Carlos II | ||
---|---|---|
Rei de Espanha | ||
Reinado | 17 de setembrode 1665 - 1 de novembro de 1700 | |
Nascimento | 6 de Novembro de 1661 | |
Madrid, Espanha | ||
Morte | 1 de novembro de 1700 | |
Madrid, Espanha | ||
Sepultamento | Real Mosteiro de São Lourenço do Escorial, Madrid | |
Antecessor | Felipe IV | |
Sucessor | Felipe V | |
Consorte | Maria Luísa de Orléans Maria Ana de Neuburgo | |
Dinastia | Habsburgo | |
Pai | Felipe IV de Espanha | |
Mãe | Mariana de Áustria |
Carlos II de Espanha (Madrid, 6 de Novembro de 1661 – 1.º de Novembro de 1700) apelidado «el hechizado», foi o último rei da casa dos Habsburgos a reinar sobre a Espanha, Nápoles e Sicília, senhor de quase toda a Itália excepto dos Estados Papais e da Sereníssima República de Veneza, e do império ultramarino castelhano, do México à Patagônia e que incluía Cuba e as Filipinas. Era como Rei de Nápoles e Sicília Carlos V, rei titular de Jerusalém e Rei da Sardenha e dos Países Baixos, duque de Milão, conde da Borgonha e conde do Charolais.
Carlos foi o único filho de Filipe IV de Espanha (1605-1665) e da sua 2ª esposa Mariana de Áustria (1635-1696) a sobreviver à morte do pai, tendo sucedido-lhe por sua morte. Do 1º casamento do pai com Isabel de Bourbon, apenas uma filha, mais tarde rainha consorte de França Maria Teresa, sobrevivera à infância.
Seu nascimento foi causa de grande alegria para os Espanhóis, que temiam uma disputa sucessória (que mais tarde ocorreria, por sua morte), caso o grande Filipe IV fosse incapaz de gerar um varão para lhe suceder no trono. Como à data da morte do pai era ainda muito pequeno, a mãe assumiu a regência até 1675, altura em que completou 14 anos. Aproveitando este período de menoridade se fez a paz entre Portugal e Espanha, dando-se por encerradas as guerras da Restauração, em 1668; o acordo foi firmado pelos dois regentes, o infante Pedro por Portugal (em nome do seu irmão Afonso VI) e a rainha-mãe de Espanha por Carlos.
Os sucessivos casamentos consaguíneos praticados pelos Habsburgos, dada a sua convicção de que deveriam manter o seu sangue puro, produziram uma tal degenerescência que Carlos acabaria por nascer raquítico, quase louco, impotente e com outras doenças como epilepsia - além de possuir o célebre maxilar proeminente dos Habsburgos - uma afecção chamada de prognatismo mandibular - característica da interconsaguinidade familiar, bem vísivel nos retratos do rei, ao lado). Foi ainda conhecido pelo cognome o Amaldiçoado.
Devido a este conjunto de afecções, foi incapaz de gerar qualquer herdeiro, o que ditou o nascer da Guerra da Sucessão Espanhola (1700-1713) após a sua morte. Desta forma findou o ramo espanhol da casa dos Habsburgos, nascido da divisão dos territórios de Carlos V pelo seu irmão Fernando e pelo seu filho Filipe.
Começara a governar sob a regência da mãe, e o poder caiu nas mãos inexpertas do jesuíta Nithard e do aventureiro Valenzuela. Pelo Tratado de Aix-la-Chapelle, a Espanha abandonou Flandres à França. Sua maioridade oficial em 1675 e a breve passagem ao poder de Dom João de Áustria (1677 a 1679) não puderam evitar a perda do Franche-Comté e de praças-fortes no Artois pelo Tratado de Nimègue de 1678. Satisfez a Espanha interesses franceses, em 31 de agosto e em 19 de novembro de 1679. Em 1684 de novo satisfez à França e aceitou o Tratado de Ratisbona.
Fraco, indolente, quase imbecil desde o nascimento, educado pela mãe, que seria exilada mais tarde da corte pelo jovem Dom João José de Áustria, bastardo de Filipe IV.
