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IN "EXAME INFORMÁTICA"
02/01/20
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Internet acima das
nossas possibilidades
Afinal, os preços das comunicações em Portugal são baixos ou elevados? Depende da forma como fazemos as comparações.
Um estudo da APRITEL, associação que representa as operadoras de
comunicações, gerou uma controvérsia assinável em alguns fóruns e redes
sociais. Este estudo, publicado no início de novembro, concluiu que
«Portugal está entre os países europeus com preços de comunicações
eletrónicas mais baixos, ocupando o segundo lugar do ranking». Uma
conclusão que, segundo João Cadete de Matos, o presidente da Autoridade
Nacional de Comunicações (ANACOM), contradiz outros estudos feitos a
nível nacional e internacional. Em declarações ao Expresso, a
crítica do responsável máximo pela entidade que regula as
telecomunicações em Portugal foi evidente: «é difícil entender que uma
entidade de telecomunicações esteja a tentar contrapor estudos de
entidades internacionais isentas».
Como é possível tais
diferenças? Como sabemos, os resultados dos estudos dependem muito dos
parâmetros analisados. Na análise encomendada pela APRITEL. foram (bem)
comparados preços de serviços 3P e 4P com características semelhantes
(largura de banda, por exemplo). Ou seja, os pacotes que incluem
televisão, Internet, telefone fixo e, no caso do 4P, comunicações
móveis. Quem viaja com regularidade por essa Europa fora sabe que, ao
contrário do que muitas vezes se diz, temos serviços de telecomunicações
de qualidade muito acima da média. É verdade que há ainda muitas zonas
do país com falhas, mas, no global, a infraestrutura instalada pelas
operadoras nacionais é do melhor que há no velho continente.
O
problema não está na comparação feita, está na comparação que não se
pode fazer. Se analisarmos as ofertas das três maiores operadoras
nacionais – Altice/Meo, Nos e Vodafone – concluímos que, lá para casa,
quase que somos obrigados a optar por um pacote 3P. Existem outras
opções, mas, na prática, os preços de entrada que incluem acesso à
Internet de banda larga dos três operadores de âmbito nacional anda
próximo dos €30/mês. É verdade que, para o valor pedido, a oferta é
muito vasta. Por exemplo, por este valor, consegue-se pacotes com 100
Mbps de largura de banda, 100 canais de TV e chamadas de voz quase
ilimitadas.
Ou seja, matematicamente, a oferta é boa em termos de qualidade/preço. Mas, certamente, muitos leitores da Exame Informática
preferiam ter “apenas”, por exemplo, um serviço de acesso à Internet de
50 Mbps (sem TV ou telefone) se custasse, vá lá, €10/mês. Até porque
cada vez mais os conteúdos consumidos são via Internet. E quando
analisamos o preço mínimo para acesso de banda larga nos países
europeus, “a pintura fica borrada”. Em vez do segundo lugar entre 10
países do estudo da APRITEL, passámos para um dos últimos de acordo com a
análise da Comissão Europeia (Broadband Internec Access Cost).
IN "EXAME INFORMÁTICA"
02/01/20
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