MOURA
DISTRITO DE BEJA
Moura é uma cidade portuguesa pertencente ao Distrito de Beja, região do Alentejo e sub-região do Baixo Alentejo, com cerca de 8 459 habitantes.
É sede de um município com 957,73 km² de área e 16 120 habitantes (2009), subdividido em 8 freguesias. O município é limitado a nordeste pelo município de Mourão, a leste por Barrancos, a leste e sul pela Espanha, a sudoeste por Serpa, a oeste pela Vidigueira e a noroeste por Portel e por Reguengos de Monsaraz.
Área do Concelho_ 958km2
Freguesias do Concelho
Sto Agostinho (Moura)
S. João Baptista (Moura)
Amareleja
Póvoa de S. Miguel
Safara
Sto Aleixo da Restauração
Sto Amador e Sobral d’Adiça
Sede de Concelho_ Moura
Distância média das freguesias à sede de concelho_ 16,3 km2
População residente_ 16 590 (Censos 2001)
Número de Estabelecimentos de Ensino – 2003/2004
1º ciclo – 12
2º/3º ciclo – 3
Secundário – 1
Escola Profissional – 1
Conservatório Regional do Baixo Alentejo – Secção de Moura – 1
Instituto de Estudos Superiores de Recursos Naturais – 1
Centro de Saúde sem unidade de internamento em Moura
Farmácias
4 em Moura
2 em Amareleja
1 em Safara
1 em Sto. Aleixo da Restauração
1 em Póvoa S. Miguel
1 em Sobral D’Adiça
1 em Sto. Amador
Posto de Turismo em Moura_ 2
Espaço Internet_ 1
Distâncias a (Km)_
Sines 160
Sevilha 187
Lisboa 220
Faro 220
Beja 60
Évora 80
Principais redes viárias
Estradas: EN 255, EN 255-1, EN 258, EN 385, EN 386
O concelho de Moura está integrado na Rota dos Vinhos do Alentejo e no Itinerário de Turismo Cultural Rota do Manuelino e Itinerário de Turismo Cultural Terras da Moura Encantada.
Nas palavras de Joaquim Costa, um poeta da cidade, Moura é um "Oásis verdejante" no seio de um mar de "searas douradas". Os jardins frescos por onde alastra a luz ardente do Alentejo, a água límpida das fontes milagrosas, a simplicidade e sabedoria das suas gentes, testemunhas vivas de tradições seculares, são por si só uma promessa de tranquilidade e acolhimento.
Gentílico | Mourense, Caleiro (popular) | ||||||
Área | 957,73 km² | ||||||
População | 16 120 hab. (2009[1]) | ||||||
Densidade populacional | 16,83 hab./km² | ||||||
N.º de freguesias | 8 | ||||||
Presidente da Câmara Municipal | Não disponível | ||||||
Fundação do município (ou foral) | 1295 | ||||||
Região (NUTS II) | Alentejo | ||||||
Sub-região (NUTS III) | Baixo Alentejo | ||||||
Distrito | Beja | ||||||
Antiga província | Baixo Alentejo | ||||||
Orago | Nossa Senhora do Carmo | ||||||
Feriado municipal | 24 de Junho | ||||||
Código postal | 7860 Moura | ||||||
Endereço dos Paços do Concelho | Praça Sacadura Cabral 7860 Moura | ||||||
Sítio oficial | CM Moura | ||||||
Endereço de correio electrónico |
Confinado com o concelho de Barrancos e com a fronteira espanhola, a Herdade da Contenda (propriedade do município) constitui, com os seus 5 000 hectares, a maior reserva de veados existente em Portugal. As potencialidades cinegéticas e ambientais do concelho constituem, aliás, uma das suas maiores riquezas, ainda por explorar do ponto de vista turístico.
O branco luminoso dos bairros antigos, a sobriedade majestosa do castelo e toda a riqueza arquitectónica de Igrejas e Conventos, são as manifestações de uma miscelânea de heranças culturais, entre as quais se destacam a Romana e Árabe, que marcaram profundamente o carácter desta terra no trabalho de campo, no rico artesanato e nos costumes como, de resto, nas lendas e tradições.
Regimento de cavalaria de Moura, em 1783. |
Fortemente ligada ao passado, Moura não deixa de apostar no seu futuro: de olhos no Guadiana, que se espraia nas suas terras, a meio caminho de Lisboa e Sevilha, oferece alojamento de qualidade e animação turística diversificada. Com cerca de 16 500 habitantes, distribuídos pelas 8 freguesias, o concelho é hoje a promessa de uma estadia retemperadora.
O Concelho beneficia de importantes recursos hídricos subterrâneos que servem para abastecer a maior parte da população e proporcionam a exploração de águas minero-medicinais.
Na gastronomia, Moura distingue-se pela qualidade do seu mel, queijo, vinho, azeite, pão e enchidos e, no artesanato, nas áreas do buínho, da cestaria e do ferro forjado.
Desde as modas, às feiras grandes de Maio e Setembro, passando pelas festividades religiosas e outras como as Janeiras e o Carnaval, o concelho mantêm usos e costumes que remontam a tempos ancestrais.
HISTÓRIA
Durante a ocupação romana da Península Ibérica, chamar-se-ia Arucci ou Civitas Aruccitana Nova. As invasões muçulmanas renomearam-na para Al-Manijah. A designação actual de Moura surge ligada à Lenda da Moura Salúquia. Foi conquistada pela primeira vez em 1166 pelos irmãos D. Pedro e D. Álvaro Rodrigues e perdida quase de seguida. Foi, ainda em 1166, conquistada por Geraldo O Sem-Pavor, tendo depois disso e até ao reinado de D. Dinis, sido perdida e reconquistada mais quatro vezes. Só foi definitivamente conquistada em 1295 no reinado de D. Dinis.
