22/10/2025

GANDAEGO

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FPB

Tenho um sentimento de tristeza porque Francisco Pinto Balsemão partiu. 

Desde a minha juventude, agora com artroses, lembro-me do seu dinamismo combatente na vergonhosa Assembleia Nacional, nas poucas intervenções permitidas escandalizar a velhada a cheirar a mofo.

Lembro do nascimento do Expresso por onde passou a fina flor do jornalismo coerente e inteligente. Lembro-me da sua figura de dandy impecável com um intenso ar depreciativo sobre as aparências e bajulações.

Nunca votei no  partido que fundou nem na 'AD' mas ele suscitava-me respeito pela obra que ao longe o via construir e consolidar. O gosto pelo futuro era um gosto que eu acompanhava na minha grande modéstia. Ele podia concretizar projectos e eu não, não tinha meios, mas como não era invejoso desejava-lhe sempre sucesso.

Percebe-se que sou um anónimo cidadão português com admiração por um homem situado a milhas de si, não tem mal nenhum nem me apouca porque sou bom naquilo que faço guardadas as devidas distâncias. Votei contra Soares Carneiro e Freitas do Amaral na disputa presidencial e dei algum do meu esforço e votos a Ramalho Eanes e Mário Soares. Era por carácter distante dum homem que admirava, sempre que falava na televisão procurava ouvi-lo ou então lê-lo nos jornais, era esta a nossa proximidade.

Acompanhei o sucesso pessoal com satisfação, quase fazia do Expresso a toalha de mesa ao fim de semana, os cadernos corriam-se a partir de segunda.

Vi o primeiro minuto da SIC e senti que o país ia mudar e irritei-me com pornochachadas que ao sábado depois da meia noite editavam para gáudio dos sexualmente incompetentes.

Depois veio a "4" mais tarde a TVI, estrumou-se com o "big brother" onde germinaram as maiores obscenidades televisivas vistas em Portugal, mas o fenómeno é global mexe com muito dinheiro e como escreveu o judeu Harari o vil metal é a maior religião do mundo, cristianismo, islamismo, judaísmo e todas as restantes  não passam de pechisbeques. 

FPB vai ficar na memória como um homem construtor de sucesso sem fazer aparentemente muitas ondas e mesmo assim os detractores são muitos e imbecis. Já no 24 de Abril era um notável do "25", ninguém lhe saca essa. Anónima e modestamente vou continuar a honrar-lhe a memória.

* Pensionista

Lisboa - 22/10/25.

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