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IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
01/01/19
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2019 – Investir para o Futuro
Este artigo é publicado no primeiro dia útil do ano. Celebrámos a chegada de 2019 com um primeiro dia feriado (um dia "inútil", mas muito desejado!) e com desejos de felicidade para o novo ano, misturados com alguma cautela.
A minha resolução de ano novo é encarar o futuro com confiança. Na
esperança de que essa confiança se traduza em investimento em 2019 – e
refiro-me a investimento em geral, não apenas público nem apenas
privado.
Vamos a um ponto de
situação para antevermos o que nos espera? O ano de 2018 encerrou com as
bolsas nervosas, em trajetória descendente, embora nos últimos dias
dando sinais de recuperação. O mercado nacional deverá continuar
influenciado pelo que se passa nos mercados mundiais. Estes, por sua
vez, têm estado dominados por duas variáveis concretas: Expectativas de
aumento de taxa de juro (em consonância com o que se espera da política
monetária do FED e do BCE) e receio de abrandamento do crescimento
económico.
Estas expectativas não são alheias a fatores
geopolíticos internacionais, como o comportamento errático e as ameaças
que pairam sobre a administração americana, a permanente tensão
comercial entre os Estados Unidos e outros blocos comerciais
(particularmente a Europa e a China), o maior gradualismo no
crescimento económico da China (sem prejudicar o seu posicionamento nas
grandes empresas mundiais) e movimentos de natureza populista e
separatista, com destaque para a "big mess" que é o Brexit.
Para
as empresas Portuguesas, do calçado ao turismo, passando pela
metalomecânica, estes efeitos acarretam necessidade crescente de
inovação e criatividade. As notícias vindas dos mercados mundiais
constituem um enorme desafio que, espera-se, a capacidade criativa dos
empresários portugueses saberá enfrentar. Alguns dos maiores mercados de
destino de empresas portuguesas estão em disrupção: veja-se alguma
instabilidade em Espanha, incerteza na Alemanha, crise a diversos níveis
em França e a "big mess" em Inglaterra, como já
referi. Maior base exportadora, mais empresas exportadoras,
diversificação de mercados e capacidade de assunção de risco
precisam-se, tal como políticas públicas cada vez mais alinhadas com
estas realidades. O Investimento constituirá necessariamente a variável
chave de ajustamento, tendo em atenção a baixa taxa de poupança e o
ainda elevado nível de endividamento.
Espera-se que 2019
traga um acréscimo de Investimento público, em resultado, aliás, do
trabalho de consolidação orçamental que tem vindo a ser levado a cabo. A
natureza desse investimento público deverá considerar um equilíbrio
entre prioridade para infraestruturas de maior visibilidade ao serviço
das populações – saúde e transportes constituem exemplos mediáticos
óbvios – e investimento com características reprodutivas, como é o caso
da educação, com o intuito de melhorar estruturalmente o acesso a
profissionais qualificados e mão de obra especializada.
2019
é, também, ano de eleições, pelo que se espera contestação social, com
greves e reivindicações. Não deixa de ser importante que Portugal
continue a ser visto como um bom destino para investimento e com um
nível moderado de conflitualidade social e risco. Nesse sentido, a
aposta pública, que já conhecemos, de redução de dívida (recorde-se o
reembolso total da dívida ao FMI), continuará a marcar presença, mesmo
que com algum sacrifício de crescimento no curto prazo.
Temos
364 dias pela frente para fazermos de 2019 um ano, de facto, feliz.
Para além de estar atenta a tudo aquilo que não temos e que devia ser
melhor (e é certo que há muito a melhorar!), irei buscar energia ao
"lado B" da nossa vida: saboreando os dias em que estiver sol, em que
nos rimos, em que nos sentimos com saúde, em que lemos um bom livro e
almoçamos bem, em que vivemos em paz. Não podemos evitar completamente a
incerteza e alguma imprevisibilidade – é assim a vida, faz parte do seu
charme – mas temos de nos munir de confiança e coragem para enfrentar
novas exigências. Nesse sentido, nada como apostarmos na nossa maior
capacitação. Assim se gera confiança. Investir hoje para colher mais
tarde, sim, há que tentar.
PS – Feliz Ano Novo! Com saúde, alegria e paz. Tudo o resto vem por arrastamento...
Dean do ISEG - Lisbon School of Economics & Management - Universidade de Lisboa
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
01/01/19
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