Recebeu foral de D. Dinis em 1295. D. Manuel I concedeu-lhe foral novo em 1512. Em 1554 recebeu o título de Notável Vila de Moura, das mãos de João III de Portugal.
A proximidade da fronteira espanhola fez com que nas suas cercanias se edificassem postos de vigia ou atalaias, colocados em pontos elevados estratégicos, constituídos por construções troncopiramidais de altura razoável e de difícil acesso, que foram postos à prova durante a Guerra da Restauração e a Guerra da Sucessão.
Em 1707, o duque de Ossuna cercou Moura e só em 1709 é que se viu definitivamente livre do ocupante espanhol que antes de se retirar destruiu as fortificações.
Moura foi elevada a cidade por lei de 1 de Fevereiro de 1988.
Foi em Moura que viveu Bartolo, uma personagem importantíssima na história da cidade visto que liderou o exército que expulsou definitivamente os espanhóis aquando da sua ocupação.
A margem esquerda do Guadiana, integrada no período romano na Bética Ocidental e desde sempre sob a influência política de Sevilha, desempenhou ao longo da Idade Média e, depois, até à Guerra da Restauração, um papel de razoável importância na política externa de Portugal.
PONTE ROMANA |
Na zona de Santo Aleixo são detectáveis vestígios que comprovam uma ocupação pré-histórica, sobretudo na Herdade da Negrita, onde se encontra um importante conjunto megalítico. Esta fixação humana no Concelho, desde épocas tão recuadas, encontra justificativa na riqueza da zona em minério, na proximidade de importantes vias fluviais e na existência de importantes zonas de cultivo.
O Castelo de Moura assenta sobre um povoado da Idade do Ferro de comprovada importância política e económica, contemporâneo do Castro da Azougada, dos Ratinhos e do Álamo, onde em 1930 foi feito um importante achado de cinco peças em ouro, hoje depositado no Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia.
LENDAS
Lenda Moura Salúquia
Em 1165 Moura era uma cidade chamada Al-Manijah, capital de província. Governava então nessa importante cidade uma formosa moura, de nome Salúquia, filha de Abu-Assan, que se apaixonou pelo alcaide de Arouche, de seu nome Bráfama. Chegada a véspera do dia das núpcias, grande alegria reinava no castelo de Al-Manijah. Salúquia esperava ansiosamente, no alto da torre, ver surgir o seu noivo, entre os densos olivais.
Entre tanto Bráfama acompanhado de brilhante comitiva, cheio de contentamento e desprovido de armas, pois ia para um festim e não para a guerra, deixava Arouche e tomava caminho da terra da sua amada, que estava localizada a 10 léguas de distância.
Todo o Alentejo, ao norte e a oeste de moura já tinha sido conquistado pelos cristãos.
El-rei D. Afonso Enriques, encarregou D. Álvaro Rodrigues e D. Pedro Rodrigues, dois irmãos fidalgos muito valentes e ilustres, de conquistarem Al-Manijah, uma das mais importantes cidades muçulmanas, além do Guadiana.
Estes dois fidalgos, sabedores do que se passava no castelo, foram esconder-se com o seu exército num olival (chamado hoje Bráfama de Arouche) e aí esperaram o desventurado alcaide e a sua comitiva para, traiçoeiramente, matarem os infelizes árabes. Já mortos, os cristãos despiram-se e vestiram-se com os seus trajes.
Disfarçados de muçulmanos e simulando alegres canções mouriscas, dirigiram-se de que nada suspeitava.
Salúquia, ao vê-los, mandou baixar a ponte levadiça, julgando que seu noivo se aproximava e depressa percebeu que tinha sido traída: os invasores ao transporem os muros, baixaram as máscaras de árabes honrados e começaram a ferir, sem dó, a desprevenida guarnição de Al-Manijah.
Sabedora do que se passava, alcaidessa preferiu a morte à escravidão e num derradeiro esforço, verdadeiramente heróico, tomou as chaves do castelo e precipitou-se da torre onde se encontrava (Torre da Salúquia).
Depois da morte da alcaidessa e da conquista da cidade, os irmãos Rodrigues, pelo o que parece, quando queriam referir-se a Al-Manijah diziam a terra de Moura, a vila (que nesse tempo significava cidade) da Moura.
Lenda da Marquesa de Távora
Diz a Lenda que, certo dia, a Herdade da Estepa acolheu em segredo a Marquesa de Távora, sua proprietária, que vinha em procura de esconderijo, pela perseguição movida á sua família pelo Marquês de Pombal, que a acusava e á sua família de uma suposta tentativa de Regicídio.
LEONOR |
Ao que parece a senhora chegou pela calada da noite, acompanhada da sua aia, e logo procurou abrigo no forro das arrecadações do Monte da Estepa, onde passou escondida muitos dias e noites, na esperança de escapar á forca. Os criados, cientes do perigo que a senhora Marquesa corria, ocultaram o paradeiro da mesma.
