.
HOJE NO
"O JORNAL ECONÓMICO"
"O JORNAL ECONÓMICO"
Mulheres batem tachos em Lisboa
a denunciar aumento da
violência doméstica
O movimento femininista 08 de Março escolheu precisamente o Dia dos Namorados para denunciar o aumento da violência doméstica entre casais de namorados, que no ano passado totalizou 28 mortes de mulheres à mão de homens e este ano já contabiliza dois casos.
Cerca de meia centena de pessoas, na sua maioria mulheres, bateram hoje
tachos no Rossio, em Lisboa, “numa barulheira” para manifestar
indignação pelo “crescente número de feminicídios” e violência doméstica
em Portugal.
.
O movimento femininista 08 de Março escolheu precisamente o Dia dos
Namorados para denunciar o aumento da violência doméstica entre casais
de namorados, que no ano passado totalizou 28 mortes de mulheres à mão
de homens e este ano já contabiliza dois casos.
Desde que se começaram a registar estes casos, em 2005, já somam mais de 540 mulheres mortas, segundo números da organização.
Armadas
de tachos, panelas, frigideiras, tampas e colheres, as manifestantes
fizeram “muito barulho” junto à estátua de D. Pedro V, no Rossio,
enquanto entoavam ‘slogans’ como “Nem uma a menos, vivas nós queremos”,
“Mexeu com uma, mexeu com todas”, “Não são mortes, são feminicídios”.
Enquanto
isso, cerca de duas dezenas de pessoas estavam deitadas no chão, de
olhos vendados com uma faixa preta, e empunhavam cartazes com vários
dizeres, como “Amor/pobre – Patriarcado”, “Ciúmes/raiva, Patriarcado” ou
“Dinheiro/transição”.
Manifestações idênticas registaram-se também em Braga, Porto e Coimbra.
A
deputada do Bloco de Esquerda (BE) Sandra Cunha, presente na
iniciativa, sublinhou que “precisamente no Dia dos Namorados é preciso
lembrar que a violência no namoro é a antecâmara da violência doméstica e
este é o crime que mais mata em Portugal”.
“Temos, segundo os
estudos, mais de metade dos jovens que reconhecem já ter vivido uma
situação de violência no namoro e, ainda mais do que estes, que é normal
a existência de algum ato de violência no namoro”, frisou.
Sandra
Cunha destacou “os sinais de uma violência mais física que acontece
quando as coisas começam a escalar, mas, antes disso, existe a violência
verbal, a perseguição, o controlo das redes sociais, do telemóvel, dos
amigos, as exigências, o rebaixar, o humilhar”.
“São situações de
violência, são sinais graves de violência e no namoro não pode haver
violência, o namoro deve ser um ponto de refúgio de qualquer relação de
intimidade”, adiantou.
O BE considera essencial que se façam estas
manifestações para sensibilizar, para alertar, para lembrar que a
violência no namoro também é um crime público que deve ser denunciado.
Na
opinião da parlamentar, deve começar-se pelas escolas, pela
sensibilização nas escolas, avançando que há várias associações que
fazem essa pedagogia e que as próprias forças e serviços de segurança
percorrem os estabelecimentos de ensino em ações de sensibilização.
Sandra
Cunha sublinhou ainda que a Educação para a Cidadania e Igualdade deve
ser realmente implementada nas escolas, “porque só assim se ensina o
respeito, a solidariedade e se alerta para estas questões”.
A
deputada considerou que a legislação está consolidada, porém “podem ser
feitos alguns retoques e aprofundamentos na lei, mas importa fazê-los
também nas ruas, nas escolas, na sociedade”.
Opinião idêntica é
partilhada por Rebeca Moore, do movimento 08 de Março, que salienta que
“o dia dos namorados e das namoradas é importante para dar visibilidade a
um problema que é um flagelo social, como é a questão da violência de
género que se vê nos feminicídios e na taxa de aceitação da violência no
namoro entre os jovens”.
Andreia Quartau, também do movimento,
destacou que, apesar de a sociedade estar mais atenta, “a verdade é que
casos de mulheres assassinadas têm vindo a aumentar”, numa situação que é
crime público desde 2000 em Portugal.
“É um problema estrutural
da sociedade e pode ser mudado através da educação, com disciplinas de
educação sexual, prevenção e sensibilização”, frisou.
Andreia
Quartau sublinhou ainda a importância, como aconteceu hoje, de
“protestar em barulho e não em luto, porque a reivindicação é de luta e
não de luto”.
* Este blogue faz nas suas páginas um combate feroz contra a violência doméstica e damos notícia de acções de repúdio aos criminosos, uma manifestação com 50 pessoas achamos poucochinho, organizem-se.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário