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IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
30/11/18
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A miragem centralista
No
passado dia 13 a Associação Comercial do Porto apresentou publicamente
um estudo, encomendado à Universidade do Minho, coordenado pelo Prof.
Fernando Alexandre, dedicado às Assimetrias e Convergência Regional -
Implicações para descentralização e desconcentração do Estado em
Portugal.
O estudo demonstra
algumas evidências, já conhecidas, conferindo-lhes suporte com base em
dados sólidos e avança com outras de enorme relevância, devolvendo-nos a
imagem de um país centralizado e desigual.
Uma
das dimensões analisadas no estudo é a relação entre economia,
população e qualificações. Não há, como o sabemos, desenvolvimento
económico e capacidade competitiva no seio de uma economia do
conhecimento global sem gente qualificada, pessoal e profissionalmente,
tal como não há democracia.
O país fez
nas últimas décadas enormes progressos no domínio da educação e do
Ensino Superior. Este é um facto que nos orgulha e deve ser reconhecido.
Mas há, também, nesta dimensão, profundas assimetrias regionais que
sinalizam um sintoma e prenunciam problemas.
Tomando
por foco de análise as NUTS II - unidades territoriais (UT) -, durante o
período de recessão pós-crise (2008-12) e o período de recuperação
(2012-16), objetiva-se que a UT Norte apresenta o PIB per capita (pc)
mais baixo face à média nacional. Numa focagem mais estreita (NUTS III),
percebemos que a evolução entre 2008/16 foi desigual. A Área
Metropolitana de Lisboa mantém, mesmo em queda, o PIB pc mais elevado a
nível nacional, sendo 135% superior ao mais baixo, a UT Tâmega e Sousa.
Apesar
do incremento significativo da Indústria transformadora (3.0º lugar nas
NUTS III), do seu esforço e capacidade exportadora, o Tâmega e Sousa é a
região que apresenta níveis de qualificação mais baixos nos
trabalhadores - média de 8,2 anos de escolaridade vs. 10,2 média
nacional (m.n.) e destes só 8,8% são diplomados (19% m.n.) - bem como
nos gestores diplomados - 21% (47% m.n.).
O Tâmega e Sousa perdeu
população (-17%) e, tal como outras regiões, assistiu à fuga de recursos
humanos para centros mais atrativos.
Há um ciclo trágico que se autoalimenta num país apertado pela miragem centralista.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
30/11/18
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