A marquesa passava as horas sentada á porta, acariciando uma linda gatinha que adorava e que a acompanhava também no forro, onde se escondia, ou então rezando na Capela de S. Vicente. No entanto, não tardou a que viessem no seu encalço, e certo dia, apareceu um grupo de cavaleiros que procurava a Marquesa de Távora na Herdade da Estepa. Dirigiram-se ao Monte, onde esperavam encontrá-la, e ameaçaram uma das criadas para que esta denunciasse o paradeiro da Marquesa. Esta, no entanto, não atraiçoou a senhora mas, eis que quando estavam prestes a desistir desta busca, os cavaleiros começam a ouvir os miados da gatinha que a marquesa tanto estimava.
Alertados pelos miados, que mais parecia querer atrair os cavaleiros para o 1º andar, estes seguiram atrás do animal que parecia guiá-los, e , no forro da habitação foram encontrar a fugitiva. Aprisionada, a senhora foi levada para um aziago destino, perante as lágrimas da criadagem, que por ela tinham muito apreço.
Roque Antunes
Roque Antunes, natural de Moura, foi protagonista de um dos episódios marcantes da História de Portugal, dando a vida pela Pátria em 1641.
Ficou a memória que, Roque Antunes se alistou como voluntário, para engrossar as fileiras que combatiam os espanhóis. A 9 de Junho de 1641, fazendo parte de um grupo de 10 homens que acompanhavam D. Francisco de Sousa, Roque Antunes seguia a caminho de Badajoz quando sofreu o ataque de espanhóis.
Roque Antunes foi feito prisioneiro pelos castelhanos, e embora lhe fosse prometida a vida se gritasse " Viva el-rei D.Filipe", ao invés ele repete várias vezes " Viva el-rei D. João, meu senhor", tendo por isso sido morto.
Três soldados que conseguiram escapar, contam o feito em Elvas, e então o General Matias de Albuquerque manda buscar o corpo de Roque Antunes, que com grande pompa, recebe sepultura na Sé de Elvas.
A Herdade da Coroada e o Tratado das Terçarias
Moura foi palco, nos finais do Século XV, do Tratado das Terçarias, um acordo de paz entre Portugal e Castela, assinado no seguimento do Tratado de Alcáçovas. O Tratado das Terçarias de Moura, ratificado a 6 de Março de 1480, estipulava que o Infante D. Afonso, ao chegar á idade de 7 anos, casar-se-ia "por palavras de futuro" e aos 14 "por palavras do presente", com a Infanta D. Isabel, filha mais velha dos Reis Católicos, a qual, como dote traria a quantia de 40 contos de réis (metade como indemnização dos gastos feitos pela guerra por D. Afonso V, pagável em qualquer caso, devendo os outros 20 contos ser restituídos a Castela se houvesse falha no cumprimento do Tratado).
Como caução do acordado decidiu-se que fossem postos em terçaria (depósito) na Vila de Moura, D. Joana, o Infante D. Afonso e a infanta Dª Isabel, confiados á guarda da Infanta Dª Beatriz.
A cerimónia de entrega decorreu em 1481 na já então denominada Herdade da Coroada: "A Infanta Dª Beatriz com grande companhia a sahio a receber (princesa Dª Isabel) até um Ribeiro que divide os Reynos, junto a uma quinta que chamão a Coroada".
D. João II, o Príncipe Perfeito, estaria através deste acordo prestes a realizar um sonho antigo: através do casamento do seu primogénito, o Infante D. Afonso, com a filha mais velha dos Reis Católicos, iria unir sob o ceptro português os Reinos da Península Ibérica. Mas, no ano seguinte, D. João II, temendo pela vida do filho, manifestou o desejo de quebrar o Tratado, o que veio a conseguir, embora o casamento tenha sido ajustado novamente em 1488.
Os cronistas descrevem o casamento ocorrido em 1490 em Évora como um acontecimento extraordinário e as suas festas "em tudo tam reaes, e tam ricas, que já em Hespanha pera sempre serem lembradas sos, e sem comparaçam". No entanto, os sonhos da união ibérica dissiparam-se quando oito meses depois da boda, D. Afonso caiu do cavalo e morreu.
Os Expostos de Moura
Ao puxarem as suas redes do fundo do Rio Tibre, os pescadores de Roma do Sec. XIII não traziam apenas peixes para os seus barcos, mas corpos de recém-nascidos lançados ao rio pelos próprios pais. Preocupado com esta situação, o Papa Inocêncio III designou o Frei Guy de Montpellier para criar um serviço no Hospital do Espírito Santo, em Roma, para receber as crianças abandonadas .
O religioso mandou abrir um buraco na parede e encaixar ali uma espécie de caixa cilíndrica, onde a mãe pudesse entregar a criança, anonimamente. Assim nasceu a "Roda dos Expostos", ou "enjeitados", que logo se vulgarizou na Europa, e depois por outros países. Muitas vezes o destino dos expostos era nebuloso, tal é o caso de Alcoutim, onde os mesmos eram comprados pelos espanhóis, com o fim de os criarem para o seu serviço.
Em Moura, as crianças abandonadas também usufruíam da "roda dos expostos", restando ainda razoavelmente conservada, a "casa da Roda", como é chamada, adossada ao edifício do Convento das Dominicanas do Castelo. Os motivos que levavam as mães a abandonar os seus filhos eram invariavelmente duas: ou porque eram fruto de um amor proibido, ou porque a mãe não tinha recursos económicos para criar a criança. As crianças expostas, seriam depois entregues a uma ama de criação, que era paga mensalmente pelo serviço prestado. Estas amas, normalmente oriundas de famílias pobres de todo o concelho, tratariam destas crianças até que as mesmas completassem os sete anos, altura em que já se consideravam aptas para trabalhar, embora a taxa de mortalidade fosse muito elevada, sendo que a maioria morria antes de atingir o ano de idade. Não era invulgar a mãe que abandonava o filho oferecer-se depois para ama de criação. A roda dos expostos foi particularmente activa em Moura, entre os séculos XVIII e XIX, mas a partir de 1836, e por decreto de D. Maria II, a despesa das rodas e criação dos expostos passa a ser da responsabilidade das Câmaras Municipais.
