HOJE NO
"DINHEIRO VIVO"
Logística de Azambuja
sem medidas adicionais para já
Unidade onde foi detetado surto de 101 infeções retoma esta segunda-feira atividade com 30 trabalhadores. Autarcas e governo vão reunir-se com CP.
O governo diz que mantém a logística de
Azambuja debaixo de olho, mas por enquanto não vê necessidade de adotar
medidas adicionais de prevenção ou contenção nas operações das empresas
localizadas no polo onde funciona a Avipronto. A unidade de abate de
abate de aves já retoma esta segunda-feira parte das operações depois de
101 dos seus 300 trabalhadores terem ficado infetados com o vírus da
covid-19.
O secretário de Estado responsável pela coordenação da resposta à covid
na zona de Lisboa e Vale do Tejo, Duarte Cordeiro, e o secretário de
Estado da Economia, João Neves, estiveram esta manhã reunidos com
representantes de 30 empresas que operam no polo onde prevalecem as
operações de distribuição dos grupos Sonae, Jerónimo Martins e Auchan,
entre outros, e ao qual afluem diariamente mais de oito mil
trabalhadores vindos de toda a Grande Lisboa.
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Segundo o governo, o surto local “justifica um olhar atento nos próximos
tempos e avaliar se se justificam medidas adicionais”, mas para já o
único passo previsto é a realização de uma reunião com a CP onde deverá
ser discutida a fiscalização da regras de dois terços de ocupação nos
transportes públicos. “No fundo, [o objetivo é] adotar um comportamento
mais pedagógico relativamente aos utilizadores dos transportes públicos,
quanto à aglomeração que existe à saída da estação e à verificação da
lotação”, afirmou o coordenador Duarte Cordeiro, após o encontro com
autarcas e empresários da zona.
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O município de Azambuja tem-se manifestado preocupado com a
possibilidade de alastramento do surto a mais unidades da grande
distribuição que serve o país, e propunha, além do reforço da oferta da
CP, que as empresas aumentassem a oferta de transporte particular aos
trabalhadores (o pessoal temporário não tem, por regra, acesso ao
transporte de empresa) e desfasassem turnos entre si. Medidas que, para
já, não estarão a ser consideradas.
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“Grande parte do transporte já e efetuado pelas empresas ou é transporte
individual por parte dos trabalhadores. Vamos acompanhar a evolução da
situação. O facto de haver aqui uma concentração de trabalhadores não
distingue este território de outros territórios do nosso país”,
justificou Duarte Cordeiro, explicando que a oferta de transporte ainda
está a ser avaliada. “Esta última semana foi a semana da abertura ao
nível dos transporte. É uma matéria que temos estado a acompanhar ao
nível nacional”.
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De resto, o governo diz que também não se justifica um rastreio alargado
entre os milhares de trabalhadores neste polo. “Quando surge um caso
numa empresa, geralmente testam-se os trabalhadores dessa empresa.
Quando não há casos, vai-se fazendo uma monitorização da saúde dos
trabalhadores. É assim que tem funcionado e é assim que continuaremos a
funcionar. Se existirem dados que avaliem a necessidade de fazer um
rastreio alargado, essas decisões são tomadas em função de nova
informação”, afirmou o coordenador regional.
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Além dos 101 casos de infeções na unidade da Avipronto, o município de
Azambuja deu conta de outros dois verificados na distribuidora espanhola
Salvesen e mais dois na transportadora Torrestir, estando a ser
realizados testes aos trabalhadores que mantiveram contato com os
funcionário infetados.
Avipronto reabre com 30 trabalhadores
Na Avipronto, as autoridades de saúde asseguram que há condições para
retomar a atividade, já a partir de hoje. “A empresa foi desinfetada, os
trabalhadores foram testados. Começou paulatinamente. Só depois é que
irá aumentar a sua atividade”, explicou Luís Pisco, o presidente da
Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.
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A unidade de abate de aves que tem como CEO o ex-secretário de Estado da
Agricultura Luís Vieira volta a abrir com 30 funcionários nas operações
de embalamento. Aos jornalistas, o ex-governante recusou hoje que tenha
havido demora no isolamento de trabalhadores após a deteção dos
primeiros casos. “Se todas as empresas fizessem o teste a 100%, não é só
aquele que dá um caso positivo e depois faz-se o rastreamento dos
contatos, haveria um princípio básico: quanto mais se procura mais de
encontra”, argumentou.
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Na reabertura da fábrica, Luís Vieira admitiu que não será possível
assegurar o distanciamento social recomendado de dois metros entre
trabalhadores, mas garantiu que todas as restantes precauções estão a
ser tomadas.
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“Tentámos fazer algum ajustamento, mas qualquer linha nas unidades
fabris tem um distanciamento de um metro, à volta disso. Se tivéssemos
de fazer um distanciamento maior, tínhamos de arranjar quase uma fábrica
de Azambuja ao Cartaxo”, defendeu.
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Além da utilização de equipamento de proteção individual e da medição da
temperatura, a empresa diz ter improvisado novas áreas de refeição que
permitirão maior afastamento entre trabalhadores com duas tendas
instaladas no local. Diz também que só entrarão na Avipronto
trabalhadores com resultado de teste negativo, mesmo que sejam
temporários entretanto recrutados.
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O CEO assegura ainda que a empresa está a procurar alternativas ao
comboio para o transporte de funcionários. “Ao estarmos a trabalhar só
com 10% estamos a ir progressivamente ver se conseguimos encontrar os
nossos meios próprios de transporte que permitam controlar melhor a
situação, uma vez que ainda não vimos a segurança total nos transportes
públicos”.
Sector da carne não preocupa
Além do surto da Avipronto, na última semana foi detetado igualmente um
número elevado de trabalhadores infetados o novo coronavírus em fábricas
de processamento de carne no Montijo. Já antes, registou-se um número
elevado de infeções numa unidade de carne da Sonae MC, em Santarém.
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O secretário de Estado da Economia, João Neves, lembrou que estes
sectores do agroalimentar estão obrigados ao cumprimento de normas mais
estritas do ponto de vista da segurança alimentar, e relacionou os
surtos localizados no sector das carnes com a dimensão das operações.
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“Os focos surgem em diversos tipos de empresas. Não devemos
sobrevalorizar a existência destes focos nalgumas destas empresas. Bem
percebemos que algumas atividades económicas de diferente tipo têm tido
quer suspensão de atividade, quer uma redução muito significativa da sua
atividade. É natural que dalgum modo, o aparecimento dos focos seja o
resultado da dimensão da atividade que temos”, defendeu.
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De resto, garantiu que há segurança para o consumo. “Não há nenhum
produto que saia de uma fábrica desta importância para a saúde das
pessoas que não tenha sido verificado. É absolutamente claro que as
regras de segurança da produção dos alimentos estão a ser mantidas”.
* Somos de opinião que a DGS deve estar muito atenta para alguns imbróglios que possam surgir por oportunismo "empreendedor"
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