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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Três quartos dos portugueses
em dificuldades financeiras
Primeiro barómetro Deco sobre a capacidade financeira das famílias indica que mais de três quartos dos portugueses viverão com dificuldades.
Há 7% de famílias portuguesas que consideram viver em situação de
pobreza e 70% que manifestam dificuldades em fazer face às despesas, de
acordo com o primeiro Barómetro da Deco Proteste à capacidade financeira
das famílias. O estudo foi divulgado esta quinta-feira, véspera do Dia
Mundial do Consumidor, e tem por base a autoavaliação em inquérito onde
só 23% das famílias dizem viver sem esforço para cumprir com os gastos.
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NOS CAIXOTES 7%, 70% A CAMINHO |
O estudo, que está no ano zero e passará a realizar-se anualmente,
indica quais os gastos com mais impacto na qualidade das famílias e
aqueles aos quais estas têm maior dificuldade em responder. A habitação
é, naturalmente, prioridade, tendo o maior impacto para 74,1% das
famílias, e quase metade (46%) manifestam dificuldade em pagar rendas ou
empréstimos da casa.
Na saúde, segunda prioridade nos orçamentos
familiares, a situação é semelhante, com 45% a considerarem difícil
suportar os gastos. Em particular, as idas ao dentista são um dos itens
no consumo básico mais difíceis de acompanhar - 59% dos inquiridos no
estudo da Deco considera difícil suportar gastos com a saúde oral.
As dificuldades chegam, segundo a Deco, à alimentação, onde perto de
um terço das famílias inquiridas (32%) admite ter poucos meios para
fazer face às despesas. Para 45%, é difícil comprar carne e peixe. E 49%
indicam esforço para pagar constas da luz, água e gás.
A menor
capacidade financeira estende-se aos transportes (47%), à educação (32%)
e à cultura e lazer (47%) para boa parte dos ouvidos no estudo, que
teve uma amostra de perto de duas mil pessoas, concentradas em Portugal
continental.
Segundo a Deco, os resultados quanto à perceção de
pobreza entre os portugueses estão em linha com os indicadores
internacionais, mas surpreende sobretudo os 70% que vivem dificuldades
financeiras. Somados, há mais de três quartos de famílias em esforço
económico. Segundo a Deco, "esse é que é um número que assusta".
"Aquilo
que preocupa é que nós estamos com uma fatia que vai para a classe
média. Ou seja, não estamos apenas a falar de uma classe que sabemos que
está mais carenciada", considera Rita Rodrigues, responsável da Deco
que apresentou o estudo.
Os indicadores do Barómetro, diz, estão
também em linha com a atividade do Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado
da Deco. "Estes 7% de pobreza não são necessariamente coincidentes com o
elevado número de processos que temos de sobre-endividamento. Mas o
resultado desse nosso gabinete está também em linha com estes números.
Percebemos que cada vez mais as famílias têm dificuldade, não conseguem
fazer face aos seus créditos. Não têm sequer capacidade para pagar água,
luz, serviços públicos essenciais".
Dos cálculos do estudo,
resulta um índice de capacidade financeira das famílias portuguesas de
44,5 - onde zero representa o máximo de pobreza e 100 o pleno conforto
financeiro. Para 2019, as expectativas dos inquiridos não agravam, mas
mantêm o cenário de dificuldades - o índice de previsões para este ano é
igual.
A nível das diferenças por região, o Barómetro da Deco
aponta a região centro (45,8%) como aquela onde se regista maior esforço
das famílias para cumprir com as despesas com mais impacto na qualidade
de vida. Já no Algarve, a percentagem é a mais reduzida, de 41,1%.
A
Deco entende que este estudo se destaca por oferecer "voz" aos
consumidores, numa avaliação própria das dificuldades financeiras que
vivem que, segundo a organização, nem sempre é espelhada pelos
indicadores económicos oficiais.
* No quarto que sobra estão os políticos, grandes empresários, juízes, advogados de renome, militares de patente elevada e naturalmente banqueiros. Eis a "nata" que coloca 3/4 dos portugueses em dificuldades financeiras.
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