Pereira para a OCDE. Temos um governo campeão em contorcionismo.


O ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares afirmou esta terça-feira que o ministro da Economia "tem tido um desempenho muito significativo" neste Governo e lembrou que foi Álvaro Santos Pereira que "assinou um acordo histórico de concertação social".Miguel Relvas quis, desta forma, deixar o aviso de que prevalecem os "factos" e não o "cenário de intrigas".

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