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HOJE NO
"OBSERVADOR"
Procuradores querem perceber como Berardo enganou os bancos
Os bancos acreditaram que a penhora dos títulos de participação lhes dariam garantias sobre a dívida de Berardo, mas ficaram sem poder. O Ministério Público quer investigar como decorreu o processo.
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP)
está a analisar os documentos e a decisão de tribunal que permitiram ao
comendador Joe Berardo e à Associação Coleção Berardo (ACB) –
formalmente a proprietária das mais de 850 obras de arte expostas no CCB
– deixar os bancos sem poder dentro da própria associação, noticia o jornal Eco. Em causa está o processo posto por um anónimo e o facto de o seu advogado ser primo do advogado de Berardo.
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SE FOSSE SÓ O BERARDO |
Na
sequência dos créditos concedidos a Berardo, os bancos Caixa Geral de
Depósitos, Novo Banco (antigo BES) e BCP detinham um penhor sobre a
totalidade dos títulos da ACB (que supostamente lhes daria direito a
controlar as obras de arte), mas várias alterações aos estatutos da
associação e aumentos de capital (sobretudo a partir de 2016) acabaram
por lhes retirar essa capacidade, tornando inútil o penhor.
O Ministério Público pediu também a transcrição de todas as audições
do inquérito parlamentar à Caixa Geral de Depósitos (CGD). A
investigação está relacionada com o inquérito aberto há três anos sobre
os eventuais crimes de gestão danosa na CGD.
A Associação Coleção Berardo é dona das obras de arte cujos títulos de
participação foram dados em penhor da dívida de 1.000 milhões de euros
junto dos bancos, em 2008. A alteração dos estatutos da associação
efetuada nessa altura — e que reconhecia o penhor a favor da CGD, BCP e
Novo Banco — foi anulada por uma decisão do tribunal, em 2016. Pelo
menos é isto que alegam Joe Berardo e o seu advogado André Luiz Gomes,
inclusivamente na audição na comissão parlamentar de inquérito, em 10 de
maio.
Na prática, com as alteração aos estatutos de 2016 (que Berardo alega
ter sido por causa da decisão de tribunal) os bancos deixaram de ter
poder dentro da associação, ou seja, perderam os direitos de voto na
assembleia geral da instituição que podia definir o destino das obras de
arte.
O Ministério Público está agora a investigar como é que se
desenrolou este processo (que deu origem à decisão no tribunal) visto
ter sido iniciado por um anónimo (identificado pelo Eco como Augusto
Joaquim Vieira de Sousa) que tinha como advogado Gonçalo Moreira Rato,
primo de André Luiz Gomes, o advogado de Joe Berardo, refere o jornal.
Durante o processo, Joe Berardo, presidente vitalício da associação,
realizou um aumento de capital, o que fez com que o poder dos bancos
credores fosse ainda menor.
* O Ministério Público investigará muito bem mas quem tem depósitos na banca não tem possibilidade de investigar até onde vai a incompetência dos "crânios" dos bancos e ainda pagam para lá ter o dinheiro que não sabem se o recuperam.
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