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"O JORNAL ECONÓMICO"
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Bastonária dos Enfermeiros toma posse com alerta para SNS “em fim de linha”
A bastonária reeleita afirmou que o país está “a falhar redondamente na missão” confiada por António Arnault, reconhecido como o “pai do SNS”, e que os números da OCDE mostram que se está a “dificultar cada vez mais o acesso a um sistema que se quer universal e tendencialmente gratuito”.
Os alertas para o “tempo de emergência” que vive o Serviço Nacional de
Saúde (SNS), em “fim de linha” e a caminhar para um modelo de serviços
mínimos, marcaram hoje o discurso de posse da bastonária dos
enfermeiros.
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Numa cerimónia no Centro de Congressos de Lisboa, Ana Rita Cavaco tomou
hoje posse para o segundo mandato à frente da Ordem dos Enfermeiros, e,
no discurso perante uma plateia de enfermeiros, mas onde também estava o
secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, deixou recados e
alertas sobre os “tempos particularmente difíceis” que o SNS atravessa,
de “destruição do património histórico e cultural”, e para os quais os
novos dirigentes da Ordem “têm que estar conscientes”, tendo este
organismo a responsabilidade de conseguir ser um “garante da segurança e
qualidade dos serviços prestados”.
“O tempo é de emergência. Chegámos ao fim da linha. Não
há mais espaço para desculpas, retórica política ou guerras pessoais. É
tempo de agirmos todos na defesa de um dos maiores pilares da nossa
democracia. Os mais recentes números do relatório da OCDE sobre o estado
do setor dizem quase tudo. Em pelo menos 23 indicadores o diagnóstico é
negativo, com a população a apresentar resultados de saúde abaixo da
média da OCDE”, disse Ana Rita Cavaco.
A bastonária reeleita
afirmou que o país está “a falhar redondamente na missão” confiada por
António Arnault, reconhecido como o “pai do SNS”, e que os números da
OCDE mostram que se está a “dificultar cada vez mais o acesso a um
sistema que se quer universal e tendencialmente gratuito”.
“Chegam-me
todos os dias relatos de falhas no SNS. Esta frase não é minha, mas
podia ser. Esta frase é de Ana Catarina Mendes, líder da bancada
parlamentar do PS. O Governo tem duas hipóteses: ou resolve as questões
de saúde ou vai ser complicado justificar-se aos portugueses. Este repto
também não é meu, é de Carlos César, histórico dirigente do PS. São
dois exemplos insuspeitos do estado a que chegámos”, disse a bastonária.
Ana
Rita Cavaco disse que recusa aceitar a “realidade de reduzir o SNS ao
mínimo e construir um modelo de saúde para ricos e um microssistema para
pobres” e pediu “mais investimento e rigor na gestão”, “mais Ministério
da Saúde e menos Ministério das Finanças” e “mais ação e menos
política”, afirmando ainda, sobre o reforço orçamental de 800 milhões de
euros (ME) para a saúde aprovado na quinta-feira em Conselho de
Ministros, que “não basta atirar dinheiro para cima de um setor
desorçamentado”.
António Sales, na resposta, defendeu que “é
preciso também que se olhe para o copo meio cheio e nem sempre para o
copo meio vazio”.
“A senhora bastonária salientou aqui os pontos
negativos do relatório Health at a Glance da OCDE, recentemente
conhecido, e nesses com certeza estamos já a trabalhar para melhorar.
Também tenho umas dezenas de indicadores em que estamos melhores, em
alguns casos entre os melhores da União Europeia”, disse o secretário de
Estado da Saúde.
Insistindo que “não estará tudo bem, mas não
está certamente tudo mal”, António Sales contrariou a visão de um SNS em
“fim de linha”.
“Não diria, senhora bastonária, que estamos em
fim de linha. Creio que não só já mudámos de linha, como também já
mudámos de página. Nessa nova página contamos com os enfermeiros, com
esta Ordem, para continuar a escrever a história de sucesso do SNS. Esta
direção foi eleita com a maior votação da história da ordem o que traz
sem dúvida responsabilidades acrescidas”, disse.
Ainda sobre o
reforço de 800 ME, Ana Rita Cavaco considerou-os uma “medida positiva”
que é “também o reconhecimento” de que os enfermeiros tiveram “sempre
razão.
“Quando há quatro anos começámos a denunciar as situações
de rutura no SNS estivemos sós. O Governo dizia que eram situações
pontuais, afinal não são. O que estes 800 ME representam, e bem, é que
afinal como sempre dissemos há problemas graves a resolver no SNS e o
primeiro passo é reconhecê-los. Para a Ordem dos Enfermeiros o orçamento
de 2020 para saúde é um certificado de honra”, disse.
Na
resposta, o secretário da Saúde disse que o Governo está “a trabalhar no
acesso, no investimento e no reforço de recursos humanos” e que isso
“não são só palavras nem apenas números”.
Depois de ter iniciado a
sua intervenção a garantir aos enfermeiros e à bastonária que Governo e
profissionais estão “mesmo lado da luta” e que “é muito mais o que os
une do que aquilo que os separa”, António Sales terminou recorrendo a um
slogan da Ordem dos Enfermeiros, para garantir que “ninguém estará
sozinho”.
* António Arnault foi suficientemente sério para ser invocado de qualquer maneira, entretenham-se com a senhora de Fátima que até tem palco, azinheira, caixa das esmolas e tudo.
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