29/09/2011


HOJE NO
"DESTAK"


VIH/Sida
Especialistas debatem futuro 
do diagnóstico e do tratamento
Especialistas reúnem-se sexta-feira para debater 
o diagnóstico e os cuidados de saúde precoces 
para a infeção pelo VIH em contexto de crise e tentar chegar ao “equilíbrio entre uma solução eficaz 
e continuada com custos comportáveis”

A explicação foi dada por Henrique Barros, coordenador da Comissão Nacional para a Infeção VIH Sida e responsável pela comissão científica da conferência, que decorre esta sexta-feira e sábado, em Lisboa.

“Vamos tentar responder a preocupações atuais como qual a realidade em que vivemos, se o caminho é de aumentar a cobertura ou diminuir. No fundo é chegar a um equilíbrio entre solução eficaz e continuada com custos comportáveis em Portugal”, afirmou.

Contudo, manifestou-se convicto de que não haverá cortes cegos nesta área, uma vez que este é “um problema prioritário de saúde pública e não pode haver diminuição da resposta”, nomeadamente na oferta de medicamentos retrovirais.

Uma das principais preocupações na atual conjuntura é a “rentabilização ainda maior dos recursos, para mais pessoas e mais cedo”, afirma.

Isto quer dizer que poderão ser necessárias mudanças, “modificar a natureza da resposta” em função da realidade.

“A perspetiva é diferente. As despesas de consumo terão que diminuir. O que deverá vir a ser definido é a percentagem e a natureza das reduções”, explicou.

No que respeita à distribuição gratuita de preservativos nos centros de saúde, Henrique Barros lembra que as necessidades de hoje são iguais às de antes, pelo que se deve manter a distribuição destes contracetivos.

Para o responsável, o possível aumento de procura de preservativos nos centros de saúde não constitui uma “ameaça” mas sim um “desafio”.

“Os responsáveis dos centros de saúde não referem ruturas de stock. Há até uma norma já com algum tempo lançada por nós através da DGS [Direção-Geral da Saúde] para garantir a sua distribuição aos infetados e às pessoas afetadas pela infeção”.

Henrique Barros afirma ainda que a política de testes do VIH, que tem vindo a ser discutida nos últimos anos, poderá ter que ser reavaliada e reajustada.

Subordinada ao tema “As prioridades do diagnóstico e dos cuidados de saúde precoces para a infeção pelo VIH no contexto de crise em Portugal”, a conferência decorre até ao fim do dia de sábado.

O primeiro painel procurará debater a dimensão e as características da epidemia em Portugal, nomeadamente o que se sabe e o que ainda é preciso saber.

O teste do VIH nas urgências hospitalares e as recomendações internacionais para as políticas e para o teste do VIH e rastreio de hepatites serão outros temas em debate.

Os conferencistas vão também procurar uma estratégia nacional para a deteção precoce das infeções e discutir quais os desafios que se colocam ao diagnóstico e tratamento de qualidade na Europa.

Além do diagnóstico precoce, estarão em foco a prevenção e o acesso universal ao tratamento, procurando simultaneamente responder à questão como consegui-lo de forma sustentável.

Segundo um relatório de 2010 sobre o VIH Sida na Europa, esta epidemia tem em Portugal “uma dimensão sem paralelo na Europa Ocidental”, com uma taxa de novos diagnósticos e um aumento do número de pessoas em tratamento muito acima da média europeia.

“Portugal é o terceiro país, quer em prevalência quer em número de novos diagnósticos anuais, na União Europeia, depois da Estónia e da Letónia”, afirma o mesmo documento.


* Não pode existir atrás de cada português um técnico de saúde para o aconselhar em prevenção. Cabe aos portugueses aprenderem e serem responsáveis, fundamentalmente educados.

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