02/04/2019

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HOJE NO 
"CORREIO DA MANHÃ"
Inspetor da PJM confirma ordem
.para não se fazeram rondas
.na noite do furto de Tancos

João Bengalinha disse que antes de se afastar do caso, em setembro de 2017, a sua investigação tinha já tirado algumas conclusões.

João Bengalinha, o primeiro inspetor da Polícia Judiciária Militar a deslocar-se aos paióis de Tancos após o furto, em junho de 2017, admitiu esta terça-feira ter havido cumplicidade interna e até uma ordem para não se fazerem rondas naquele dia.

Ouvido numa audição, na comissão parlamentar de inquérito ao furto de Tancos, o inspetor da PJM afirmou que, antes de se afastar do caso, em setembro de 2017, a sua investigação tinha já tirado algumas conclusões. 
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"O que apuramos foi que algumas rondas não tinham sido feitas e que houve uma tentativa de esconder [da PJM] as ordens que tinham sido dadas para [as rondas] não se fazerem", afirmou o capitão Bengalinha em resposta ao deputado do PS Ricardo Bexiga.

Quem o fez foi "o responsável pelas rondas" naquele dia, disse o inspetor da Judiciária Militar, não identificando o responsável.

O inspetor da PJM admitiu, também, a tese da cumplicidade no furto: "Com certeza, na minha perspetiva, na minha intuição e experiência enquanto investigador, diria que sim."

João Bengalinha pediu, contudo, para não responder quando o deputado do PCP Jorge Machado o indagou sobre a tese da encenação e dos alegados informadores e lhe perguntou se era normal que quem "dá este tipo de informação passe a arguido ou vá livre como um passarinho".

"Agradecia não responder a essa pergunta", afirmou, embora admitindo que não lhe parecia "muito normal que assim seja".

A uma pergunta acerca do autor de um parecer jurídico, pedido pelo Governo, sobre o confito de competências entre as duas judiciárias, civil e militar, o inspetor só respondeu à porta fechada, depois de se ter inicialmente recusado a faze-lo.

O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração de elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.

Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.

A comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos, pedida pelo CDS-PP, vai decorrer até junho de 2019, depois de o parlamento prolongar os trabalhos por mais 90 dias.

* Foi uma noite de verdadeiro patriotismo militar.

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