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Ferro chama PS a ajudar a combater populismo “dentro e fora da Assembleia”
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HOJE NO
"OBSERVADOR"
Costa garante que não anda "à procura
da carochinha" e que quer aprovar o Orçamento à esquerda
Líder do PS acredita que "este é o melhor Orçamento" que já apresentou e chama esquerda a aprová-lo mais uma vez. "Para quê mudar?". Ferro subiu ao palco para desafiar PS para combate ao populismo.
O jantar de Natal do PS chegou em dia de Reis, no
Parlamento, e na semana em que o Orçamento do Estado é debatido e votado
na Assembleia da República. Por isso, o líder socialista não deixou de
dizer que é com a esquerda que espera poder aprovar a proposta do
Governo. A três dias da votação, Costa já agendou novas reuniões com PCP
e BE para tentar garantir a viabilização na generalidade, ao mesmo
tempo que o PS aumenta a pressão com discursos cheios de garantias e de
avisos.
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António Costa negou que nesta legislatura exista um “PS que anda à deriva ou à procura de uma carochinha”
e garantiu que “sabe bem qual o seu campo e a sua linha de atuação” e
“quem são os parceiros e adversários”. E que o debate do final desta
semana será “a primeira demonstração clara que nesta legislatura” o PS
“não vai mudar de rumo”.
Esse “rumo”, garante, está definido desde 2014, altura em que Costa
decretou o fim do “arco da governação” confinado a PS e PSD como sua
linha no partido, abrindo caminho a acordos com o PCP e o Bloco de
Esquerda. Seguiu-se a “geringonça” que hoje já não “suscita angústias existenciais”
no PS e o socialista garante que se quer manter nesse caminho.
“Consensos alargados” só em questões concretas, como a “defesa, o plano
nacional de infraestruturas ou a descentralização”, exemplificou
referindo questões que na legislatura passada acordou com o PSD.
Quanto
a “outros domínios”, relativos à orientação política da ação
governativa”, aí Costa diz que “existem dois pólos” e que o PS lidera
“um desses pólos” e que é por aí que quer ir”. Ou seja, quer ir pela
esquerda, apontando para um “orçamento de continuidade”. “O PS sabe bem
qual é o seu campo e a sua linha de atuação. Sabemos quem são os nossos
parceiros e os nossos adversários. E se a nossa vida política
tem sido imune às derivas populistas, é porque os cidadãos sabem que
podem contar com estas alternativas políticas lideradas pelo PS, à
esquerda, e pelo PSD, à direita”.
Para Costa, esta é a
rolha que estanca uma deriva populista no país já que permite que “os
portugueses, quando querem mudar de rumo, têm em quem votar”, apontando
esse caminho ao PSD.
Já nas últimas legislativas, a indicação, acredita,
foi que “o rumo é para manter”. E aí deixou mesmo uma questão: “Se esta
política tem dado bons resultados porquê mudar? Este é a nossa linha
política, a que vamos dar continuidade neste Orçamento”, garantiu. Nunca
referiu os parceiros da esquerda pelo nome, embora tenha ficado claro
que é a eles que se refere.
Antes do líder já tinha falado a presidente do grupo parlamentar
socialista, Ana Catarina Mendes, que avisou a esquerda que seria “incompreensível”
que não estivesse na viabilização do Orçamento ao lado dos socialistas.
Desta vez, basta a abstenção de PCP e Bloco de Esquerda para que a
proposta do Governo passe, mas nenhum dos dois partidos assumiu a
orientação de voto para a próxima sexta-feira, dia da primeira votação
parlamentar do Orçamento.
“É incompreensível que este Orçamento,
que vem na sequência dos anteriores, de reposição de rendimentos e
direitos e que foram apoiados pela esquerda, ninguém perceberá que este —
que é melhor que todos os outros orçamentos — não seja apoiado pela
maioria que o povo português escolheu que continuasse liderar os
destinos do país”. Tal como Costa, também Ana Catarina Mendes recuou ao
resultado eleitoral das legislativas para lembrar a esquerda que a
escolha dos portugueses foi pela “continuidade”.
E tal como a líder parlamentar, também António Costa considerou este “o melhor orçamento”
que apresentou “até hoje”, dos cinco que contabiliza como
primeiro-ministro, o que é natural porque é fruto do trabalho dos
últimos quatro anos. E que já não está “só a repor o investimento
cortado, mas a acrescentar”.
Também garantiu que outra característica que quer manter no Orçamento
é o “rigor na gestão orçamental”, desafiando esquerda e direita a dizer
se este não é um fator importante. “Não vejo que alguém de esquerda ou
direita defenda má gestão das finanças públicas, só quem governa mal
pode defender má gestão das finanças públicas”. Isto à porta de entrarem
no Parlamento as propostas de alteração dos partidos ao Orçamento do
Estado e que o Governo teme que possam desequilibrar as contas que fez
para este ano.
“Era agora o que faltava que depois de anos a dizer
que o défice era o diabo, agora o diabo passasse a ser a falta de
défice. Precisamos de boas contas públicas para continuar a melhorar a
vida dos portugueses”, disse apontando à questão do excedente orçamental
que tem sido apontado pela oposição à esquerda e à direita como
desnecessários quando falta investimento nos serviços públicos. Nesta
matéria, Costa considera, no entanto, que a proposta de Orçamento do
Governo não está a “marcar passo” e a esse propósito dá como exemplo o
“primeiro ano de aumento para os funcionários públicos” que vê em 2020.
Ferro chama PS a ajudar a combater populismo “dentro e fora da Assembleia”
Distribuídos
pelas mesas estiveram alguns dos ministros do Governo, junto dos
deputados das respetivas áreas, como por exemplo a ministra do Trabalho e
da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, a ministra da Modernização da
Administração Pública, Alexandra Leitão, o ministro da Educação, Tiago
Brandão Rodrigues ou o ministro da Administração Interna, Eduardo
Cabrita.
Depois de um momento de tensão que provocou alguma polémica com o
líder do Chega, André Ventura, e o uso excessivo da palavra “vergonha”
no plenário, no final do ano, Ferro Rodrigues voltou ao tema da
extrema-direita e cheio de recados, pedindo com clareza à bancada
socialista que se “debata contra o populismo dentro e fora da Assembleia da República”.
O
presidente da Assembleia da República, convidado de honra do jantar
socialista, nunca nomeou o deputado André Ventura, mas disse que o
populismo também tem tido expressão “ao nível político e partidário, e
com manifestações de arruaça, de provocação e de constante desafio à
ordem democrática” e que isso “é qualquer coisa que também não se deve
deixar passar. Estou certo que o grupo parlamentar do PS será o primeiro
a debater-se contra o populismo, dentro e fora da Assembleia da
República”.
E para alertar para os perigos do populismo, Ferro citou a entrevista
de Steve Bannon, ideólogo de Donald Trump, que prevê uma revolução a
chegar à Europa. “Não devemos desprezar algumas coisas que aparecem na
comunicação social”, disse o socialista admitindo mesmo: “Não levo estas
coisas a brincar. Houve muitas coisas que aconteceram na Europa que têm
uma mão por trás. O nacionalismo já o experimentámos aqui durante
muitos anos e conduziu entre outras desgraças à guerra colonial”. E
conclui: “Não estamos interessados em voltar ao nacionalismo”.
* Não haverá de certeza "Carochinha" com quem o actual "João Ratão" do PS queira casar, flirtar sim.
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