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IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
03/05/20
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A vida para além da Covid 19
A nossa resiliência não se esgota com a capacidade de resistir ao vírus mas, também, de resistir economicamente para que nada nos falte.
A
história tem-nos presenteado com pandemias ao longo dos séculos e, com
elas, os resultados dramáticos das mortes de milhares e até milhões de
pessoas em todo o mundo, permitiu-nos aprender e tomar medidas de
proteção e contenção das doenças. Por muito que custe, o isolamento
social é sempre a melhor medida aliada a protocolos de higiene. A
Madeira tem-se destacado do mundo pela forma como lidou, desde a
primeira hora, com a propagação desta doença e os resultados estão à
vista. No geral, todos têm sido heróis pela forma cívica como se têm
comportado. Todos, dando o seu contributo e cumprindo as regras,
permitirão vencer o desafio da saúde.
Mas, e a vida para além da
doença? O nosso trabalho, a nossa capacidade de nos mantermos
economicamente, a nossa sanidade mental pela ausência do convívio. Estes
começam a ser os nossos principais desafios. Podemos estar à beira do
colapso económico e social e é aqui que o governo terá um desafio
difícil e complexo de resolver. Muitas medidas de apoio financeiro foram
anunciadas a nível nacional e regional, mas quase nada tem chegado às
empresas e, consequentemente, aos trabalhadores. A frase mais ouvida
começa a ser... SE NÃO MORREMOS DA DOENÇA, MORREMOS DA CURA.
A
Administração Pública continua com processos complexos e burocráticos
que levam a uma demora tal que os momentos atuais não se compaginam. Por
isso, é preciso rapidamente pensar numa forma dos apoios chegarem
atempadamente a quem precisa. Tempo de espera para que as empresas e
famílias tenham apoio é algo que, neste momento, ninguém tem. Muitos
pensarão: “Fácil dizer tudo isto o problema é como fazer.” Tenho lido e
ouvido tantas opiniões de especialistas económicos, mas muitas são
contraditórias dificultando uma opinião formada sobre o caminho a
seguir.
No entanto, não tenho dúvidas que, poderá vir a ser necessário,
para muitas famílias, o “cheque básico” e vales de alimentação para as
despesas familiares. A fome e a impossibilidade de pagar as despesas
mais básicas como água, luz, gás e prestação/renda de casa, será,
infelizmente, uma realidade num cenário económico negro que se avizinha.
Por tudo isto só posso desejar, mais uma vez, coragem e espírito de
missão ao Governo Regional e, de uma foram geral, a todos os
Madeirenses. A nossa resiliência não se esgota com a capacidade de
resistir ao vírus mas, também, de resistir economicamente para que nada
nos falte.
P.S. Chocou-me uma análise económica cruel, pela forma
como foi colocada, que ouvi: nos países em que os lares foram dizimados
pela COVID-19 e com um alto índice de mortalidade de idosos, o sistema
de saúde e social terá um alívio considerável pois estes idosos
representavam um “peso económico”. Aí está o valor da vida humana para
muitos. Proteger todos, mesmo quem é um “fardo económico” é um principio
elementar da nossa condição humana e deve nortear sempre a nossa ação.
P.S.1-
Não me canso de enaltecer os heróis dos nossos tempos, estes são todos
os que estão na linha da frente e que de forma abnegada, profissional,
dedicada e com enormes sacrifícios de tudo fazem para que nada nos
falte. Obrigada a todos.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
03/05/20
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