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* Professor Catedrático
IN "O JORNAL ECONÓMICO"
18/01/19
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Andaluzia:
os esqueletos nos armários
de Susana Díaz
Por agora, é tempo para voltar a lembrar um das frases de Lord Acton. Dizia assim: o poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente.
Desde o regresso do regime democrático a
Espanha que a Andaluzia tem sido dominada pelo PSOE. Uma onda
socialista que terminou após o último ato eleitoral, pois o partido de
Susana Díaz venceu com maioria relativa e não encontrou parceiros que
garantissem a maioria absoluta no Parlamento. Ao contrário do segundo
partido mais votado, o PP, que se aliou com o Ciudadanos e beneficiou do
apoio do populista Vox.
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À primeira vista, esta situação nada teria de anormal. A vitória nas urnas não é sinónimo de direito a formar Governo. Basta ver o que se passou em Portugal com Passos Coelho. O apoio maioritário do Parlamento passou a ser o critério. Mesmo continuando a haver quem levante a questão da legitimidade. Coisa diferente de legalidade.
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No entanto, a transição de poder em curso na Andaluzia promete ser tempestuosa. Depois de tantos anos no poder, o PSOE viu-se obrigado a abrir os armários que tão ciosamente tinha mantido fechados a 36 chaves. Tantas como os anos em que foi dono e senhor da vida na região.
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Ora, a fazer fé nos primeiros esqueletos que saíram dos armários socialistas, a sensação de impunidade atingiu níveis alarmantes. A antiga presidente já admitiu a existência de 3.405 empregados não contabilizados e de 148 contratos de “alta dirección en empresas y agencias públicas”. Com a agravante de haver 2.137 funcionários designados “a dedo”. A cunha e o compadrio dispensaram o concurso.
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Números que não permitem dúvidas sobre a existência de uma administração paralela da responsabilidade do Governo Regional. A forma encapotada de dar emprego aos seus apoiantes. Aquilo que habitualmente se designa por “jobs for boys”, independentemente do sexo dos contemplados. O cartão partidário como chave que abre as portas do mercado.
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Um mercado que nem sempre foi de trabalho. Que o digam algumas figuras regionalmente graúdas do PSOE que receberam verbas avultadas sem que alguma vez tenham sido vistos nos pretensos locais de trabalho. Sem esquecer que a Fundación Andaluza Fondo de Formación y Empleo está a ser investigada pela justiça devido ao possível desvio de fundos públicos para clubes de alterne. Algo que traz à memória a famigerada acusação do antigo presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem.
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Face aos esqueletos já expostos, não admira que o Governo liderado por Juan Manuel Moreno tenha decidido mandar fazer uma auditoria integral à Cámara de Cuentas de Andalucía. Uma tarefa a cumprir nos cem dias iniciais de governação.
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Uma auditoria aguardada com expectativa e ansiedade. Expectativa para perceber a real dimensão da administração paralela. Ansiedade ou nervosismo porque 36 anos no poder geraram uma longa teia de interesses. Depois da responsabilidade política é altamente provável que chegue a vez de os interesses civis serem chamados à pedra.
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Por agora, é tempo para voltar a lembrar um das frases de Lord Acton. Dizia assim: o poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente.
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O desempenho de Susana Díaz e do PSOE da Andaluzia já lhe reconheceu razão.
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À primeira vista, esta situação nada teria de anormal. A vitória nas urnas não é sinónimo de direito a formar Governo. Basta ver o que se passou em Portugal com Passos Coelho. O apoio maioritário do Parlamento passou a ser o critério. Mesmo continuando a haver quem levante a questão da legitimidade. Coisa diferente de legalidade.
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No entanto, a transição de poder em curso na Andaluzia promete ser tempestuosa. Depois de tantos anos no poder, o PSOE viu-se obrigado a abrir os armários que tão ciosamente tinha mantido fechados a 36 chaves. Tantas como os anos em que foi dono e senhor da vida na região.
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Ora, a fazer fé nos primeiros esqueletos que saíram dos armários socialistas, a sensação de impunidade atingiu níveis alarmantes. A antiga presidente já admitiu a existência de 3.405 empregados não contabilizados e de 148 contratos de “alta dirección en empresas y agencias públicas”. Com a agravante de haver 2.137 funcionários designados “a dedo”. A cunha e o compadrio dispensaram o concurso.
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Números que não permitem dúvidas sobre a existência de uma administração paralela da responsabilidade do Governo Regional. A forma encapotada de dar emprego aos seus apoiantes. Aquilo que habitualmente se designa por “jobs for boys”, independentemente do sexo dos contemplados. O cartão partidário como chave que abre as portas do mercado.
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Um mercado que nem sempre foi de trabalho. Que o digam algumas figuras regionalmente graúdas do PSOE que receberam verbas avultadas sem que alguma vez tenham sido vistos nos pretensos locais de trabalho. Sem esquecer que a Fundación Andaluza Fondo de Formación y Empleo está a ser investigada pela justiça devido ao possível desvio de fundos públicos para clubes de alterne. Algo que traz à memória a famigerada acusação do antigo presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem.
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Face aos esqueletos já expostos, não admira que o Governo liderado por Juan Manuel Moreno tenha decidido mandar fazer uma auditoria integral à Cámara de Cuentas de Andalucía. Uma tarefa a cumprir nos cem dias iniciais de governação.
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Uma auditoria aguardada com expectativa e ansiedade. Expectativa para perceber a real dimensão da administração paralela. Ansiedade ou nervosismo porque 36 anos no poder geraram uma longa teia de interesses. Depois da responsabilidade política é altamente provável que chegue a vez de os interesses civis serem chamados à pedra.
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Por agora, é tempo para voltar a lembrar um das frases de Lord Acton. Dizia assim: o poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente.
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O desempenho de Susana Díaz e do PSOE da Andaluzia já lhe reconheceu razão.
* Professor Catedrático
IN "O JORNAL ECONÓMICO"
18/01/19
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