Portugal tem muitas mulheres importantes, algumas são ricas, poucas são poderosas
Uma é as três coisas. Tem 36 anos e não é portuguesa. É a angolana Isabel dos Santos.
O "dinheiro dos angolanos" pesa sobre muitas consciências
Os angolanos são entronizados em Portugal
Dizem que detesta ser tratada como "a filha de José Eduardo dos Santos".
Pela maneira como está a afirmar-se em Portugal, um dia trataremos o Presidente de Angola como "o pai de Isabel dos Santos".
É a nova accionista da Zon.
E de muitas outras empresas. Uma atrás da outra, todas lhe estendem tapetes. Tapetes verdes, da cor do dinheiro.
A mulher mais rica de Portugal, segundo a "Exame", é Maria do Carmo Moniz Galvão Espírito Santo Silva, com uma fortuna de 731 milhões de euros.
Não tem metade do poder de Isabel dos Santos.
E tem apenas uma fracção do seu dinheiro: só na Galp, BPI, Zon e BESA, a empresária angolana tem quase dois mil milhões de euros. Fora o resto.
A lista dos dez mais ricos de Portugal está aliás cheia de pessoas que fazem negócios com a família dos Santos. Américo Amorim é sócio de Isabel na Galp e no Banco BIC.
Belmiro de Azevedo, segundo foi noticiado, quer ser parceiro de distribuição em Angola.
O Grupo Espírito Santo tem interesses imobiliários, nos diamantes, na banca.
Salvador Caetano tem concessões.
O Coronel Luís Silva acaba de fechar negócio para vender acções da Zon a Isabel dos Santos.
Zon onde João Pereira Coutinho e Joe Berardo são accionistas.
Da lista dos mais ricos, só a família Mello e Soares dos Santos estão "fora" da geografia.
O "dinheiro dos angolanos" pesa sobre muitas consciências.
Soares dos Santos foi o único a assumir publicamente o desdém pelos níveis de corrupção de Angola.
Isabel dos Santos é accionista da Zon e sócia da PT.
É accionista do BPI e sócia do BES.
É accionista da Galp e a Sonangol é parceira da EDP.
A empresária garante que não tem relações com as actividades do seu pai e da estatal Sonangol.
Identificando todos os interesses em causa, as relações de sociedades portuguesas alargam-se ainda à Caixa, Totta, BPN e Mota-Engil.
O que faz com que tantas empresas portuguesas implorem para fazer negócios com Isabel dos Santos?
E que Isabel "jogue" em equipas rivais, concorrentes confessos em Portugal, sem um pestanejo?
Só uma coisa consegue tanto unanimismo: o dinheiro.
A contrapartida de acesso ao crescente mercado angolano.
Os portugueses não abrem os braços a Isabel dos Santos, abrem-lhe as carteiras - vazias...!!!!
Isabel e José Eduardo construíram um poder tão ramificado em empresas portuguesas que só o Estado e Grupo Espírito Santo os ultrapassarão.
Tanta concentração de poder é mais ameaçadora do que uma nacionalidade.
FONTE : "JORNAL DE NEGÓCIOS"
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