Vergonha da pobreza afasta
171 mil portugueses do RSI
Medo do estigma da pobreza é uma das principais razões que afastam cerca de 171 mil portugueses do rendimento social de inserção (RSI) a que teriam direito. O número de pessoas que está a beneficiar do apoio, em Portugal, ronda os 400 mil, representando 4% da população total. Este valor representa apenas 70% da população que teria direito ao apoio, diz ao i o economista Carlos Farinha Rodrigues, à margem de uma conferência internacional sobre pobreza e exclusão social, ontem em Lisboa.
"Há muitas famílias que têm o direito de recorrer ao rendimento social de inserção e não o fazem porque têm medo do estigma da pobreza", defende o professor de Economia do ISEG.
Carlos Farinha Rodrigues classifica de muito positivas as características do RSI, já que a prestação em dinheiro e o programa de inserção contempladas no RSI formam um alicerce muito importante para quem vive abaixo do limite de pobreza. "O RSI é um instrumento fundamental com um efeito directo na redução da intensidade da pobreza", nota. No entanto, para o economista, "a violentíssima campanha negativa" que está a ser conduzida "contra o RSI" parece intimidar alguns portugueses com legitimidade para recorrer. "Quando fazemos as indicações sobre as causas possíveis, identificamos razões administrativas, falta de conhecimento e estigma da pobreza." A última é, segundo o economista, a que mais se enquadra na realidade portuguesa. As conclusões pertencem a uma estimativa, non-decape, baseada em inquéritos realizados a nível europeu em 2007.
As diferenças entre as zonas rurais e urbanas são, de acordo com o economista, um indicador importante: "Enquanto em Lisboa as pessoas têm vários pontos onde recorrer, no interior do país, em alguns sítios, têm de bater imediatamente na porta ao lado."
Desemprego versus pobreza Ontem a taxa de desemprego voltou a bater recordes. No terceiro trimestre de 2010, 609,4 mil pessoas estavam no desemprego. Edmundo Martinho, presidente do Instituto da Segurança Social, foi um dos moderadores do debate sobre a eficácia do rendimento social de inserção na luta contra a pobreza que decorreu durante a conferência. Em declarações ao i, Edmundo Martinho admite que "este não está a ser um ano fácil para Portugal", mas sublinha que não há uma relação directa entre o aumento do desemprego e o número de portugueses afectados pela pobreza.
IN "i"
19/11/10
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