MONUMENTOS
Convento do Carmo
Não existe a menor dúvida de que a primeira fundação carmelita em terras portuguesas se realizou em Moura, no ano de 1250. Menos certa, é contudo a responsabilidade da fundação do Convento do Carmo, que muitos historiadores atribuem ao infante D. Afonso de La Cerda (fundador de mais dois conventos, um em Gibraleon e outro em Requena)
Desde a sua fundação, este convento beneficiou de numerosos privilégios reais e era tal a devoção dos habitantes da Vila e arredores que, já no séc. XVI, temos bens de famílias importantes a serem doados ao convento, por vontade testamentária. De referir a título de exemplo a doação efectuada por Afonso Gonçález, cónego de Badajoz, em 1428, de todos os bens que o mesmo tinha em Moura ( com obrigações de missas e sufrágios).
Este espaço é merecedor de uma visita atenta, não só pela história que lhe é intrínseca, como pela interessante componente arquitectónica que ostenta. Inicialmente construído no chamado gótico alentejano, este templo imponente com as suas três naves de seis tramos, sofreu várias alterações manuelinas e renascentistas na sua traça. De destacar, a bonita abóbada artesonada manuelina da sacristia, em cujas intersecções está a cruz de cristo representada, o magnífico púlpito em muito semelhante ao da Igreja de S. João, e, um pouco por todo o Convento, a presença da simbologia da ordem de Malta, nomeadamente na entrada para o refeitório, e no muro de ingresso ao templo.
Renascentistas são a fachada e o pórtico principal, assim como o claustro e algumas capelas. Como personalidades ilustres ligadas a Moura e simultaneamente á História do Carmo, devemos ressaltar Frei Baltazar Limpo, natural de Moura e figura de destaque no seu tempo (1478-1558), uma vez que foi bispo do Porto e participou no Concílio de Trento, encontrando-se sepultado numa das capelas laterais da Igreja do Carmo.
Menos conhecido pelos naturais da terra, foi Martin de Sottomayor. Nascido em Moura no sec. XV, esteve vinculado ao Carmo de Lisboa, exerceu o cargo de pregador do Rei D. Afonso V, foi bispo titular de Tripoli e juiz apostólico dos Breves que vinham de Roma.
D. Nuno Álvares Pereira também é uma figura desde sempre ligada a este convento uma vez que daqui foram levados por ele os primeiros religiosos para o Convento do Carmo em Lisboa, e sempre se interessou pelo Convento de Moura, ao qual atribuiu sempre avultados donativos.
Convento de São Francisco
Este convento foi fundado em 1547, altura em que contou com inúmeras contribuições, em especial do Rei D. João III.
Este monarca tinha um afecto especial pela Ordem Franciscana, pelo que dotou o Algarve de conventos que mandava construir à sua custa. D. João III doou aos franciscanos um pequeno bosque em Moura com uma casa de campo, para que aí fosse instalado o Convento de S. Franscisco.
Apesar de a data da construção remontar a 1547, a obra foi demorada e somente foi concluída em 1693, data em que terminou a construção do adro e da porta da igreja.
Vários foram os contributos para a construção deste edifício, mas entre eles destaca-se o de D. Isabel de Moura, que custeou a construção da capela-mor.
O claustro foi construído por vontade do padre, Frei Martinho de Santo António, da família dos Vieiras.
Luís Pereira de Sequeira foi o responsável, no século XVII, pela construção da abóbada da igreja e consta que, havendo falta de materiais, as pedras e outros materiais, os que estavam destinados a esta construção foram aproveitados na fortificação da praça, tendo parte da igreja sido coberta com um lanço de telha vã e ficando o restante a descoberto.
Com a extinção das ordens religiosas, algumas partes do convento foram desmanteladas ou reaproveitadas. Tal foi o caso do portão de entrada do campo de futebol D. Maria Vitória, que ostenta cantaria pertencente a este edifício. Digna de admirar pela sua magnificência é a capela lateral da Vieira, uma das mais belas do distrito de Beja, construída em forma de concha e dedicada a “Asumptio Beatae Mariae Virginis”.
Igreja de São Pedro
Museu de Arte Sacra
Por volta de 1600, a colegiada dos padres de S. Pedro obteve provisão de Filipe III para trocar olival por casas (pertencentes a Dª Brites Lourenço Estibéria) onde queriam fundar a igreja , tendo conseguido obter bula papal para esse efeito.
Apenas em 1674 é esta igreja concluída, conforme atesta a data existente no portal. Classificada como imóvel de interesse público desde 1963, esta igreja é de arquitectura simples, com portal em granito, de linhas rectas, onde existe um nicho que encima o portal, com a imagem de S. Pedro, também em granito.
No interior, o revestimento riquíssimo da igreja, é feito com azulejos de padrão seiscentista polícromos e azulejos setecentistas, em tonalidades de azul, branco e com apontamentos a amarelo. A capela mor, que sofreu a reconstrução da sua abóbada em 1963, apresenta um revestimento azulejar particular, com a representação de panejamentos afastados que deixam ver o altar mor, num efeito cenográfico ao estilo barroco.
