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Os negacionistas de
igualdade de género
Recusar que os filhos tenham aulas de Cidadania é um pouco como impedir que os descendentes recebam uma transfusão de sangue por motivos religiosos. Não discutir a igualdade de género nas escolas é retrógrado. É uma imposição política.
Vamos por partes. O que se ensina na disciplina de Cidadania, que tem estado sob fogo após um encarregado de educação não ter autorizado os filhos a participarem naquelas aulas? Direitos humanos, igualdade de género, interculturalidade, desenvolvimento sustentável, educação ambiental e saúde estão entre os assuntos obrigatórios. Acrescem temáticas como sexualidade, media, instituições e participação democrática, literacia financeira e educação para o consumo, risco e segurança rodoviária. Há ainda um terceiro bloco de tópicos que abordam áreas como empreendedorismo, mundo do trabalho, defesa e paz, bem-estar animal e voluntariado.
Onde está a polémica? Na educação sexual e na igualdade do género, claro. Entendem os pais, e os que são contra a disciplina de Cidadania, que estes temas não devem ser abordados na escola, mas sim no seio da família. Talvez tenham razão, mas só os que defendem que as meninas não devem ir à escola, porque é entre a família que desenvolvem as suas competências.
É acertada a decisão do Ministério da Educação em decidir que os dois alunos que não frequentaram as aulas de Cidadania devem passar de ano, mas à condição. Embora não se perceba o que é uma passagem de ciclo condicionada. Óbvio é que os estudantes não podem ser prejudicados por uma decisão dos pais. Há várias formas de ver o Mundo. Albert Einstein via-o assim: "Tenha em mente que tudo o que aprende na escola é trabalho de muitas gerações. Tudo é colocado na sua mão como uma herança para que a receba, honre, acrescente e, um dia, fielmente, a deposite nas mãos dos seus filhos".
* Director adjunto
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS" - 12/11/21
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