Casamentos
Casou em 1679 com Maria Luísa de Orléans nascida Marie Louise de Bourbon-Orléans em Paris em 27 de março de 1662, que morreria em 12 de fevereiro de 1689 em Madri, de uma peritonite. Era filha de Filipe I de Orléans (1640-1701) Duque de Orléans, conhecido ludópata e homossexual, e de Henriette Anne Stuart (1644-1670), filha do decapitado rei da Inglaterra Carlos I; era sobrinha de Luís XIV, bela e inteligente, a antítese do marido. Alegre, aficionada à música, guerrearam ela e a sogra durante os dez anos que durou seu casamento, sem filhos. Como não tinha filhos, uns versinhos corriam as ruas: «A pesar de ser extraña, / sabed, bella flor de lís, / si parís, parís a España; / si no parís, a París.»
Enviuvando, casou, atendendo a interesses austríacos, em 28 de agosto de 1689 com a princesa Ana, Mariana ou Maria Ana de Baviera-Neuberg ou do Palatinado-Neuburgo, nascida em Dusseldorf em 28 de outubro de 1667 e morta em 16 de julho de 1740 em Guadalajara. Era filha do Eleitor Palatino do Reno Filipe Guilherme de Wittelsbach-Duas Pontes, Duque da Baviera-Neuburgo, e de Isabel Amélia de Hesse-Darmstadt, a qual tinha fama de ter estado 24 vezes grávida. Era irmã de Eleonora Madalena de Neuburgo, a 2ª esposa do imperador Leopoldo I (1640-1705) viúvo de Margarida Teresa da Espanha. Outra Neuburgo casara em Portugal com o rei D. Pedro II, uma outra era rainha da Polônia, outra Grã-Duquesa de Parma.
Mariana teve sobre o marido considerável influência: desembarcou em La Coruña na primavera de 1690 e se viu logo que era robusta, ruiva, orgulhosa, de caráter impetuoso. Manteve-se seis anos em guerra contra a sogra, que morreu em 1696. Ao seu redor havia venda de informações, numerosas falsas gravidezes. Nunca tiveram filhos. O novo rei Filipe V a deixaria viver instalada no magnífico palácio do Infantado, embora ela tivesse apoiado o Arquiduque Carlos, e ali ela morreu.
Em 1689 a Espanha se aliou ao Sacro Império e às Províncias Unidas contra Luis XIV: esta Guerra da Liga de Augsburgo terminou pela paix blanche de Ryswick (1697) - mas a Catalunha fora invadida. Viu-se que era um rei fraco de corpo e espírito.
Sem posteridade, Carlos II, sabedor de que havia seis pretendentes ao trono, designou por sucessor Filipe de Anjou, instigado nisso pelo cardeal Portocarrero, arcebispo de Toledo, convencido de que o poder de Luís XIV evitaria o desmembramento do império. Por testamento, com a concordância do papa, o trono iria para o filho único de Luís XIV, o Grande Delfim, como herdeiro direto em função de ter Louis XIV casado com Maria Teresa da Espanha [1660]. Embora a Infanta tivesse assinado uma solene renúncia ao trono espanhol, incorporada ao Tratado dos Pirenéus e confirmada pelo testamento de seu pai Filipe IV, a renúncia foi considerada inválida. Louis XIV foi informado de que a renúncia era inválida porque a sucessão não podia ser afastada da herdeira legal. Ele e seu irmão o D de Orléans também figuravam na linha de sucessão por sua mãe Ana, Infanta de Espanha, que também tinha solenemente renunciado aos direitos à sucessão espanhola, renúncia essa também considerada inválida.
A sucessão e a Guerra
Tinha 39 anos ao morrer, sem herdeiros da rainha Maria Luísa de Orléans e da rainha Mariana de Neuburgo. Aberto o testamento de 2 de outubro, verificou-se ser o sucessor Filipe de Anjou, o segundo filho do Delfim da França. Em 15 de novembro de 1700, o rei Luís XIV apresentava o duque de Anjou à Corte de Versalhes como Filipe V Rei de Espanha.
Em 1701, o rei de Portugal D. Pedro II fará um tratado de aliança ofensiva e defensiva com Espanha e França. Dois anos depois, porém, «le obligaron sus inimigos a unirse con la Casa de Austria» e a fazer um tratado igual com os Aliados, inimigos das duas Coroas…
Sem comentários:
Enviar um comentário