HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
BCE reage à crise baixando
taxas de juro para 1,25%
O Banco Central Europeu (BCE) surpreendeu hoje
aos mercados ao anunciar uma descida das
suas taxas de juro de referência para 1,25%.
Após a tradicional reunião mensal do conselho de governadores do banco, que foi pela primeira vez presidida pelo italiano Mario Draghi, o BCE anunciou que a sua principal taxa de juro, que define os custos das principais operações de refinanciamento no Eurosistema, vai descer em 25 pontos base, de 1,5% para 1,25%. A alteração entra em vigor no dia 9 de Novembro.
A decisão é uma estreia em grande de Mario Draghi, o novo presidente do BCE, que assumiu funções esta terça-feira, e reflecte os crescentes receios de desaceleração da economia europeia.
As outras taxas de juro do BCE – quer do mecanismo de financiamento quer do instrumento de depósitos – também baixaram 25 pontos base, para os 2% e para os 0,5%, respectivamente.
O presidente do BCE irá explicar as razões por detrás da decisão do conselho de governadores na habitual conferência de imprensa, às 13h30.
A primeira decisão de Draghi à frente da autoridade monetária europeia terá sido recebida com surpresa pelos mercados, visto que a maior parte dos analistas estava a antecipar uma manutenção das taxas de juro este mês, projectando somente para Dezembro um possível alívio no preço do dinheiro.
Contudo, o agravar da crise da dívida soberana, provocado pelo anúncio de referendo na Grécia, e o risco de recessão da economia europeia terão levado o presidente do BCE a inverter o rumo da política monetária. Esta semana a OCDE cortou bruscamente as previsões económicas para os 17 Estados-membros da zona euro: em vez de crescerem 2% em 2012, o PIB dos países da moeda única deverá acelerar apenas 0,3%.
Este ano, o anterior responsável do banco central, o francês Jean-Claude Trichet, procedeu a dois aumentos das taxas de juro, do mínimo histórico de 1% para 1,5% - uma decisão que lhe valeu várias críticas, sobretudo a partir do momento em que se intensificaram os receios sobre a recuperação da economia europeia e mundial.
Agora, depois desta decisão de Draghi, os mercados aguardam com expectativa a conferência de imprensa das 13h30 para ver o que a instituição irá fazer quanto à compra de dívida pública – o instrumento que o BCE tem usado para tentar travar a escala dos juros da dívida no mercado secundário – numa altura em que o preço que os investidores pedem para comprar títulos italianos está em níveis recorde.
Antes mesmo de assumir o cargo, Mario Draghi deu a entender que iria continuar a tomar medidas excepcionais, apesar da crescente pressão por parte da Alemanha para que a instituição regressa às suas funções tradicionais. Mas até que ponto isso levará o presidente do BCE a assumir novas compras de dívida, sobretudo à Itália (o país de onde vem Draghi), é ainda incerto.
* Dinheiro um pouco mais barato dá uma ajudinha.
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