Quercus defende mecanismos
económicos para incentivar
redução de lixo
A associação ambientalista Quercus defendeu hoje que os portugueses não estão sensibilizados para a necessidade de reduzir a produção de lixo e que são necessários mecanismos económicos para incentivar comportamentos mais correctos.
Na produção de resíduos, «os portugueses ainda não estão sensibilizados, mas esta questão não se faz apenas com campanhas, faz-se essencialmente com mecanismos económicos», disse à agência Lusa Rui Berkemeier, da Quercus, referindo o exemplo dos sacos de plástico, que enquanto forem oferecidos nas lojas serão levados para casa, mesmo quando não são necessários.
Para Rui Berkemeier, que falava a propósito da Semana Europeia de Prevenção de Resíduos, que se iniciou no sábado, «o essencial são medidas que encaminhem as pessoas para os comportamentos mais correctos e que penalizem, economicamente ou de outras formas, quem não tem comportamento adequado».
Outra situação apontada pelo ambientalista relaciona-se com o facto de, em Portugal, não se pagar o serviço de recolha de lixo em função do que se produz, ao contrário do que acontece nalguns países, e da taxa ser definida em função do consumo de água, «o que não faz sentido».
Em Portugal, a produção de resíduos urbanos ronda os 500 quilos por ano por habitante, ou seja, cerca de cinco milhões de toneladas por ano, abaixo de alguns países mais desenvolvidos. Contudo, defende o especialista, para a riqueza do país «produzimos mais resíduos do que aquilo que devíamos».
«Estamos a reduzir ou estabilizar a produção de resíduos, pensamos que devido meramente à crise económica, pois os portugueses reduzem consumo e, logo, geram menos resíduos», explicou.
Dos cinco milhões de toneladas de resíduos urbanos produzidos por ano, 60 a 64 por cento (%) vão ainda para aterros sanitários, cerca de 20% para incineradoras e 18 a 19% para reciclar, uma situação que – segundo o ambientalista – mostra que «há um caminho muito grande a percorrer» na reciclagem.
«Existem metas para reciclagem de embalagens e pensamos que Portugal não vai conseguir atingir a meta de reciclagem no plástico. No vidro também está difícil de atingir», resumiu Rui Berkemeier.
As metas para reciclagem são mais ambiciosas são para 2020 e apontam para que Portugal tenha de reciclar metade dos resíduos urbanos, ou seja, tudo o que é plástico, papel, vidro metal, madeira.
«Temos de fazer um esforço completamente diferente do que temos feito até agora, quando mais de 80 por cento dos resíduos vão para aterro e para incinerar», realçou.
Rui Berkemeier referiu igualmente a parte do lixo orgânico, que considera «muito atrasada».
Portugal «não tem estado a cumprir a directiva que obriga a retirar matéria orgânica dos aterros e está a construir várias unidades de tratamento de resíduos urbanos», realçou.
* Alguém que ouça estas verdades.
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