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IN "SOL"
13/01/19
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Ana (Des)Leal
Ontem fui alertada para uma reportagem que iria passar na TVI sobre
a homossexualidade e a forma como podem ser apoiadas pessoas que
solicitem apoio psicológico. Tinha uma reunião já marcada, e portanto só
vi perto da meia-noite.
Afinal, não era uma reportagem mas uma montagem de filmagens
clandestinas assinada pela jornalista Ana (Des)Leal. É verdade, alterei o
nome à senhora porque este que lhe atribuí encaixa bem no que ela
mostrou ser:
Desleal para os seus colegas jornalistas, porque usou o jornalismo
para, de forma vil talvez criminosa (os juristas o dirão), apresentar
sem autorização filmes que atentam contra privacidade dos visados. Se o
jornalismo em Portugal não ia bem e se a classe tem sofrido com isso por
ficar desacreditada, com este programa teve a cereja no topo do bolo;
Desleal para a classe de profissionais de saúde, que a partir de
ontem terão de ultrapassar a barreira do medo. Qualquer pseudo-doente,
por sua iniciativa ou instigado por alguém, pode colocar na praça
pública, patrocinado pela televisão, informação sem contexto e sem
explicação, que numa análise ligeira (a que temos, quando vemos
despreocupadamente televisão) condene ou ridicularize o profissional a
que recorreu;
Desleal para os participantes no debate, que tiveram de escolher,
perante as câmaras de televisão, entre ficar (e compactuar com um
programa que apresenta uma peça vergonhosa que atenta contra os direitos
de privacidade dos visados) ou sair (deixando espaço a que o conteúdo
apresentado ficasse a mercê da manipulação da informação sem
contraditório);
Desleal para os homossexuais e para os heterossexuais. Aparentemente,
o dito Carlos (corajoso para cometer o delito de filmar às escondidos
mas cobarde para se mostrar) considera-se homossexual e não aceita que
um seu amigo ou amante se considere heterossexual. Por raiva ou
instigado por alguém, decidiu vingar-se. Não sei se esta análise está
certa nem isso interessa, já que as filmagens são ilegais e portanto só
servem para perturbar. Sei que qualquer pessoa casada e com filhos pode,
de um dia para o outro, ‘sair do armário’ para se ‘assumir’ homossexual
– e, se precisar, poderá e deverá ter apoio psicológico. Já alguém que
queira voltar a ‘entrar no armário’, por sentir que afinal se considera
heterossexual, terá grandes dificuldades em encontrar apoio psicológico e
fica sujeito à vingança e à condenação pública;
Desleal para todos nós, que temos televisão em casa e estamos por
isso sujeitos a ser confrontados, ainda por cima num horário nobre, com
programação do mais rasca que já vi.
Tudo isto é muito triste e infelizmente é pouco provável que a
jornalista responsável queira ou seja obrigada a corrigir de alguma
forma o mal que fez. Resta a esperança de que um dia se arrependa.
Entretanto, tem a seu favor o facto de ter atacado a Igreja Católica e
uma psicóloga católica – e, por essa razão, sei que a esta hora já está
perdoada enquanto pessoa. Deverá haver justiça mas não haverá nem raiva
nem rancor.
IN "SOL"
13/01/19
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