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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Ana Gomes diz que levará a
tribunal elementos sobre investimentos
de Isabel dos Santos
Para Ana Gomes, a queixa anunciada pelo EuroBic será uma forma de responder com os elementos que afirma possuir e que "só não vê quem não quer".
A ex-eurodeputada socialista Ana Gomes afirmou hoje que vai apresentar
na Justiça "todos os elementos" que possui, envolvendo as dúvidas que
tem lançado à origem dos investimentos da empresária angolana Isabel dos
Santos, caso seja levada a tribunal.
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Em
entrevista à Lusa, a antiga diplomata portuguesa afirmou que mantém
todas as acusações feitas recentemente e que já levaram o banco EuroBic a
anunciar que a vai processar, por ter dito que a instituição faz parte
de um esquema de "lavagem de dinheiro" envolvendo Isabel dos Santos. A
empresária angolana, por sua vez, entre várias críticas e acusações,
afirmou que Ana Gomes não faz prova das denúncias que tem assumido
publicamente.
"Eu mantenho tudo aquilo que disse. E disse que tenho fornecido a várias
instâncias, europeias e nacionais, muita informação que deveria levar a
questionar a idoneidade da senhora dona Isabel dos Santos", afirmou, na
entrevista à Lusa.
Para Ana Gomes, a queixa anunciada pelo
EuroBic, liderado por Teixeira dos Santos e no qual a empresária Isabel
dos Santos é acionista principal (grupo angolano BIC), será uma forma de
responder com os elementos que afirma possuir e que "só não vê quem não
quer".
"Aí eu terei o ensejo de responder em detalhe a uma e a
outra nota [processo EuroBic e críticas de Isabel dos Santos]. Mas
mantenho tudo o que disse", afirmou a ex-eurodeputada socialista, que há
vários anos crítica a liderança de José Eduardo dos Santos em Angola
(Presidente da República entre 1979 e 2017) e pai de Isabel dos Santos.
"Eu
não estou nada preocupada com a senhora engenheira Isabel dos Santos.
Eu estou, e desde há muito tempo, é preocupada com as facilidades e as
cumplicidades que a senhora engenheira encontrou para investir em
Portugal", com "dinheiro que obviamente pertencia, pertence, ao povo
angolano", disse ainda.
Em comunicado de 31 outubro, o banco
liderado por Teixeira dos Santos queixou-se das "afirmações e
insinuações" de Ana Gomes, dias antes, na SIC Notícias, por lesarem o
"bom-nome e a reputação do EuroBic, pelo que decidiu avançar com os
"procedimentos judiciais adequados com vista à salvaguarda dos seus
direitos".
Para além de considerar as afirmações de Ana Gomes
"falsas", o banco apontou também como não verdadeiro que a socialista
"tenha apresentado provas destas suas alegações, ao contrário do que
referiu no mesmo programa".
O EuroBic afirma que o que Ana Gomes apresentou foram apenas "cartas por si assinadas" sem sustentação probatória.
Essa
mesma argumentação foi utilizada num extenso direito de resposta
publicado por Isabel dos Santos, terça-feira, também no canal SIC
Notícias, em resposta às posições de Ana Gomes, insistindo que as mesmas
são feitas publicamente sem provas e sem o devido contexto, entre
outras.
Na origem da polémica está a entrevista de Isabel dos
Santos à Lusa, no dia 14 de outubro, que então garantiu que as
recorrentes dúvidas sobre a origem dos seus investimentos resultam de
"narrativa negativa", alegando que se tem endividado, para poder
investir, sem recorrer ao erário público angolano.
Questionada
pela Lusa sobre as recorrentes dúvidas sobre a origem dos seus
investimentos, a empresária angolana afirmou que está habituada a passar
por complexos processos de avaliação de idoneidade, até tendo em conta
as relações, nos negócios, com parceiros internacionais.
Enquanto
afirma ficar a "aguardar os próximos capítulos" deste caso, Ana Gomes
aponta ainda um processo que, no seu entender, não tem sido devidamente
divulgado em Portugal. Recorda que "depois de um ano e meio de
inquérito", que incluiu convocatórias a Isabel dos Santos "a que ela
entendeu nunca responder", a Procuradoria-Geral da República de Angola
instarou-lhe um processo-crime, pela transferência de 38 milhões de
dólares (34 milhões de euros) da Sonangol, concretizada após ter sido
exonerada da presidência da petrolífera estatal angolana.
Na
mesma entrevista, cinco dias antes de divulgado este processo-crime em
Angola, a empresária angolana afirmou à Lusa que aceitou liderar a
Sonangol porque era "preciso salvar" a petrolífera e não para "resolver
problemas financeiros" seus ou da família, negando ainda ter ordenado
qualquer transferência depois de afastada de funções.
Na
entrevista, Isabel dos Santos revelou pela primeira vez a cópia de um
comprovativo da ordem de pagamento para a transferência da Sociedade
Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) a favor da Mater Business
Solutions, nos Emiratos Árabes Unidos, efetivada com data de 15 de
novembro de 2017 e ordenada antes de ser exonerada.
"Eu acho que
houve um aproveitamento e má-fé por parte do meu sucessor [na Sonangol,
Carlos Saturnino], que quis em algum momento, por razões muito próprias
suas, eu acho que foram razões pessoais não foram razões empresariais,
criar um clima de desconfiança sobre a anterior gestão", criticou Isabel
dos Santos, garantindo que apesar de efetivada naquele dia, a
transferência internacional não foi imediata, tendo a ordem sido dada a
"13 ou 14 de novembro", ficando em processamento até ao dia 15 de
novembro, dia em que foi afastada.
"E nós não tínhamos a mínima
ideia que não haveríamos de continuar na Sonangol, e em que data seria
dada ordem de exoneração. Aliás, fomos apanhados de surpresa. Não era de
não esperar, porque sabíamos que talvez, possivelmente, teríamos
perdido a confiança do acionista e que o novo Governo podia ter outros
planos para a Sonangol", recordou.
Em 28 de fevereiro de 2018,
Carlos Saturnino, então presidente do conselho de administração da
Sonangol, denunciou a existência de uma transferência de 38 milhões de
dólares (34,4 milhões de euros) feita pela administração cessante,
liderada por Isabel dos Santos, após a sua exoneração.
Em causa
naquela transferência, assegura agora Isabel dos Santos, estavam
trabalhos de consultoria encomendados no âmbito da reestruturação da
Sonangol.
* Quem tem dinheiro paga a bons advogados peritos em encontrar pontos de fuga na legislação que alguns ou colegas amigos redigiram na A.R..
O voluntarismo de Ana Gomes é sobejamente conhecido bem como a sua honestidade.
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