Desde 17 de Dezembro de 2004, a igreja de S. Pedro foi refuncionalizada como núcleo museológico, albergando a exposição “Visões do Invisível- Arte Sacra na Diocese de Beja”, com uma mostra preciosa da arte sacra alentejana.
CASTELO
O Castelo de Moura encontra-se implantado na zona mais alta da Cidade, em posição inter-fluvial. Edificado sobre um castro pré-romano, numa zona intensamente ocupada pelo homem, constitui um importante repositório da História de Moura.
Detendo a classificação de Imóvel de Interesse Público, esta fortificação integra no seu recinto torres circulares e quadradas.
Do período Islâmico chegou até nós uma torre de taipa sobranceira ao edifício da Biblioteca Municipal, que terá sido construída no século XI ou XII. Dessa época é também a lápide que comemora a edificação de uma torre, mandada fazer por Almutadide Billahi, chefe de uma taifa em meados do século XI.
Após a reconquista definitiva que data de 1232, D. Dinis ordenou a reconstrução do Castelo sobre as ruínas do antigo, datando dessa campanha de obras a construção da Torre de Menagem.
No século XVI foi edificado o Mosteiro de Nossa Senhora da Assunção integrando a Igreja de Santa Maria, outrora Mesquita, passando de Igreja Matriz a dependência do Mosteiro.
Três grandes nascentes brotam no Castelo e as mais importantes abastecem ainda a fonte de Santa Comba e a Fonte das Três Bicas. Aliás, a existência de vários mananciais de água com reconhecidas qualidades minero-medicinais tornaram possível a existência de termas em Moura desde 1899.
No século XVII é a vez da Guerra da Restauração impelir a um reforço da fortificação que foi adaptada ao tipo abaluartado, do ponto de vista militar mais eficiente. Na sequência desta Guerra, o Duque de Ossuna, depois de invadir a Vila em 1707, mandou destruir o Castelo, data que foi parcialmente destruída a Torre de Salúquia.
O grande sismo de 1755, a perda das funções militares da praça em 1805 e a exploração do salitre no recinto do Castelo com o consequente desmantelamento dos muros, vieram acelerar o estado de ruína deste monumento.
O Castelo de Moura e área envolvente, constitui a zona mais nobre da Cidade, pelo importante valor patrimonial e cultural de que é detentor apesar de se encontrar despojado das funções religiosas, habitacionais e defensivas que outrora conservou.
MUSEUS
MUSEU MUNICIPAL
Data de 1884 a primeira tentativa de criar um museu em Moura, altura em que um grupo de mourenses recolhe espólio arqueológico significativo, e manifesta vontade de o preservar e expor ao público. Somente em 1915 esta intenção se revelou frutífera, concretizando a ambição daqueles e de outros mourenses, e é instituída a Biblioteca-museu, que dispunha das secções de : Pré-história, Época Romana e Etnografia Portuguesa. Este desejo de conservar num espaço visitável os achados arqueológicos do Concelho, foi ao longo dos anos instigado por pessoas como o Dr. Fragoso de Lima ou o Sr. João da Mouca, estudiosos da História Local, e fervorosos recolectores de peças que engrandeciam cada vez mais a colecção já existente.
Em 1993, a Câmara Municipal de Moura considera que a colecção de cariz eminentemente arqueológica que possui é de relevante importância, e que por tal merece um espaço próprio. Nesse mesmo ano, o museu deixa de partilhar o espaço da Biblioteca Municipal, e é transferido para um edifício conhecido como “a casa do rato”, antigo celeiro comum. Trata-se de uma exposição permanente, onde poderá ser apreciada uma grande variedade de materiais arqueológicos (da Pré-história, ao séc. XVIII), etnografia africana, armaria e arte sacra.
O Museu Municipal de Moura, proporciona ao utente do espaço um apoio personalizado na visita à exposição permanente, que se reveste da forma de visita guiada, ou esclarecimentos mais aprofundados acerca da exposição permanente exposta. Procura também prestar informações esclarecedoras acerca do património histórico e natural de que o visitante poderá usufruir na sua visita à Cidade de Moura. Funciona como uma espécie de complemento à visita ao Museu e ao próprio Centro Histórico de Moura, o espaço destinado á venda de livros, publicações da Câmara Municipal de Moura que o visitante poderá adquirir, tendo em vista um aprofundar acerca da história local e património histórico.
Da mesma forma o Museu, procura facilitar as relações com o público interessado no espólio em reserva, muitas vezes estudantes de arqueologia que procuram as peças em reserva tendo em vista o estudo e pesquisa destinados a trabalhos científicos. È normal conduta do museu, o incentivo a estudos deste tipo que não só valorizam as colecções em causa, como também estreitam as relações entre o museu e a comunidade envolvente.
POÇO ÁRABE
Reconquistada em definitivo em 1232, Moura continuou a possuir uma presença muçulmana muito importante, que se traduziu, quer na existência da mouraria (de dimensões consideráveis), quer nos documentos reais a ela destinados, principalmente no reinado de D. Dinis.
Com o édito de D. Manuel de 1496, os mouros não convertidos seriam obrigados a sair de Portugal, e as mourarias perderiam a função original.
Reaberto ao público em 1999, e situado no coração desse Bairro, o núcleo islâmico exibe "in situ" um poço árabe, do seco XIV, para além de algumas peças de cerâmica e candis. Muitos vestígios árabes se juntam a estes, tal como: a mão-de-Fátima
(um amuleto em osso), a arqueta islâmica, e várias epígrafes das quais a mais relevante é a que se encontra ainda encastrada numa fonte do castelo, e que atesta a construção do minarete da mesquita.
