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A nossa responsabilidade
O
Parlamento aprovou recentemente o pedido de declaração de emergência
climática. Não foi um ato simbólico porque a ameaça é real. Há hoje mais
refugiados climáticos que de guerra.
Queiramos
ou não reconhecê-lo, o aquecimento global está a acelerar e dentro de
poucos anos a Humanidade terá de lidar com fenómenos irreversíveis de
caos climático. Todos os sinais que já se fazem sentir - incêndios,
seca, redução de espécies animais, furacões e inundações - são uma
amostra e um derradeiro alerta: com o clima não se negoceia, e as
receitas atuais não servem. Taxar mais o combustível a quem não tem
transporte público aprofunda as desigualdades. A responsabilidade
individual da reciclagem não chega para travar o crescimento do
plástico. O comércio das licenças de carbono não mudou o modelo
energético.
Havendo
hoje consciência sobre esta realidade, a responsabilidade de cada
partido é apontar caminhos. Propostas para travar a degradação ambiental
acelerada e proteger o país das suas consequências. O programa para a
emergência climática, integrado no programa eleitoral do Bloco, é isso
mesmo.
O que propomos é combater as
alterações climáticas através do investimento, do emprego, e da redução
do défice externo, dotando o país daquilo que tanto faltou no passado:
uma estratégia industrial. Investir na ferrovia e na mobilidade
elétrica, a partir da produção nacional, não significa só garantir às
pessoas o direito ao transporte. Significa reduzir uma das maiores
fontes de poluição, ao mesmo tempo que se cria emprego e se fortalece o
tecido empresarial produtivo. Investir na produção renovável, e na
reabilitação do parque habitacional e edificado público, não significa
só melhorar as condições de habitação e poupar na conta da luz.
Significa orientar setores "não transacionáveis", como construção, para a
redução do défice externo. E o mesmo se aplica à agricultura, onde a
negligência das políticas públicas tem permitido uma invasão de
explorações intensivas baseadas em mão de obra barata, com consequências
dramáticas, sem debate ou discussão. As áreas de intervenção são
inúmeras, mas o importante a reter é que o país pode e deve preparar-se
para o futuro, ao mesmo tempo que cria uma economia mais produtiva,
emprego mais qualificado, e melhores condições de vida para os seus
cidadãos.
Para isso, é preciso um
Estado que invista no país, com recursos mas também com uma estratégia.
Só uma economia produtiva pode garantir a sustentabilidade das contas
públicas. E só uma produção estruturalmente diferente defenderá a
sustentabilidade ambiental do Planeta.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
09/07/19
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