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Caso foi descoberto durante outra investigação por suspeita de abusos
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HOJE NO
"OBSERVADOR"
Diocese de Vila Real suspende padre
.suspeito de abusos sexuais e
.suspeito de abusos sexuais e
ordena-lhe que volte a Portugal
Padre teve um filho com uma catequista, mas a relação começou quando ela ainda era menor de idade. Hoje, está no Canadá. Diocese está a investigar e suspendeu-o, ordenando-lhe que regresse a Portugal.
O bispo de Vila Real, D. Amândio Tomás, decidiu suspender o padre Heitor Antunes, que teve um filho de uma catequista com quem se envolveu quando esta era menor,
disse ao Observador uma fonte ligada à diocese. O sacerdote exercia até
agora funções numa comunidade de emigrantes portugueses no Canadá e recebeu ordens da diocese para regressar a Portugal. Agora, está impedido de celebrar missas e sacramentos, enquanto decorre uma investigação interna.
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MAIS UM PADRE ENRABADOR? |
Segundo
explicou esta fonte, o bispo de Vila Real emitiu no início do mês um
decreto cautelar no qual era feito um pedido ao padre Heitor Antunes
para regressar a Portugal, na sequência de uma investigação eclesiástica
que está a ser feita a alegados atos de abuso sexual de menores, revelados por uma notícia do Observador. A investigação foi aberta
depois de D. Amândio Tomás ter recebido as perguntas do Observador
sobre o caso, momento em o bispo diz ter contactado pela primeira vez
com a possibilidade de Heitor Antunes se ter envolvido com a catequista
quando esta era ainda menor de idade.
Ao que foi possível saber junto de fonte da diocese, Heitor Antunes
acatou a decisão do bispo e está, neste momento, a preparar-se para
regressar do Canadá, uma vez que a diocese de Vila Real lhe deu algum
tempo para poder organizar a sua vida, cumprir os compromissos mais
urgentes que tem naquele país e preparar a viagem de regresso a
Portugal. Entretanto, o processo continua a decorrer a nível eclesiástico
— uma vez que, a nível civil, qualquer eventual crime já se encontra
prescrito —, estando nos planos da diocese ouvir a vítima em breve.
A
informação circulou internamente entre as várias paróquias de Vila
Real, algo que tem como principal objetivo alertar todos os padres da
diocese para o facto de Heitor Antunes se encontrar suspenso do
exercício público do ministério sacerdotal. Como o sacerdote não tem
nenhuma função ou serviço pastoral atribuído em Vila Real, teria de
celebrar noutros locais, necessitando sempre de autorização do pároco
local. Agora, os párocos sabem que este padre não poderá receber essa autorização.
Caso foi descoberto durante outra investigação por suspeita de abusos
A notícia do Observador, publicada há duas semanas, dava conta de que o
padre Heitor Antunes se envolveu com uma rapariga de 14 anos na paróquia
de Nogueira, Vila Real, e que manteve uma relação com ela durante
vários anos. Já maior de idade, a jovem acabou por engravidar. Apesar de
ter resistido, o sacerdote acabou mesmo por registar a criança como seu filho.
A informação chegou pela primeira vez aos ouvidos da Polícia
Judiciária durante uma outra investigação, na qual o padre Heitor
Antunes era suspeito de abusos sexuais, por, alegadamente, ter
engravidado uma menor. Durante o inquérito, os inspetores ficaram a
saber que aquela não seria a primeira vez que o sacerdote tinha um
filho. Quando a polícia pesquisou no registo civil por crianças
registadas em seu nome, encontrou este outro caso e chamou a jovem para
testemunhar. Foi aí que a mulher explicou que, desconhecendo
sobre se haveria uma outra vítima de abusos sexuais de menores, não
estranharia essa possibilidade, uma vez que também com ela a relação
havia começado quando tinha apenas 14 anos. A revelação acabou
por não ter qualquer consequência criminal — o crime já tinha prescrito
por aquela altura, pelo que não foi investigado.
O bispo de Vila
Real, D. Amândio Tomás, soube da existência daquele filho e ordenou ao
sacerdote que se dedicasse às suas responsabilidades parentais. Entre as
várias opções discutidas, a primeira foi a desistência do sacerdócio
para que Heitor Antunes pudesse cuidar da criança. Porém, o sacerdote
acabaria por ir, por sua vontade — e com a anuência do bispo
— para o Canadá, para acompanhar uma comunidade de emigrantes, num
processo que não seguiu a via normal nem passou pelo departamento da
Conferência Episcopal Portuguesa responsável pelo apoio religioso aos
emigrantes portugueses.
Está ainda por perceber se a transferência do padre Heitor Antunes
para o Canadá seguiu ou não as normas da Igreja, sobretudo numa altura
em que o Vaticano confirmou a existência de normas internas que indicam a
forma como os bispos devem lidar com casos de padres que têm filhos — regras essas que, como assinalou recentemente o cardeal italiano Beniamino Stella,
indicam que, salvo exceções “muito raras”, um padre que tem um filho
deve sempre ser dispensado do estado clerical para poder assumir as
responsabilidades enquanto pai, dedicando-se inteiramente à família.
A
investigação eclesiástica agora em curso relativa ao padre Heitor
Antunes diz respeito apenas ao eventual abuso sexual e não ao processo
da transferência para o Canadá. E os resultados serão enviados para o Vaticano em breve. As
conclusões vão ser analisadas pela Congregação para a Doutrina da Fé,
organismo da Santa Sé responsável pelo julgamento dos casos de abusos
sexuais, que indicará depois ao bispo de Vila Real os passos
seguintes — que poderão passar pela instauração de um processo canónico
no tribunal eclesiástico e na aplicação de uma pena canónica, como a
suspensão do exercício do sacerdócio. Para já, o sacerdote fica impedido
de exercer funções como medida cautelar.
* A igreja católica deve ser a organização, religiosa ou laica, que detém no seu plantel o maior número de enrabadores.
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