LAGAR DE VARAS
Situado numa zona de incontestável valor olivícola, o azeite de Moura desde sempre figurou entre os melhores do Mundo, conforme atestam os Anais de Moura: “
Desde muito tempo, que a qualidade do azeite de Moura o põe a par dos melhores de Portugal, porque vemos que Flandres, Alemanha, Castela, Leão, Galiza, se proviam de azeite de Santarém, Lisboa, Abrantes, Moura, Elvas e Coimbra”. È tão afamada a qualidade do azeite de Moura que faz parte do imaginário colectivo a célebre expressão: “Fino como o azeite de Moura!”.
A produção de Azeite atingiu uma dimensão tamanha que, na década de 30 existiam 26 lagares em funcionamento em Moura e até uma “Rua dos lagares”. Assim sendo, a actividade oleícola detinha um importante papel económico no seio da comunidade mourense, constituindo um importante meio de subsistência, enquanto o fabrico de azeite conheceu uma forma mais artesanal de produção e necessitava de muitos braços para que um lagar estivesse apto para funcionar (mais tarde com a vulgarização dos motores a vapor nos lagares portugueses, o sistema de produção mecanizou-se e decresceram as possibilidades de emprego num lagar).
Detendo a classificação de “Imóvel de Interesse Público”, o Lagar de Varas do Fojo, como é denominado, evolui do sistema romano de produção de azeite e conheceu um período activo de laboração de exactamente um século (1841-1941). Este lagar é o testemunho fiel do fabrico do azeite sem recurso a máquinas, mantendo toda o tradicionalismo, em que a força motriz era a força animal. Trata-se de um lagar de tipo comunitário, que trabalhava à maquia, o que significa que, qualquer pessoa que tivesse azeitona poderia trazê-la a este lagar e transformá-la (deixando em compensação uma parcela do azeite produzido ao dono do lagar). Neste lagar podem identificar-se três espaços distintos: a zona das tulhas onde a azeitona era depositada, a sala de moagem onde a azeitona era transformada numa pasta, e a zona das varas onde a massa da azeitona era prensada.
O Lagar de Varas do Fojo, actualmente museu e aberto ao público, conserva ainda toda a maquinaria original deste edifício, e possui um conjunto de informações que permitem um conhecimento mais profundo em relação não só ao modo de funcionamento do lagar, como do quotidiano do lagareiro e da História do azeite. A sua autenticidade e o seu estado de conservação faz com que o Lagar de Varas do Fojo seja um exemplar raro na península Ibérica.
“FINO COMO O AZEITE DE MOURA!”
REFERÊNCIAS AO AZEITE DE MOURA
REFERÊNCIAS AO AZEITE DE MOURA
Em resposta aos capítulos apresentados nas cortes de Évora de 1436 pelos procuradores da vila de Beja , D. Duarte fez a carta de 12 de Julho de 1436. Faz referência ao crescimento constante da zona de olival em Beja, e, mais importante, faz referência à zona de Portel e Moura como grande produtora de azeite. Trata-se muito provavelmente da referência mais antiga à produção de azeite em Moura.
“ Outrossy poucos tpos aca há em esta Vila muytos olivaes & se acrescentam em cada huu dia avendo hi doze vergas em que se lavra a dita azeitona & som dos mayores & mais poderosos que na uila há. E nom qrem leuar senom de sete huu & alqueyre de çevada. E per a hordenaçom que lhe o dito conçelho ponha per assy seerem podorosos nom a querem manteer. E por que nos avemos os foros & husos & custumes se Samtarem seja nossa merçee mandar quesse huse nos logares da dita Villa como sse husa e leua nos de samtarem. Ou como sse husa e leua nos logares das comarcas. E assy averam as gemtes voomtade dacrecentar nos ditos oliuaaes poendo nos pena aos que vosso rregm.to guardar nom quizerem. A esto vos rrespondemos que leuem como leuam em portell &moura que som lugares seus vizinhos em que mais azeite há…”
Nos meados do sec. XVI, na sua "Corografia do Reyno de Portugal", Nunes de Leão diz: “finalmente em todos os logares de Portugal & do Algarve se dá azeite contra o que Theophrasto screveo, que diz nam se darem oliveiras afastadas do mar quarenta milhas, que sam dez légoas, do que vamos ver o contrario nas Cidades de Évora, Beja, Elvas, & na Villa de Moura, em que há mais cópia que em nenhum lugar do reino, & nas Villas de Serpa, Estremoz, Porel (Portel?), & outras, & em outros muitos lugares do Alentejo, & de Estremadura, & da Beira mettidos pello sertam muitas mais legoas afastadas do mar por hi ser o ar mais tepido, & mimoso se dam as oliveiras melhor”.
A descrição de Manuel de Faria e Sousa, no seu Epitome de las historias Portuguesas, acerca da produção de azeite no século XVII, expressa bem a valorização que o azeite de Portugal detinha no estrangeiro, assim como os níveis de exportação: “Flandes, Alemania, Castilla Vieja, Leon, Galicia, La India, el Brazil, del azeite del Reino se sustentan... las Villas de Santaren, de Tomar, de Abrãntes, de Extremos, de Moura, las comarcas de Lisboa, de Coimbra, de Elvas, i de Beja esprimen mares deste licor, i admirable: a todo excede el de Coimbra, i todos a los del mundo…”
Nos Anais de Moura, citando as Memórias para a História da Agricultura em Portugal, de 1792, é referido que “desde muito tempo, que a boa qualidade do azeite de Moura o põe a par dos melhores de Portugal, porque vemos, que Flandres, Alemanha, Castella, Leão, Galiza, se proviam de azeite de Santarem, lisboa, Abrantes, Moura, Elvas, Beja e Coimbra”.
