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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
No rescaldo da acusação do BES, Bloco diz que é preciso “perceber como é que as campanhas partidárias foram financiadas”
Mariana Mortágua defende que é “preciso haver um trabalho de transparência, inclusive sobre o passado para perceber como é que o financiamento partidário se fez” e sustenta que “a relação entre o poder político e os grandes negócios tem que mudar”.
Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, voltou a apontar a necessidade de alterar a legislação sobre offshores,
realçando que esta deverá ser uma das principais lições a retirar do
caso da derrocada do BES/GES. No rescaldo da acusação, que constituiu 25
arguidos, a parlamentar defende ainda que deverão ser esmiuçados os
financiamentos das campanhas partidárias por grupos económicos.
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“Sabemos agora, já havia alguns indícios que o BES financiou
a campanha de Cavaco Silva, de forma indirecta. Não tenho a menor
dúvida de que esta não terá sido a única campanha que o BES financiou e
que outros grupos económicos financiaram. É óbvio que isto coloca em
causa para quem é que trabalham os políticos que gerem o país, que
interesses é que respeitam. É preciso haver um trabalho de
transparência, inclusive sobre o passado para perceber como é que o
financiamento partidário se fez e como é que as campanhas partidárias
foram financiadas”, disse Mariana Mortágua, em declarações no Parlamento
esta quarta-feira, transmitidas pela Sic Notícias.
A parlamentar
vincou ainda que “Ricardo Salgado nunca foi questionado”, frisando que
“da mesma forma como António Mexia, nunca foi questionado e Zeinal Cava
nunca foi questionado, inclusive pelo poder político”.
“Isso é uma
das coisas que pode mudar: a relação entre o poder político e os
grandes negócios tem que mudar, porque caso contrário estaremos sempre a
criar este tipo de sistema, que está minado e corrompido por natureza”,
disse.
O comentário surge depois de esta terça-feira, seis anos depois, ter sido conhecido o despacho de acusação do BES. O
Ministério Público deduziu acusação pelo “crime de associação criminosa
(relativamente a 12 pessoas singulares e 5 pessoas coletivas) e pelos
crimes de corrupção ativa e passiva no setor privado, de falsificação de
documentos, de infidelidade, de manipulação de mercado, de
branqueamento e de burla qualificada contra direitos patrimoniais de
pessoas singulares e coletivas”.
O Ministério Público acusou o
antigo presidente do BES Ricardo Salgado de 65 crimes: um crime de
associação criminosa, doze crimes de corrupção ativa no setor privado,
29 crimes de burla qualificada, cinco de infidelidade, dois de
manipulação de mercado, sete de branqueamento, oito de falsificação de
documento e um de falsificação de documento qualificado.
“É muito
importante que a justiça seja feita neste caso. Falamos de um dos
maiores grupos económicos portugueses, o maior talvez, que se enredou
num conjunto de fraudes, de alegados crimes, alguns deles que a comissão
de inquérito já conseguiu provar e que merecem ser julgados e devem ser
julgados, até por uma questão de credibilidade da própria democracia”,
afirmou Mariana Mortágua.
A deputada disse ainda que “para além
desta pirâmide, deste castelo de cartas, alimentado em fraudes, em
crimes económicos, o BES é mais do que isso. Era o grupo do regime”.
“As
maiores dificuldades da comissão de inquérito, são também as maiores
dificuldades de uma investigação deste género. A maior parte destas
operações são feitas para não serem descobertas. O que é que uma pessoa
faz quando não quer que uma operação seja descoberta? É registá-la numa offshore“, acrescentou.
* Concordamos com tudo o que a deputada dos BE afirmou. Ricardo Salgado é o grande facínora deste país, tinha poder absoluto sobre o corporativismo nacional onde foram poucas as pessoas que não foram ao beija-mão, Francisco Pinto Balsemão foi um deles, felizmente.
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