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HOJE NO
"DINHEIRO VIVO"
Álvaro Santos Pereira aconselhado a não vir a Lisboa devido a estudo polémico
Governo do PS não terá gostado do teor de um estudo preliminar promovido por Santos Pereira e este foi "aconselhado" a não vir, como era hábito.
Álvaro Santos Pereira foi aconselhado a não
vir a Lisboa, à apresentação do estudo económico da OCDE sobre Portugal
(Economic Survey of Portugal 2019), depois de ter havido um “leak”, uma
“fuga de informação indesejada” de uma versão preliminar do mesmo, no
início de janeiro. O referido trabalho levantava muitas dúvidas e
críticas sobre as medidas do governo do PS para combater a corrupção e
melhorar o sistema de Justiça.
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O governo socialista não terá gostado e
Santos Pereira acabou não vir a esta apresentação sobre a economia
portuguesa, como era seu hábito, por sugestão do seu chefe, Angel
Gurría, o secretário-geral da OCDE, confirmou este último, numa
conferência de imprensa, esta segunda-feira, em Lisboa.
Santos Pereira, que foi ministro da Economia do governo PSD-CDS, estaria
a coordenar a redação desse capítulo sobre corrupção em Portugal, tendo
divulgado, na altura, nas redes sociais a sua opinião sobre o tema, num
tom algo contundente.
O atual governo do PS não terá apreciado o conteúdo do relatório
“draft”, muito menos algumas considerações públicas que Álvaro Santos
Pereira vinha fazendo há já algum tempo, nas redes sociais.
Esta segunda-feira, no Ministério da Economia, agora liderado por Pedro
Siza Vieira, foi apresentado o estudo final sobre Portugal pelo
secretário-geral da OCDE, Angel Gurría.
O “leak”
Este explicou que, de facto, depois de ter havido essa “fuga de
informação indesejada” (“leak”), “sugeri a Álvaro que não viesse a
Lisboa” à apresentação para que esta “não fosse sobre o Álvaro, mas
sobre a economia portuguesa”, confirmou o mexicano, que depois fez logo
muitos elogios à capacidade de Santos Pereira como economista e
dirigente da OCDE.
O chefe máximo de Santos Pereira desdramatizou a situação, dizendo que
“há muitas versões preliminares e uma delas provocou um pouco de
controvérsia, após um ‘leak’ indesejado e que lamentamos, mas não isso
não foi um problema irreparável, terminámos o processo normal como em
todos os países”.
Essa versão “esboço” do estudo que circulou foi noticiada na altura pelo
Expresso. Ela abordava o problema da corrupção num tom muito negativo,
dando como exemplo a Operação Marquês, que envolve o
ex-primeiro-ministro José Sócrates (que também era do PS) e outras
individualidades e ex-governantes socialistas, um dos muitos aspetos que
terá incomodado o atual governo.
“Se o relatório fosse transformado numa simples listagem de ideias
feitas, perceções e estereótipos, seria muito errado e Portugal teria de
protestar”, ripostou logo Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios
Estrangeiros, ao Expresso, quando confrontado com algumas das ideia
vertidas no trabalho preliminar da OCDE, em que Santos Pereira já estava
a promover.
Assim, segundo apurou o Dinheiro Vivo (DV), terá havido pressão do lado
de Lisboa para que Santos Pereira não pusesse os pés em Portugal, pelo
menos agora.
Gurría, o chefe máximo de Santos Pereira, não confirmou isso, mas
assumiu frontalmente perante os jornalistas que foi ideia sua que Santos
Pereira não comparecesse em Lisboa, ao contrário do que tem acontecido
(sempre que há algum trabalho da OCDE sobre a economia portuguesa).
Isto
impediu que a presença do economista português inquinasse ainda mais o
ambiente.
Há já uns meses que Santos Pereira insiste na corrupção
De facto, Santos Pereira não tem feito a vida fácil ao governo nos
últimos meses. Em maio do ano passado, numa altura em que se acumulavam
novos casos e suspeitas de corrupção dentro do anterior governo do PS,
liderado por José Sócrates, o antigo ministro do PSD entrou nesse
debate.
Na altura o Dinheiro Vivo noticiou isso mesmo. No Twitter, Santos
Pereira escreveu que “foram as políticas erradas, a corrupção e o
compadrio entre a política e os privados que nos levaram à bancarrota, à
ajuda externa e ao resgate dos bancos”.
E insistiu que “sem um combate sério contra a corrupção não voltará a
haver confiança no Estado e na política”.
Já este ano, também no Twitter, quando aconteceu o tal “leak” do
relatório preliminar da OCDE, Santos Pereira voltaria à carga na questão
de Portugal, dizendo que “sem dúvida, é mais do que tempo de tomar uma
ação eficaz contra a corrupção” e que “a falta de uma luta eficaz contra
a corrupção enfraquece a democracia, a política e o sistema de
justiça”.
O DV apurou que o ex-ministro de Pedro Passos Coelho deveria ainda
participar, esta terça-feira, dia 19, num debate da Ordem dos
Economistas, na Gulbenkian, sobre o novo estudo da OCDE e também esse
evento foi cancelado.
* É verdade, a política portuguesa está cheia de corruptos, a banca portuguesa idem, o grande empresariado português ibidem, o desporto oh,oh, Santos Pereira apenas escreveu uma verdade inconveniente.
No entanto não nos lembramos de Santos Pereira ter alguma vez falado em corrupção enquanto ministro dum governo PSD/CDS recheado de casos nauseabundos.
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