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IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
05/03/20
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À margem do coronavírus...
1. A edição on-line do "The New York Times" de segunda-feira anunciava que um grupo de ativistas chineses criou um arquivo digital para, em nome da liberdade de expressão, preservar os vídeos e notícias sobre a nova epidemia de gripe alegadamente censurados pelo Governo.
Noutras paragens, em nome da economia de
mercado, meios de comunicação e redes sociais rivalizam pela primazia na
divulgação de cada novo caso de morte, contágio ou até de mera suspeita
de infeção... Em resumo, a exploração do medo parece não conhecer
fronteiras físicas, políticas ou ideológicas. E assim escasseia o tempo e
o espaço para informar, debater, refletir e atuar sobre outras
emergências que não prometam, de momento, apaixonar as audiências.
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2.
É extremamente injusta e hipócrita a indignação contra a Grécia e a
Turquia pelo tratamento desumano dos imigrantes e refugiados que,
acossados pelas guerras no Médio Oriente e pela indiferença dos estados
da União Europeia, tentam a qualquer custo atravessar a fronteira entre
os dois países. É inadiável uma resposta da Europa, eficaz e solidária.
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3.
É grave a situação vivida na Guiné-Bissau, onde a controvérsia quanto
ao resultado do escrutínio das eleições presidenciais ofereceu pretexto à
ocupação militar das sedes dos órgãos de soberania. Deste modo,
continua a faltar o esclarecimento das dúvidas alegadas, e, bem pelo
contrário, consolida-se o conflito entre pretensões inconciliáveis de
legitimidade democrática que fragilizam cada vez mais as expectativas de
estabilidade governativa de que o país urgentemente carece.
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4.
Em Timor-Leste, persiste um impasse político que dura há mais de dois
anos. Várias pastas ministeriais nunca chegaram a ser preenchidas porque
o presidente recusou a nomeação dos titulares propostos pelo
primeiro-ministro e o Governo recusou a sua substituição. Sem Orçamento,
devido à sua rejeição no Parlamento Nacional, o Governo está
demissionário. Entretanto, uma coligação partidária negociada por Xanana
Gusmão garante a maioria parlamentar indispensável à formação de um
novo Governo. Porém, o chefe de Estado assiste impassível à contínua
degradação das instituições públicas e dos projetos de desenvolvimento
de uma democracia que ainda ensaia os seus primeiros passos.
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5.
E falemos, por fim, da esperança que renasce na Catalunha, com a
abertura do diálogo, que se deseja promissor, entre Pedro Sanchez,
primeiro-ministro de Espanha, e Quim Torra, presidente do Governo da
comunidade autónoma catalã. As pesadas penas de prisão aplicadas aos
promotores do referendo e a severa repressão que o acompanhou são
incompatíveis com o quadro de convivência democrática por que a Espanha
enveredou na era pós-franquista.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
05/03/20
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