Encontramos ainda referência nos Anais de Moura, a respeito da actividade agrícola dos habitantes de Moura: “constroem bons lagares, e boas adegas para azeite”, e acrescenta os dados para o ano de 1855, que apontavam uma produção na ordem dos 90 a 100.000 alqueires de azeite.
FAZER AZEITE NO LAGAR DE VARAS DO FOJO
As azeitonas chegavam ao Lagar e eram logo encaminhadas para as tulhas onde permaneciam até serem prensadas. Por ordem de chegada as azeitonas iam sendo levadas em cestos para a sala de moagem onde, pacientemente iam sendo moídas. Após o árduo trabalho do burro que accionava o engenho da moenda durante muitas horas, as azeitonas eram moídas até constituírem uma pasta. O pavimento do lagar destinado a este trabalho era de terra batida para facilitar a tarefa do animal. Quando bem moída, a massa de azeitona era retirada pela abertura existente na base do farneiro e levada em gamelas para ser enseirada. Após o enchimento das seiras, ou enseiramento, com a massa de azeitona, o lagareiro sobrepunha um conjunto de seiras sobre o estrado da prensa a que se dá o nome de algués. Sobre as seiras ainda se colocava a porta e os malhais, sobre os quais iria assentar a extremidade mais pesada da vara. Em seguida seria accionado o mecanismo da vara, que a faria baixar. Dois homens introduziriam uma alavanca, ou panca, na base do fuso da vara, fazendo com que o mesmo girasse sobre o eixo, assente no peso. Fazendo subir a ponta da vara, que em forma de forquilha actua ao longo do fuso, baixa a outra extremidade, transformando a vara numa espécie de alavanca inter-resistente. Quando a extremidade oposta ao fuso baixa, exerce pressão sobre as seiras, fazendo-as libertar azeite e água-ruça.
Depois de escorridas as seiras, a vara subia novamente para que se pudesse proceder à caldeação. Nesta operação era utilizada a caldeira do lagar, onde era aquecida a água necessária a esta operação. Depois de “quebrada” e remexida a massa do interior das seiras, as seiras eram abertas, e era-lhes colocado uns paus ao alto que as mantinham abertas, e de seguida era-lhes deitada água bem quente. Esta água quente fluidificava a massa de azeitona que já havia sido prensada, e ao mesmo tempo iria permitir o desprender de azeite que esta massa ainda continha. Esta operação permitia que a vara fosse novamente accionada, de forma a realizar novo “aperto”. Juntamente com a água quente iria correr pelo boeiro até á tarefa, mais algum azeite á mistura.Para a separação do azeite da água ruça é necessário proceder à decantação destes líquidos, de forma a purificar o azeite o mais possível.
Era na zona das tarefas que se procedia a esta operação, que, como atrás foi referido, era da responsabilidade do mestre do lagar e era determinante para a qualidade do azeite e para a própria reputação do lagar. O azeite corre das seiras pelo boeiro até ás tarefas, de mistura com a água ruça. Sendo mais leve que a água, o azeite sobrenada na tarefa, enquanto que a água ruça permanece por baixo. O azeite desta tarefa passa a uma outra tarefa, a que está ligada por um pequeno canal, a “galeira”. A água ruça é libertada para fora da primeira tarefa, destapando um buraco que possui próximo da base e que levará a água ruça para um tanque subterrâneo conhecido como “inferno” ou “ladrões” . Com o auxilio de uma candeia e de uma vara de marmeleiro o mestre de lagar mede o nível de água ruça, para conhecer o momento ideal de a escoar, destapando o “espicho”.
À tarefa para onde vai só o azeite dá-se o nome de “tesoiro”, ou pilão, e o azeite era retirado daí para outros recipientes, pelo lagareiro, com o auxílio de uma concha. Um buraco na parede facilita o acesso do lagareiro ao fundo da tarefa, de onde retira também manualmente os assentos ou “borras” do azeite. Estas borras eram levadas para umas tarefas que apenas serviam esta finalidade.
MUSEU DO RIO
O núcleo do Rio do Museu de Santo Amador pretende abordar a interacção que tem existido entre o Ardila e o homem desde há muito anos.
Foi montado numa lógica de contemplação e de apreciação demorada, como se estivéssemos sentados à beira-rio captando todos os pormenores que nos rodeiam.
A experiência mostrou-nos que a contemplação de um espaço com estes objectivos, exige uma disponibilidade íntima e um grau de entrega afectiva, que nem sempre são compatíveis com o tempo que o visitante tem disponível para o mesmo.
O museu de Santo Amador não se esgota na memória. Constrói-se na relação com a memória. E nessa atitude, a aldeia é o ponto de partida para a descoberta das suas gentes, dos seus ofícios, da sua paisagem, através da realidade da comunidade. O núcleo do rio é o primeiro passo de um projecto de descoberta de Santo Amador que será construído pela dignificação da sua memória e das suas gentes. Longe da monumentalidade, mas na autoridade da riqueza das suas artes. Mais do um núcleo museológico este espaço é o reconhecimento da relação entre a comunidade e o espaço que a envolve, e o assumir da preocupação pela sua perda. O projecto museológico de Santo Amador não pretende perpetuar o desaparecido, mas recuperar pequenos gestos, artes, olhares, onde à simplicidade se junta um profundo acumular de conhecimento com a idade do mundo.
