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IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
09/12/18
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O PSD a endireitar
ou a entortar?
O PSD está preocupado com a ameaça populista, que pode entrar-lhe pela casa dentro. E o seu líder deve ter mais esta preocupação.
Há uma guerra estranha a acontecer no PSD. É aberta. Mas é também,
como todas as lutas dos partidos, privada e codificada. Os jornalistas
tentam chegar-lhe, mas a maior parte das vezes acabam a fazer parte da
batalha, a ser arma de arremesso ou a difundir interesses. Até de forma
involuntária. Um partido, às vezes, é como um convento, e o que lá se
passa sabem os que lá estão.
Aquilo por que o PSD passou daria
cabo da sanidade de qualquer partido: ganhou eleições e não foi governo,
tendo governado o país numa crise, foi para a oposição em tempo de
vacas gordas, o líder eleito era como a coroa da cara que o liderava
antes, e levou com uma bancada parlamentar escolhida pelo antecessor...
Acrescentam-se
características do novo líder, complexas na liderança de um partido que
precisava de mobilizar-se, difíceis para relações com a imprensa,
perigosas num mundo mais a preto e branco: Rui Rio é um homem
ensimesmado, pouco preocupado com o que acham dele. Ou pelo menos pouco
preocupado em mostrar-se preocupado. Isso levou-o a frases desastrosas e
timings menos do que perfeitos, tirou-lhe margem de manobra nos media e
cortou-lhe a capacidade de marcar a agenda. Algo essencial numa
oposição feita de fora do Parlamento.
Os críticos não perdoaram o corte que Rio fez com a anterior direção,
e tornaram-se ferozes e com eco mediático. Isso levou a mais críticas
ao jornalismo - numa deriva com cada vez mais consequências, numa cadeia
de causa-efeito. Agora, estamos à beira de eleições. A hipótese que
mais parece agradar aos críticos é uma derrota forte do PSD, e a vinda
de um messias para salvar o partido.
Velho ou novo. Mas talvez os
críticos não estejam a avaliar bem os efeitos que uma derrota estrondosa
pode ter para o partido, sobretudo nestes tempos difíceis para a
direita, na Europa e no mundo. Ou talvez estejam a ver bem. Mesmo muito
bem.
Na entrevista DN/TSF, Paulo Mota Pinto, o presidente da
comissão de honra da candidatura de Rui Rio, fala do tema, que é a razão
por que a guerra no PSD transcende o partido e pode afetar-nos a todos.
Nos Estados Unidos, no Brasil e nos países de leste não foi a esquerda a
culpada pela entrada das tendências perigosas e populistas. Foi
precisamente à direita que isso aconteceu. Esses movimentos ganharam
espaço enfraquecendo a direita cosmopolita e aberta.
Paulo Mota
Pinto atira todas as culpas aos críticos que degradam o ambiente do PSD e
abrem a porta a essas tendências. Acontece que Rui Rio é que está ao
leme. E, como qualquer homem nessa função, será ele a ser julgado, pelo
seu partido, nessa liderança, pelos eleitores, tendo em conta o projeto e
as ideias que apresente, e pela História, por tudo o que acontecer à
direita - e ao espetro político português - no seu tempo. Que nenhuma
vertigem solipsista lhe ensombre esta dura, mas clara, realidade.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
09/12/18
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