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Kaputt? Berlim falha leilão de dívida
e agrava medos sobre o euro
A Alemanha não está à beira de ser vítima
dos mercados, mas fracasso é um sinal de alarme
Não foi um país periférico que dominou as atenções ontem na crise do euro, nem Itália ou França. O foco de instabilidade e desconfiança esteve na fortaleza económica da Europa: a Alemanha. O Tesouro alemão não conseguiu colocar 35% de um empréstimo obrigacionista a dez anos, ampliando os receios de que os países da zona euro fiquem paralisados por falta de financiamento. Os economistas falam de um ponto de viragem na crise.
Para uma taxa de juro média de 2% a dez anos, a Alemanha não encontrou compradores para mais de um terço dos títulos. Apesar do fracasso, o porta-voz do ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, tentou conter os estragos, defendendo que o leilão falhado não significa que a Alemanha esteja a enfrentar problemas de refinanciamento. Na ressaca do leilão, os juros a dez anos subiram para 2,25%, um valor ainda muito baixo.
No entanto, nos media online que os investidores lêem, o resultado foi encarado como um “desastre”. Apesar de ninguém admitir um cenário de crise de financiamento na Alemanha, vários analistas temem os efeitos de um fracasso da potência mais sólida da Europa na percepção que os mercados têm dos restantes países.
“Se o país mais forte da Europa tem dificuldade em conseguir capital, uma pessoa treme quando pensa nos leilões que aí vêm de outros países europeus”, apontou à Reuters Mark Grant, gestor de activos numa casa de investimento dos Estados Unidos.
O receio quanto ao significado do fracasso germânico alimentou a subida dos juros da dívida – no mercado secundário – de vários países europeus. Os juros para a Bélgica a dez anos tocaram 5,53%, o valor mais alto desde 2000. França, Espanha, Itália e Áustria foram também alvo de pressão – a tendência aponta para valores máximos na era do euro, com Espanha e Itália já em pleno território insustentável. Para Portugal o regresso ao mercado em 2013 parece, nesta altura, uma miragem.
Para vários economistas estamos num novo ponto de viragem na crise da zona euro, revelador de que o fim está menos distante: um fim em que a Alemanha cede e garante (juntamente com outros países do centro) a dívida de todos os membros do euro ou o fim de facto da zona euro. Enquanto não houver uma definição sobre o que a Europa pretende fazer, os investidores (sobretudo de fora do euro) consideram a zona euro virtualmente desmembrada. A expectativa é, contudo, que mediante a deterioração adicional a urgência do momento obrigue Berlim a ceder.
“As obrigações alemãs estão a perder poder de atractividade porque os mercados acreditam na história das eurobrigações, ou seja, que basicamente a Alemanha está muito perto de garantir a dívida dos outros países”, aponta à Reuters Achilleas Georgolopoulos, gestor no banco Lloyds.
Até agora nem a Alemanha nem o Banco Central Europeu dão qualquer sinal de abertura face ao impasse actual. A chanceler, Angela Merkel, continua a rejeitar a ideia de obrigações conjuntas – sublinhada de novo esta semana pela Comissão Europeia – e o BCE não admite ser financiador de último recurso.
O fim pode estar mais perto – falta saber quão perto. “O limite de dor do BCE e da Alemanha é muito alto e envolve receios sobre saídas do euro ou corridas aos bancos”, indicou ontem Harvinder Sian, do Royal Bank of Scotland, citado pelo “Financial Times”. Por outro lado, 75% do financiamento europeu está dentro das fronteiras do euro, uma proporção com tendência para aumentar e que dará uma almofada de tempo. “Vejo muito stresse pela frente antes da Alemanha sofrer pressão forte”, concluiu Sian.
* Por causa das asneiras da Führer Merkel ainda nos vamos lixar mais
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