O valor da palavra
“Eu sou um homem de palavra”. Eis como se deve começar, estar, viver. Tem faltado honra, por medo de o princípio matar o frenesim do que, sendo efémero, dura e atrai aplauso.
Pedro Passos Coelho mantém a candidatura de Fernando Nobre à presidência do Parlamento. Faz bem. Pelos valores que o distinguem. E o diferenciam.
O resto é acessório, mesmo irrelevante. Daquilo que persiste em Paulo Portas - procurar provar que também preza a palavra - até uma derrota de Fernando Nobre. Tal como uma vitória - improvável mas não fechada - com o voto escondido da oportunidade.
Este governo começa assim, a saber-se quem define e qual é o valor dos princípios. Repare-se no contrário: três dias antes das eleições, Paulo Portas punha em causa a participação do seu partido numa futura coligação governamental. Correu mal e finou-se a prosápia. O partido desceu em Aveiro (imagine-se o ego do génio!), o projecto não superou o ego.
Eis, exposto, o preconceito em sabor amargo: seria possível que "o rapaz de Massamá" viesse a chefiar o governo do país? Recue-se ao congresso do CDS e recupere-se António Pires de Lima, por exemplo. Entre os que zurziram em Pedro Passos Coelho. E que andam por aí, atordoados por vingar a convicção. Acreditemos que ele, o novo primeiro-ministro, possa perder outras qualidades e ganhar outros defeitos. Mas que nunca perca a honra, mesmo que ela sustente uma asneira. Como foi, e é, eventualmente, a candidatura de Fernando Nobre.
Entretanto, parece que o governo de Passos Coelho não vai ser uma extensão da comissão política do PSD. Ao contrário do que muita inteligência pensava, duvidando. Será bom, será mau? Veremos. Mas não para embalar o preconceito do CDS. Não, é mais simples do que se pensa. Serve apenas para seguir um caminho. E honrar a palavra.
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
17/06/11
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