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ESTA SEMANA NO
"SOL"
Sobe número de escolas
que inflacionam notas
Este ano há 244 escolas secundárias, públicas e privadas, onde os professores deram uma nota três valores acima da classificação conseguida pelos alunos no exame nacional. São mais 12 escolas a inflacionar notas face ao ano passado.
O número de escolas, públicas e privadas, que inflacionam notas tem
vindo a aumentar todos os anos. As recomendações do Ministério da
Educação às escolas e os inquéritos da Inspeção Geral da Educação não
têm sido eficazes para travar a inflação das notas atribuídas pelos
professores aos alunos (nota interna).
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PROFESSORES ESFORÇADOS |
Os dados divulgados pelo Ministério da Educação revelam que
há, este ano, 244 escolas secundárias públicas e privadas, onde os
professores atribuem notas aos alunos três valores acima face às
classificações conseguidas pelos alunos nos exames nacionais, sendo este
o critério seguido pelo b,i.
O número traduz quase metade (47,8%) do
total de 510 escolas secundárias analisadas este ano no ranking do b,i.
São mais 12 escolas a inflacionar notas face a 2017, quando houve 232
escolas a seguir esta prática.
E este aumento regista-se tanto nas escolas públicas como nas
privadas. Das 244 escolas que inflacionam notas, a esmagadora maioria
continuam a ser públicas (210) sendo as restantes 34 privadas, havendo
mais dez colégios a inflacionar notas face a 2016.
A análise feita pelo b,i. teve como base as avaliações dos
professores aos alunos internos (os que frequentam as aulas o ano
inteiro) e as notas obtidas nos 22 exames. Foram consideradas as escolas
onde foram realizadas mais de 100 provas e o desvio de três valores foi
pensado tendo em conta a opinião de quatro ex-ministros da Educação
que consideram ser este o máximo aceitável.
Entre as dez escolas que mais inflacionam notas, a Secundária de
Alcácer do Sal ocupa a primeira posição. Os alunos desta escola não
ultrapassaram os 7,89 valores nos exames nacionais (numa escala de 0 a
20). Mas, em média, os professores atribuíram 13,71 valores de nota
interna. Ou seja, 5,82 valores acima da nota conseguida no exame. (ver
tabelas ao lado)
As notas com que os alunos terminam o secundário são fundamentais
para entrar no ensino superior tendo um peso entre os 50% a 65% da nota
de candidatura. Desta forma, a inflação de notas pode ser decisiva na
hora da candidatura a uma licenciatura.
Em traços gerais, os professores e diretores das escolas defendem que
a inflação de notas é uma «falsa questão». Isto porque entendem que o
«exame é apenas um momento na vida do aluno» que pode ser influenciado
por várias circunstâncias como doença, nervos, etc.
O desvio de notas foi denunciado em 2014 pelo Conselho Nacional da
Educação (CNE) – órgão consultivo do Ministério da Educação. Na altura, o
presidente do CNE, ex-ministro da Educação e agora vice-presidente do
PSD, David Justino, alertou que «os alunos que em provas de exame obtêm
resultados mais fracos tendem a ser favorecidos pela avaliação
interna».
Depois disso, em 2015, o ex-ministro Nuno Crato ordenou à Inspeção
Geral da Educação (IGEC) que analisasse eventuais «inconsistências ou
incumprimentos» e revelou, na altura, que 24 escolas inflacionaram as
notas internas dos seus alunos, de forma constante, entre 2009 e 2013.
Desse grupo, 14 eram escolas privadas e a maioria (22) do norte do
país.
Posteriormente, houve escolas que foram objeto de recomendações e de
correções de procedimentos na avaliação dos alunos. Em 2017 o Ministério
da Educação realizou 12 intervenções (quatro em estabelecimentos
públicos e oito em escolas privadas), explicou na altura fonte oficial.
Questionado pelo b,i. sobre o aumento do número de escolas que
inflacionam notas, o Ministério da Educação garante que «os fenómenos de
inflação e deflação são bastante residuais e têm suscitado intervenções
e recomendações por parte da IGEC, bem como o reforço da formação na
área da avaliação».
A inflação das notas não tem enquadramento legal e, por isso, a IGEC
não pode penalizar as escolas que sigam esta prática sistematicamente. A
inspeção pode apenas emitir recomendações e aconselhar mudanças de
procedimentos.
* Trata-se duma fraude inimputável. É uma inonestidade dos docentes.
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