É talvez o último construtor de barcos do Ardila. Nascido e residente na Amareleja, a 6 de Agosto de 1942, Manuel Asper Vitoriano, melhor conhecido por Manuel Gaudêncio, aprendeu a arte ainda jovem com o seu pai e vendo os outros barcos que “bogavam” no Ardila.
É pescador de profissão numa região de agricultores, mas abraçou outros destinos quando viver de pesca começou a ser impossível.
Foi imigrante, agricultor e, mais recentemente, formador. A ideia do núcleo do rio inspirou o olhar o rio, de novo, com os barcos. Do Ardila.
António Angélico
António Nunes da Conceição, conhecido por Mestre António Angélico, era natural de Santo Amador. Nascido a 4 de Junho de 1902. Das suas mãos saíram barcos para o Ardila e carros de bestas para a Amareleja, Safara e Santo Amador. Como se o saber de construir barcos não fosse suficiente para tratar por tu o rio Ardila, do rio tirava ainda o peixe para algum sustento, com as artes da pesca. Na sua terra natal vendia o peixe e ainda hoje não se olvidou aqui a sua fama de grande pescador. Morreu a 29 de Abril de 1972, não sem antes ter trabalhado na Ponte 25 de Abril, onde fio carpinteiro, e ensinado os seus filhos a fazer barcos.
A pesca O rio Ardila vive, entre o verão seco e prolongado, de pequenos pegos e minúsculos regatos de água, e períodos de chuvas que o tornam caudaloso, irreverente, engolindo várzeas de depósitos de aluvião e margens pedregosas. Neste inconstante correr das suas águas, e para lá da riqueza da vegetação de loendros, tamujos, tamargueiras e pilriteiros que cresce nas suas margens e mesmo no seu leito arenoso, o rio Ardila acolhe um conjunto de peixes já muito raro de encontrar noutras linhas de água. Bogas, Saramugos, bordalos, carpas, barbos, pardelhas e achigãs são algumas das espécies que os pescadores da região, com as mais diversas artimanhas, sabem apanhar e transformar em excelentes receitas de culinária. Pescadores hoje amadores, mas que em tempos fizeram da arte da pesca a sua profissão e fonte de riqueza para o seu sustento, da família e da comunidade de Santo amador.
BARRAGEM DO ALQUEVA
A Barragem do Alqueva é o maior lago artificial da Europa, com áreas inundadas até Espanha, mais de 1100 kms de margens (o litoral da costa portuguesa tem cerca de 800 kms de margens).
Serão irrigados mais de 110 000 ha de terras.
Foram gastos mais de 1 milhão de metros cúbicos de betão, foram envolvidos mais de 1100 trabalhadores só na construção da barragem.
Localizado em pleno Alentejo, o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva tem influência directa quer nos concelhos abrangidos pela albufeira de Alqueva quer naqueles que beneficiam com a instalação de novos perímetros de rega.
São 19 os concelhos do Alto e Baixo Alentejo, nas margens direita e esquerda do Rio Guadiana abrangidos por este Empreendimento
O Empreendimento desenvolve-se a partir da barragem de Alqueva, instalada no rio Guadiana, imediatamente a jusante da confluência do rio Degebe e a montante da confluência do rio Ardila.
A albufeira de Alqueva estende-se por 83 km ao longo dos concelhos de Moura, Portel, Mourão, Reguengos de Monsaraz e Alandroal e terá uma capacidade total de 4 150 milhões de m3, sendo de 3 150 milhões de m3 o seu volume utilizável em exploração normal.
No tocante à pesca embarcada, deve-se ter cuidado com os fundos, pois os terrenos são planos, o que leva a que haja muitos baixios e outros obstáculos perigosos pouco profundos. Aqui, uma sonda assume um papel preponderante não só na procura de peixe mas também no conhecimento das profundidades.
Outro factor a ter em contra é a vegetação arbustiva não aquática submersa junto às margens, que, devido ao recente alagamento, ainda provoca a perda de material.
Como a barragem é um colosso em extensão, com profundidades de centenas de metros, são muitos os tipos de pesca a praticar.
Artesanato Local
Abegoaria e Ferrador
Calçado artesanal
Cestaria
Cadeiras de buinho e Miniaturas
Ferro Forjado
Latoaria (trabalhos em cobre, zinco e bronze)
Olaria e Pintura (montinhos alentejanos e outros)
Tecelagem (peças em linho e lã, toalhas de linho bordadas, mantas, linho a metro)
Curtidores(trabalhos em couro)
Trabalhos em Xisto
Agro-alimentares
Azeite (Azeite de Moura, azeitona de mesa e de conserva)
Enchidos (Paio, paiote, linguiça, chouriço, cabeça de xara)
Vinhos (Vinho Alentejo/Moura – VQPRD/DOC)
Mel (Denominação de Origem de “Mel do Alentejo”)
Queijo (Denominação de Origem do “Queijo de Serpa”)
Águas (exploração de águas minero-medicinais)
Bolos Regionais (Porquinho de chocolate, bolo de mel, lampreia de ovos).
Pão (Pão alentejano, bolos de torresmo, popias).
Figo (Figo Passado, Passa de Uva).
IN
- "WIKIPÉDIA"
- "SITE DO MUNiCÍPIO"
- "PORTAL DE MOURA
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