MIGUEL PORTAS
Defendo que a renovação tem de passar pela saída dos quatro fundadores. Dois deles, de alguma forma, já o fizeram: Fernando Rosas saiu de deputado, eu saí da comissão política, fico só na Mesa Nacional. Penso que inevitavelmente, com o tempo, chegará aos outros dois. Dito isto, isso não significa que o Bloco fique órfão. Pelo contrário, a única maneira de o BE evitar isso é ter a inteligência de fazer essa renovação no tempo certo. Mas também por isso o problema não se punha como o Daniel o pôs: derrota, mau resultado, demito-me e abre as primárias para saber quem ganha. Pensar assim é não conhecer as características do partido.
Como o Louçã não há ninguém, mas o Bloco podia ser dirigido de outra forma, criativa e adaptada aos tempos novos, com uma série de quadros, com menos 30 anos, beneficiando da experiência dos mais velhos. É preciso ver que nem sempre o Bloco teve a figura do coordenador nacional.
No Bloco deixou de haver uma direcção intocável. Tem os méritos dos acertos e também a dos desacertos. Vejo isso com bons olhos. O BE, devido aos acertos, foi tendo uma espécie de democracia iluminada, e deste ponto de vista são sempre melhores as democracias que as ditas cujas iluminadas. O BE está confrontado com a absoluta necessidade de discutir. Não é possível aguentar a lógica de divisão e confronto da pluralidade que compõe o Bloco. Aconselharia um enorme bom senso dos dirigentes e dos militantes. As forças políticas são instrumentais, mas custa muito fazer forças políticas e não tentar superar os problemas de 13 anos de desgaste.
IN "i"
(EXCERTO DE ENTREVISTA)
22/06/11
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