23/09/2011

ALMORRÓIDA PESAROSA


JOSÉ NIZA


23 de Setembro, 2011
O compositor e ex-deputado José Niza morreu esta noite, informou hoje fonte da Câmara de Santarém, concelho onde residia e chegou a ser presidente da Assembleia Municipal.O poeta, compositor e produtor discográfico José Niza, hoje falecido, aos 73 anos, foi o autor de E depois do adeus, canção que viria a ser a primeira senha da revolução de 25 de Abril de 1974.
José Manuel Niza Antunes Mendes nasceu em 1939, em Lisboa, mas passou a infância e juventude em Santarém, de onde saiu aos 17 anos para ir estudar Medicina e Psiquiatria em Coimbra, cidade onde se iniciaria na música, através do fado.
Foi em Coimbra que conheceu José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Rui Pato e, em 1961, juntamente com José Cid, Daniel Proença de Carvalho, Rui Ressurreição e Joaquim Caixeiro, fundou o Clube de Jazz do Orfeu.
Nesse mesmo ano interrompeu os estudos devido à morte do pai, retomando-os apenas cinco anos mais tarde, em 1966, altura em que regressou a Coimbra e à colaboração com José Afonso.
Em 1968/69, Niza e José Afonso compuseram a música de cena para a peça A Excepção e a Regra, de Bertold Brecht, estreada no centro paroquial de Águeda, no âmbito de um curso sobre o dramaturgo alemão que houve em Coimbra. A apresentação da obra levaria ao encerramento do centro, pela polícia política do Estado Novo, a PIDE.
José Niza foi chamado várias vezes à PIDE para interrogatórios, sobretudo durante a crise académica de 1969, marcada pela greve dos alunos aos exames. Um dos hinos do movimento estudantil foi o Cantar de Emigrante, uma das mais de 300 canções compostas por José Niza.
Destacado para Angola em 1969, José Niza foi alferes-médico do Exército português e criou músicas para o disco de Adriano Correia de Oliveira, Gente de Aqui e de Agora, que viria a ser lançado em Outubro de 1971.
No ano seguinte produziu Fala do Homem Nascido, projecto conjunto com José Calvário, que compôs a música e fez os arranjos orquestrais, sobre poemas de António Gedeão. O disco conta com as vozes de Tonicha, Carlos Mendes, Duarte Mendes e Samuel, e inclui canções como Lágrima de Preta e Calçada de Carriche.
Quando assumiu a liderança da editora Arnaldo Trindade - Orfeu, passou a produzir diversos trabalhos de cantores portugueses como José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, aos quais juntaria, mais tarde, Fausto, Sérgio Godinho, Vitorino, Carlos Mendes, Fernando Tordo e Paulo de Carvalho.
Grande parte da discografia de José Afonso integra o selo Orfeu, destacando-se Cantigas do MaioEu Vou Ser Como a Toupeira (1972), Venham Mais Cinco (1973), Coro dos Tribunais(1974) e Com as Minhas Tamanquinhas (1976), entre outros, que contaram com o esforço de José Niza. (1971),
Antes de E Depois do Adeus - senha musical para o Movimento das Forças Armadas, na noite de 24 de Abril de 1974 - José Niza já tinha conquistado o Festival RTP da Canção em 1972, com José Calvário e Carlos Mendes, com o tema A Festa da Vida. De novo como escritor de canções, regressou à vitória em 1976 com Flor de verde pinho, com Manuel Alegre e Carlos do Carmo.
Após o 25 de Abril de 1974, filiado no Partido Socialista, José Niza deixou a editora Orfeu e passou a dedicar-se à política.
Deputado por Santarém à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República, durante 15 anos, presidiu a várias Comissões Parlamentares, esteve presente no Conselho da Europa durante dois mandatos e presidiu a Assembleia Municipal de Santarém (1993-2001).
Em 1985, no Parlamento, procurou defender as questões ligadas à música, participando, por exemplo, na elaboração da legislação relativa à obrigatoriedade de passagem de cinquenta por cento de música portuguesa nas estações de rádio.
Deixou de ser deputado em 1999, mas manteve-se como assessor do então presidente da Assembleia da República António de Almeida Santos.
Foi condecorado pelo Presidente da República Mário Soares, em 1994, com o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito.
Em 2008 publicou o livro A Feira Preto e Branco, que evoca a Feira do Ribatejo, com imagens de Diniz Ferreira, seguindo-se Poemas da Guerra 1969-1971, colectânea de poemas escritos durante a guerra colonial, em Angola.

IN "LUSA/SOL"
23/09/11

NR: Portugal perde um grande Homem. inteligente, discreto e acutilante. Percorreu a vida trabalhando e fazendo amigos, boa viagem seja para que sítio for.
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